Dançarina denuncia racismo em abordagem da PF em aeroporto de Rondônia; polícia nega

Durante a revista, policiais exigiram que Marcelly Batista soltasse os cabelos, além de entregar celular e senha (Mateus Moura/Revista Cenarium)
Iury Lima – Da Revista Cenarium

VILHENA (RO) – “Constrangimento no aeroporto de Rondônia”, foi como definiu a dançarina que vive em São Paulo Marcelly Batista à maneira como foi abordada por agentes da Polícia Federal (PF), no Aeroporto Internacional de Porto Velho. Ela estava acompanhada por colegas de trabalho, mas acredita ter sido a única escolhida para passar pela revista, como publicou em uma rede social, por conta da cor da pele

Marcelly foi levada por dois policiais, uma delas, mulher, até uma sala separada destinada às revistas feitas em abordagens. A jovem conta que a policial pediu que ela soltasse as tranças, enquanto o outro agente exigiu o celular e a senha do aparelho. [Ele] viu mensagem com meu namorado, viu mensagem do grupo, olhou várias mensagens ‘nada a ver’, para ver se eu estava falando alguma coisa”, desabafou a dançarina em uma live logo após o corrido.  

A Polícia Federal “nega qualquer espécie de abuso” e diz que tudo não passou de uma “fiscalização de rotina”, mas na avaliação de Marcelly, foi uma atitude racista. O caso aconteceu no último sábado, 29.

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Dançarina baiana denuncia abordagem racista de policiais federais no Aeroporto Internacional de Porto Velho (Reprodução/Acervo Pessoal)

‘Abordagem sem motivo’

Natural da Bahia, Marcelly aguardava um voo de conexão para Cuiabá, de onde iria até Campinas, no interior paulista. Ela afirma que a abordagem foi feita sem motivo aparente, enquanto um amigo da dançarina, que aparece ao final da transmissão ao vivo, diz que também houve tom de deboche de um dos policiais. 

“Todo mundo aqui entendeu, e aí do nada, o pessoal da Polícia Federal veio e me parou. Vieram, diretamente, até a mim, me levaram para dentro da sala; a mulher mandou soltar meu cabelo e passou a mão pelo meu corpo todo”, detalhou Marcelly.

“Eu não gravei, não tinha como gravar. Eles pegaram meu celular e ainda pediram para eu passar a minha senha e eu, na inocência, nunca fui abordada (…) eu dei. Aí eu entrei na sala com a mulher, a mulher me revistou, mandou soltar meu cabelo (…) revistaram minha bolsa, mandaram tirar minha trança (…) isso é muito chato, de verdade, isso é muito chato”, continuou o desabafo.

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Ainda segundo a dançarina, os policiais fotografaram os cartões de embarque de todas as pessoas que também estavam viajando com ela, antes da liberação, e que também decidiram revistar outras pessoas do grupo. No entanto, um dos rapazes que aparece no vídeo diz que a polícia não chegou a abrir outras bagagens além das de Marcelly, “como se fosse apenas para dizer que fizeram”. Todos estavam na fila de embarque e já haviam passado pelo raio-x. 

Polícia procurava drogas e armas

Questionada pela REVISTA CENARIUM, a PF respondeu, por meio de nota, que os policiais realizavam uma fiscalização de rotina, “visando reprimir o tráfico ilegal de drogas e armas” e afirmou que “houve entrevista a alguns passageiros”, mas que “todos os protocolos de abordagem foram devidamente respeitados”.

Por fim, a PF disse que o procedimento de investigação minuciosa sobre a existência de “eventual ilícito penal e/ou administrativo” foi “sigiloso” e que os policiais federais “desempenharam suas funções em estrita obediência aos ditames constitucionais e legais, inexistindo qualquer espécie de abuso“. 

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