Covid-19 matou uma criança de 5 a 11 anos a cada dois dias no Brasil

Menina recebe vacina contra Covid-19, na França (GEOFFROY VAN DER HASSELT / AFP)

Com informações do InfoGlobo

SÃO PAULO — Enquanto o governo federal debate a vacinação de crianças dos 5 aos 11 anos contra a Covid-19, essa faixa etária segue em risco. No Brasil, 301 crianças morreram em decorrência da doença desde a chegada do coronavírus até o dia 6 de dezembro, o que, em 21 meses de pandemia, significa 14,3 mortes por mês, ou uma a cada dois dias.

A consulta pública sobre a vacinação de crianças dos 5 aos 11 anos contra a Covid-19 foi oficializada nesta quarta-feira, 22, e preocupa especialistas em saúde.   

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Dados da Câmara Técnica de Assessoramento em Imunização da Covid-19 mostram que 2.978 diagnósticos de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) por Covid-19 ocorreram em crianças de 5 a 11 anos, com 156 mortes, em 2020. E em 2021, já foram registrados 3.185 casos nessa faixa etária, com 145 mortes, totalizando 6.163 casos e 301 mortes desde o início da pandemia.

Além dos casos de SRAG por Covid, até o último dia 27 de novembro, foram confirmados 1.412 casos da Síndrome Inflamatória Multissistêmica Pediátrica associada à Covid-19 em crianças e adolescentes de zero a 19 anos. Destas, 85 crianças morreram, segundo a Conitec.

Com base nesses dados, a câmara técnica emitiu comunicado no último sábado em que apoia de forma unânime a vacinação em crianças: “Tendo em vista o recente parecer favorável por parte da Anvisa em relação ao pedido de autorização para aplicação da vacina desenvolvida pela fabricante Pfizer na população pediátrica entre 5 e 11 anos de idade no Brasil, a CTAI Covid-19 manifestou-se unanimemente favorável à sua incorporação na campanha nacional de vacinação, em reunião ordinária realizada no dia 17 de dezembro de 2021”.

A infectologista Luana Araújo alerta ainda para, além da morte de crianças pela Covid-19, as consequências a longo prazo da doença “em indivíduos em formação”, com risco de sequelas em relação à memória, ao aprendizado e a problemas de saúde mental. Por isso, defende a rápida vacinação dessa faixa etária.

“A Covid matou mais do que toda as outras doenças imunopreviníveis combinadas. Não proteger as crianças é um crime de saúde pública. E não é uma questão de opinião, as evidências científicas existem. Esse desgaste e tentativa de tornar o processo moroso, burocratizado só serve a interesses diversos e não ao bem comum”, afirma.  

O pediatra e infectologista Renato Kfouri, presidente do Departamento de Imunizações da Sociedade Brasileira de Pediatria, reforça o risco para a faixa etária: 

“Hoje, a Covid-19 é a doença prevenível por vacinação que mais mata as crianças e adolescentes brasileiros. Se as pessoas não hesitam em se vacinar ou vacinar seus filhos contra sarampo, meningite, coqueluche, não há razão para ter dúvidas sobre a vacinação contra a Covid. As vacinas têm se mostrado de enorme segurança, com quase 10 milhões de doses aplicadas no mundo, e riscos menores até do que em adolescentes”, afirma.  

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