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Fórum Amazônia+21: ‘É preciso conhecer a realidade dos povos da região’, dizem debatedores
Fórum Mundial Amazônia +21 debate a história e da vida dos povos na Amazônia (Imagens/Divulgação)
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15 de outubro de 2020
Da Revista Cenarium*
MANAUS – O público que acessou o quarto debate prévio do Fórum Mundial Amazônia+21, realizado, pelas plataformas online, conheceu um pouco mais da história e da vida na Amazônia, a diversidade dos povos e os desafios da floresta, através da participação de profundos conhecedores do assunto: o escritor Márcio Souza, o cacique Almir Suruí – acompanhado da esposa Janete Suruí – e o geógrafo Gustavo Gurgel que debateram no primeiro painel, tendo como moderador o presidente da Presidente da Federação das Indústrias do Estado de Rondônia (Fiero), Marcelo Thomé.
Marcelo Thomé lembrou que a Amazônia é imensa e precisa crescer ainda mais. Mas esse desenvolvimento precisa ser sustentável, disse. “A região impõe inúmeros desafios. É preciso conhecer a Amazônia, mas não apenas com um olhar voltado à preservação do meio ambiente. Pois existem duas Amazonas, a real e a invisível. Neste quarto e último debate prévio do Fórum, o foco são pessoas, negócios e o papel das cidades no desenvolvimento da região amazônica”.
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O escritor Márcio Souza citou a inexistência de conhecimento sobre a realidade da Amazônia invisível. Para ele, é fundamental falar o Brasil a partir da Amazônia deixando de lado a visão bandeirante e exploratória da região, tratada como subdesenvolvida, mas cuja riqueza atrai a atenção de todo o mundo.
“Sem conhecimento, o que acontece é o desmatamento para criar pastos para bois. É preciso conhecer a cultura tradicional desses povos. O governo federal não tem interesse em preservar este conhecimento para as futuras gerações. A política nacional é manter a Amazônia atrasada. Queimar sem saber e sem conhecer a biodiversidade da região é uma estupidez. Estamos vivendo um momento trágico e temos que continuar alertas contra as ações em detrimento das lutas das etnias indígenas para preservar seu território ”, afirmou.
Em sua participação, o chefe Almir Narayamoga Suruí ressaltou a importância do Fórum Mundial Amazônia+21 como marco histórico na luta pelo futuro de novas gerações. “Este debate é fundamental para mostrar o que a Amazônia representa para o Brasil e seu papel importante na história do nosso país. Somos responsáveis por construir este futuro melhor. A Amazônia está viva. Vamos sonhar juntos para o que queremos para o povo brasileiro”, disse.
Almir lembrou que o maior desafio dos povos indígenas é a gestão do território, mas desenvolvido sem necessidade de desmatamento e preservando o meio ambiente. Além disso, outro desafio é conscientizar sobre o respeito pela cultura, as tradições e a história das etnias. “Existem diferenças e precisam ser respeitadas”, disse.
“Viver na Amazônia é um privilégio, e sabemos o que significa lutar pela melhoria da qualidade de vida”, afirmou Almir. “A floresta gera sabedoria e os mecanismos que ela oferece são para todos. Se todos tivessem consciência de como fazer e o quê, a realidade seria muito diferente. Minha história de luta começou aos 17 anos, trabalho para mostrar o papel da floresta para o mundo. Buscar caminhos e conhecimentos para uma economia mais consciente faz parte desta minha luta. Estamos juntos buscando o Brasil melhor, tratando a sustentabilidade como a força que pode valorizar a floresta. Outro ponto é a inserção do povo indígena neste debate de um país mais justo para todos. Viver na Amazônia é um grande desafio”, falou.
O geógrafo Gustavo Gurgel destacou o chefe Almir Suruí como um grande ativista em defesa do povo da região. “Temos experiência da realidade dos povos da floresta e precisamos valorizar a floresta em pé e contribuir para o desenvolvimento dos povos da Amazônia. Ao falar sobre a Amazônia, que viveu vários ciclos de exploração, é preciso falar das mudanças ambientais. Temos uma perda desta matéria viva, pois é da floresta que se extrai toda informação”.
Ainda de acordo com Gurgel, nos últimos 40 anos continuamos utilizando as mesmas ferramentas, que não contribuem para o desenvolvimento. “São muitos os problemas. A discussão deve extrapolar o meio acadêmico e atingir o âmbito popular. Precisamos olhar e atender as pessoas que vivem na floresta. Olhar para a diversidade dos povos da Amazônia, cuja demanda é enorme. Há condições de desenvolver de maneira mais eficiente, equilibrada e sustentável, através de investimentos em pesquisas e ações efetivas. E mais importante, com a inclusão dos povos da floresta. Se não pensarmos nisso agora, sem dúvida os prejuízos serão irreversíveis”, disse.
(*) Com informações da assessoria do Fórum Mundial Amazônia+21
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