COP de Belém deve resolver pendências criadas na COP de Dubai

Vista de Belém com arte da COP30 (Reprodução/Wirestock)
Daleth Oliveira – Da Revista Cenarium Amazônia

BELÉM (PA) – A eleição de Belém (PA) como a sede da Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas de 2025, a COP30, foi oficializada nesta segunda-feira, 11, pela cúpula da COP28, em Dubai. Agora, a expectativa é de que as pendências deixadas no evento dos Emirados Árabes sejam resolvidas daqui dois anos, no Brasil, afirma o ambientalista do Pará Carlos Augusto Ramos.

Acredito que a COP30 deverá resolver pendências que foram criadas nesta COP28. A primeira pendência para resolver é saber o quanto será efetivo, daqui dois anos, a execução do fundo de perdas e danos dos países vulneráveis, isto é, aqueles que mais sofrem pelas mudanças climáticas, que foi aprovado em Dubai. Ano que vem deverá ter algum ajuste, mas será na COP30 que teremos o amadurecimento dessa discussão. E um País como o Brasil, que tem municípios muito pobres e que deve receber recursos nessa reparação histórica, será visto como um tira-teima em 2025“, avalia o engenheiro florestal.

Ambientalista Carlos Augusto Ramos comenta sobre futuro da COP em Belém (Reprodução/Arquivo Pessoal e Agência Pará)

O intuito do novo fundo é ajudar as nações pobres a lidar com desastres climáticos causados pelos países mais ricos. Os Emirados Árabes anunciaram uma contribuição de US$ 100 milhões e, em seguida, a Alemanha também anunciou uma contribuição de US$ 100 milhões ao fundo. Japão e Reino Unido também doaram US$ 10 milhões e US$ 75 milhões, respectivamente.

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Combustíveis fósseis

O uso dos combustíveis fósseis também deve ser outro tema chave da conferência em Belém. “A segunda pendência será quanto ao fim do uso dos combustíveis fósseis. A COP28 está marcada por contradições desde o início, com um presidente da conferência sendo um empresário do setor petroleiro. Além disso, houveram denúncias de negociações em volta do petróleo, inclusive, para adiar acordos quanto ao uso de combustíveis fósseis. E o Brasil, nesse sentido, apesar do grande avanço no combate ao desmatamento, deu uma fragilizada no seu discurso ao anunciar que faria parte da OPEP+. Sobre isso, demos um passo atrás“, analisa o ambientalista.

O texto principal da COP28, cuja expectativa era que trouxesse um acordo global pela eliminação dos combustíveis fósseis, foi divulgado na tarde desta segunda-feira, 11, sem uma menção clara pelo fim dos fósseis. Sobre isso, a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, disse que o Brasil não aceitará nenhum texto que não trate da importância de “tirar o pé do acelerador” do uso de energias “sujas”.

Marina Silva na COP de Dubai (Frame/COP28/United Nations Climate Change)

A métrica de sucesso dessa COP vai depender da linguagem em relação a combustíveis fósseis. Queremos que os resultados que vamos ter até o fim das negociações sejam no sentido de sermos coerentes com a missão que a ciência está dizendo que temos que assumir, a missão do 1,5 °C”, disse a ministra em Dubai.

Para Augusto Ramos, falhas como essa não poderá se repetir em 2025. “Na COP30, precisaremos mostrar que, de fato, será um ano de mudança, porque se isso não se concretizar, ainda mais por ser uma COP na Amazônia, nós da sociedade civil, sairemos com muita desilusão. E precisamos ser participativos, o povo da região precisa estar presente e notificar as necessidades às autoridades que estarão discutindo as políticas ambientais“, declara.

Oportunidades

De acordo com o Ministério das Relações Exteriores (MRE), o evento na capital paraense será realizado entre os dias 10 e 21 de novembro. Logo após o anúncio oficial, a ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima e chefe da delegação brasileira na COP28, Marina Silva, anunciou formalmente também que a COP30 será realizada em Belém.

Para Daniel Nardin, cofundador do Instituto Bem da Amazônia e Amazônia Vox – plataforma voltada a freelancers de comunicação em cobertura da região amazônica –, a confirmação da realização da COP em Belém é motivo de comemoração, principalmente, para os profissionais da região que devem receber boas e novas oportunidades de emprego devido à conferência.

Todas as áreas devem ter o incremento e uma alta procura para os nove Estados da Amazônia Legal. Isso já começou meses atrás, quando foi confirmada a candidatura de Belém para sediar a COP30. Mas essa demanda deve crescer ainda mais na área da prestação de serviços de diversos setores econômicos antes do evento e para o evento em si“, analisa Nardin.

Daniel Nardin é cofundador do Amazônia Vox (Alice Vergueiro/Jeduca)

Além disso, o jornalista ressalta que a COP também será oportunidades de negócios futuros, isto é, para depois da conferência, principalmente, com projetos de áreas ambientais. “A COP não trará apenas as oportunidades para a realização do evento, mas também oportunidades futuras. Isso porque a COP é uma oportunidade de fechar acordos, e portanto, temos dois anos para produzir projetos na área ambiental, desenvolvimento sustentável, novas tecnologias e inovação e afins. É o grande momento para os produtores de conhecimento da Amazônia“, explica.

Diante dessa tendência, é importante que todos estejam prontos para a COP30, porque serão dias que Belém vai receber muitos líderes com poder de decisão e com recursos para aplicar em projetos na e para a Amazônia“, finaliza Daniel Nardin.

Leia mais: Congresso avalia vetos que expõem povos isolados ao extermínio, diz advogada indígena na COP28
Editado por Jefferson Ramos
Revisado por Adriana Gonzaga
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