Corpo de Dança do Amazonas se apresenta pela 1ª vez no Rio de Janeiro

Apresentação do Corpo de Dança do Amazonas (CDA) (Michael Dantas/CDA)
Da Revista Cenarium Amazônia*

RIO DE JANEIRO (RJ) – O Corpo de Dança do Amazonas (CDA) vai se apresentar pela primeira vez na capital fluminense a partir de quinta-feira, 5. Serão quatro espetáculos gratuitos, dentro do Programa de Ocupação da Caixa Cultural, no projeto Circulação Amazônica CDA 25 anos.

O público poderá assistir o espetáculo “Rios Voadores“, de Rosa Antuña, nos dias 5 a 6 deste mês, às 19h. Já as apresentações de “TA – Sobre ser grande“, do coreógrafo Mário Nascimento, vão ocorrer nos dias 7, às 19h, e 8, às 18h, no Teatro Caixa Nelson Rodrigues, no centro do Rio. A classificação é livre.

Nascimento afirmou à Agência Brasil que os dois espetáculos têm temática relacionada ao momento em que vive a Amazônia hoje, “quase trágico”, relacionado à seca e às queimadas. “É a pior seca dos últimos anos”, disse, informando que o Rio Negro está muito seco e o Rio Amazonas não está navegável.

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 “Nós estamos aqui há três semanas na fumaça, a cidade toda. É trágico. Vem toda a discussão sobre a preservação, mas o Amazonas está agonizando neste momento”.

Corpo de Dança do Amazonas (CDA) em apresentação (Reprodução)
Preservação das águas

 A primeira coreografia – “Rios Voadores” – trata do deslocamento dessas águas que começam na cabeceira do rio e vão desembocar no sul. “O fenômeno pode um dia não acontecer mais, por causa das mudanças climáticas. E todo o Sudeste vai sentir essa tragédia. Por isso, o espetáculo fala da preservação das águas, dos rios, e da necessidade da preservação nesse momento imediato porque, se ficar mais para a frente, nós vamos sofrer consequências muito trágicas.” Isso já está sendo sentido no Amazonas.

“Rios Voadores” é um termo usado para designar a gigantesca massa de vapor de água vinda do oceano e somada à transpiração da floresta. O equilíbrio das chuvas em outras regiões do Brasil depende do equilíbrio da Floresta Amazônica e da formação dos rios voadores.

No espetáculo, a coreógrafa Rosa Antuña busca trazer para a cena a importância da preservação do meio ambiente como ponto crucial para o equilíbrio do planeta. A mitologia amazônica, além de sua fauna e flora, foram inspiração para a construção desse trabalho. A trilha sonora original é assinada pelo compositor Makely Ka.

O segundo espetáculo – “TA – Sobre Ser Grande” – diz respeito aos povos originários que são os verdadeiros guardiões da floresta. Mário Nascimento afirmou que se esses povos desaparecerem, será o fim da floresta. “O Marco Temporal é uma grande tragédia”, apontou. A Amazônia está sofrendo uma série de ameaças. Além do Marco Temporal, a água dos rios está contaminada pelo mercúrio devido a mineradores clandestinos, “as populações ribeirinhas sofrem, as terras indígenas são ameaçadas. A gente precisa de uma ação imediata”, disse o diretor.

“TA” significa “grande” para os Tikuna, povo originário do Amazonas que ocupa uma vasta área. Os sons do ambiente fazem parte do idioma que se fala, sejam roncos, chiados e tantos outros sons que conseguem escutar. Os povos definem onde vivem como “TA”. Um território que abriga, acolhe, alimenta e precisa também de cuidados. A trilha sonora do DJ Marcos Tubarão é executada ao vivo.

A companhia aproveita as apresentações no Rio de Janeiro para denunciar a situação de abuso no Amazonas. O elenco tem uma formação política muito forte. “Eles sabem o que acontece aqui, já que 90% são originários da região amazônica”, afirmou o diretor. 

Corpo de Dança do Amazonas

O Corpo de Dança do Amazonas (CDA) foi criado em 1998 pelo Governo do Amazonas, por meio da Secretaria de Estado de Cultura, para compor os Corpos Artísticos do Teatro Amazonas. No começo deste ano, iniciou circulação pelas principais regiões do Brasil, integrando mostras e eventos, como o “Simpósio Internacional de Dança, em Belo Horizonte, Abril para Dança e Virada Cultural, ambos em São Paulo. O diretor artístico destacou a hegemonia e o resultado do trabalho multiprofissional realizado pela companhia. O corpo de dança é, atualmente, uma das três maiores companhias do Brasil.

A companhia se destaca por trabalho e originalidade, levando em consideração, em suas criações, a singularidade da Amazônia. São mais de 60 obras realizadas com a colaboração de artistas convidados do Brasil e de todo o mundo, que mostram a diversidade cultural da Região Norte do País, por meio da pluralidade da dança contemporânea. Ainda pelo Programa de Ocupação Caixa Cultural, a companhia vai percorrer, em 2024, as cidades de Fortaleza, Curitiba e Brasília.

Leia também: Autores indígenas do AM participam de exposição dos povos originários em SP
(*) Com informações da Agência Brasil
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