Crime organizado ameaça soberania da Amazônia, alerta presidente do STF

O ministro Luís Roberto Barroso falou sobre a Amazônia no Fórum Econômico Mundial (Foto: World Economic Forum/Jakob Polacsek)
João Felipe Serrão – Da Revista Cenarium Amazônia

MANAUS (AM) – O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Luís Roberto Barroso, afirmou, durante conversa com jornalistas após um painel no Fórum Econômico Mundial, em Davos, na Suíça, que o crime organizado representa um risco para a soberania da Amazônia.

“O Brasil corre risco de perder a soberania da Amazônia, não para outros países, mas para o crime organizado. Existe a criminalidade ambiental de extração ilegal de madeira, mineração, grilagem de terras e queimadas, mas agora [a Amazônia] já passou a ser rota do tráfico”, afirmou o ministro.

Ministro Luís Roberto Barroso, presidente do STF, no Fórum Econômico Mundial, na Suíça. (Fórum Econômico Mundial/Jakob Polacsek)

De acordo com Barroso, o Brasil precisa de uma política pública mais abrangente e citou que o problema precisa ser enfrentado com “criatividade”, “ousadia” e “sem preconceito”.

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“Essa é uma guerra que nós estamos perdendo. De modo que não importa a visão de cada um sobre o endurecimento da repressão ou sobre as experiências de legalização que há em outros países. Seja qual for o caminho que se escolha, nós temos que partir do pressuposto que o que nós estamos fazendo não está dando certo. E o maior problema que eu vejo é o domínio que o tráfico exerce sobre muitas comunidades pobres do Brasil”, afirmou.

Tráfico na Amazônia Legal

De acordo com o estudo Cartografias da Violência na Amazônia, realizado pelo Fórum de Segurança Pública e divulgado em novembro do ano passado, a taxa de mortes violentas intencionais na região da Amazônia Legal em 2022 foi 45% superior à registrada nas demais regiões do País.

O relatório apontou que ao menos 22 facções criminosas nacionais e estrangeiras atuam na região, que engloba nove Estados: Acre, Amapá, Amazonas, Mato Grosso, Pará, Rondônia, Roraima, Tocantins e parte do Maranhão. Foi mapeada a presença de facções em 178 das 772 cidades da região (25%), um a cada quatro municípios. Em 80 deles, há disputa entre facções.

O garimpo ilegal e o tráfico de drogas desenvolveram relações próximas na Amazônia (Foto: Bruno Kelly/HAY)

O diretor-presidente do Fórum de Segurança Pública, Renato Sérgio de Lima, afirmou que a expansão de facções criminosas na Amazônia oriundas do Sudeste levou a um processo de fortalecimento e profissionalização dos grupos locais.

Ele informou que novas rotas criminosas foram surgindo, com o tráfico se articulando com outros crimes, como o garimpo e exploração ilegal de madeira, impondo grandes desafios às autoridades de segurança.

O diretor-presidente do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, Renato Sérgio de Lima (Foto: FBSP/Divulgação)

Para Renato, não há como debater estratégias e políticas para manter a Floresta Amazônica de pé sem considerar a grave ameaça que o crime e a violência representam na região atualmente.

“Com 59% da população morando em cidades dominadas por crime, não tem Acordo de Paris que dê conta. Não tem agronegócio que mude esse modelo, nem oportunidade de emprego e renda. O inimigo, inclusive do meio ambiente, é o crime”, disse Renato em coletiva realizada para divulgar o estudo.

Leia também: Facções criminosas dominam 23% de municípios da Amazônia Legal, aponta estudo
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