Festival Folclórico de Parintins, no AM, é tema de estudo de pesquisadora no RJ

Grupo Hip-Boi de Petrópolis no Rio De Janeiro estuda e retrata o festival de Parintins, no Amazonas, ancorado na magia de Garantido e Caprichoso (Reprodução/Divulgação)

Mencius Melo – Da Revista Cenarium

MANAUS – O maior evento folclórico do Brasil e um dos maiores do mundo, o Festival Folclórico de Parintins, no Amazonas, é objeto de estudo da pesquisadora em dança Priscila Castro, do grupo de ‘Hip-Boi’ de Petrópolis no Rio de Janeiro. Bailarina por formação, Priscila fez do ‘Hip-Boi’ um Centro Cultural com Studio e Cia de Dança. Priscila conversou com a reportagem da REVISTA CENARIUM sobre o projeto.

O componente tribal presente no Festival de Parintins faz parte do trabalho de pesquisa do grupo criado por Priscila Castro (Reprodução/Divulgação-Profilm)

Presente em três edições do evento, ela falou sobre a paixão pela expressão cultural amazonense. “O festival é algo mágico, grandioso, rico e encantador! Ter sido reconhecido como patrimônio cultural (pelo Iphan) só faz jus a sua relevância histórica e cultural. Me encanta a forma como ele é capaz de unir o novo, mantendo a tradição promovendo um resgate cultural de valor imensurável”, destacou.

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Priscila acredita que é possível fazer mais pelo evento. “Fora do Amazonas as pessoas não sabem ao certo o que é o festival de Parintins, já ouviram sim ‘falar’ de Garantido e Caprichoso ou ‘a festa dos bois’, mas ainda existe um desconhecimento e até mesmo um preconceito por não entenderem o simbolismo do ‘Boi’, ainda causa estranheza pela falta de conhecimento da beleza e magnitude da festa”, comentou.

O universo caboclo e ribeirinho também faz parte da pesquisa da companhia de dança Hip-Boi no Estado do Rio de Janeiro (Reprodução/Divulgação-Profilm)

Intercâmbio

De acordo com a pesquisadora, existem alternativas para quebrar essa barreira. “O intercâmbio é a única forma de mudar essa realidade!”, apontou. Ela também acredita que montagens podem ajudar a quebrar a desinformação. “Meu sonho era produzir um musical, mas já desisti dele. As tentativas de intercâmbio e aproximação foram muitas, mas infelizmente nunca aconteceu”, lamentou Priscila Castro.

Mesmo descrente com a possibilidade de uma produção maior, Priscila não esconde que uma ida de bailarinos de sua a companhia a Parintins para uma imersão no evento seria algo inesquecível. “Eu me sentiria honrada com uma oportunidade dessas! Acredito que minha experiência e o histórico de bailarina, professora e coreógrafa há mais de 20 anos proporcionaria uma troca de saberes ímpar”, observou.

A retratação dos itens como o boi e a porta-estandarte que disputam na arena de Parintins é outro fator de estudo e recriação do Hip-Boi (Reprodução/Divulgação)

“Para nós de Petrópolis no Rio de Janeiro, uma viagem a Parintins, no período do festival, fica mais caro do que ir para a Disney, embora ir a Parintins seja uma experiência infinitamente melhor, meus bailarinos são moradores do bairro Alto da Serra, de origem e família simples, trabalhadora o que torna esse sonho bem distante da realidade, mas nada é impossível”, atentou.

Projetos

O mais novo trabalho do Companhia de Dança Hip-Boi está no ar pelo canal da produtora Xdaquestão nas plataformas Facebook, Instagram e YouTube. O evento virtual ‘Parintins – a Ilha Mágica’ montado por Priscila e equipe foi contemplado pela Lei Aldir Blanc e acontece até o dia 21 de março, às 19h (horário Rio de Janeiro).

“Estamos mostrando de forma compacta, parte do nosso trabalho de pesquisa e divulgação do festival de Parintins, que já acontece há 21 anos. Selecionamos trechos dos melhores trabalhos para serem remontados mantendo criações originais e de raiz, incluindo as últimas novidades do festival”, explicou a produtora Priscila.

As torcidas também fazem parte do componente cênico do Hip-Boi ao retratar a beleza da rivalidade entre o vermelho do Garantido e o azul do Caprichoso (Reprodução/Divulgação)

Questionada se os obstáculos podem desanimar, ela declarou. “Nunca! Parintins é tão rica que há 20 anos falamos dela e ainda tem muito o que se contar: a ilha, o boi-bumbá, os bois, a festa, a cultura indígena, a Amazônia, os costumes, lendas, rituais, a brincadeira de rua, os itens individuais, o brilhantismo da participação das galeras”, sintetizou.

Saída pela tangente

Segura, ela continuou elencando os elementos que compõe a mística da festa parintinense com a intimidade de quem conhece e domina bem as informações. “Tem a rivalidade e o respeito entre os bois, as tribos indígenas, as figuras típicas regionais, a batucada e a marujada… eu poderia ficar horas aqui listando essas e muitas outras curiosidades e riquezas da festa!”, enalteceu.

A pesquisadora, atriz, bailarina e criadora do Hip-Boi, Priscila Castro, em ação durante um dos espetáculos de retratação dos bois de Parintins (Reprodução/Divulgação)

Priscila Castro só ‘escapuliu’ quando o assunto foi perguntar qual o boi de sua preferência. Diplomática, recorreu ao velho e infalível ‘Garanchoso’. “Ninguém acredita quando digo, mas acho que sou uma das únicas ‘Garanchosas’ de verdade! Conheci Parintins sabendo que meu trabalho era observar e extrair o melhor de cada boi”, sintetizou.

“Faço isso de maneira a representar com maestria, fidelidade e brilhantismo o melhor de cada um! Hoje não me peça para não vibrar, cantar, dançar, me emocionar ou me arrepiar quando Garantido ou Caprichoso entrarem na arena. É mais forte do que eu! Eu sou Parintins até morrer!”, finalizou com a boa escapada diplomática.

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