‘Defendi minha filha’, diz assessora da Ufam agredida em protesto

Imagens do momento da confusão no campus da Ufam (Reprodução)
Ívina Garcia – Da Revista Cenarium Amazônia

MANAUS (AM) – A jornalista e assessora de comunicação da Universidade Federal do Amazonas (Ufam), Ana Carla dos Santos Souza, foi agredida na sede da instituição nessa quinta-feira, 10, por um grupo de estudantes que protestava contra a participação do cientista político André Lajst, no “1° Simpósio Ajuricaba de Liberdade na Amazônia”, que acontecia dentro da instituição.

Segundo Carla, que trabalha há mais de 10 anos na instituição, o desentendimento ocorreu após o estudante do Programa de Pós-graduação em Educação, da Universidade Federal do Amazonas (PPGE-Ufam), e membro do Conselho Universitário (Consuni), Christopher Souza da Rocha, ser detido por policiais federais.

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Carla, que estava com a filha adolescente, acompanhava o reitor da instituição, Sylvio Puga, até o carro onde Christopher estava detido. No caminho, ela conta que um grupo de mulheres se aproximou e começou a discutir com a filha dela. No meio da discussão, a adolescente teria relatado que foi empurrada para a mãe, que de prontidão revidou a agressão.

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Veja vídeo:

Uma estudante pegou minha filha, que é uma menor de idade, puxa o braço da minha filha e empurra a minha filha. Ela fez exame de corpo e delito depois. Mas naquele momento eu agi com o ímpeto puramente de mãe. Eu esqueci onde eu estava, quem eu era, a posição que ocupo. Defendi a minha filha e continuaria defendendo em qualquer situação“, contou Carla em para a REVISTA CENARIUM AMAZÔNIA.

Nesse momento, a jornalista conta que foi cercada por um grupo de alunos que a empurraram ao chão, continuando com as agressões. “Eu estou com meu nariz fraturado, uma das alunas chutou meu rosto. Fiz tomografia, foi confirmada a fratura. Estou com audiência marcada para apurar isso e identificar quem fez isso comigo, no exercício do meu trabalho“, revelou.

O Diretório Central dos Estudantes da Ufam (DCE) publicou uma nota na manhã desta sexta-feira, 11, alegando que Ana Carla agrediu estudantes com socos e chutes e deu uma entrevista onde afirmava que Christopher Rocha foi apreendido pela PF porque estava com uma bomba caseira. A informação publicada por outro veículo da imprensa foi corrigida e removida, segundo Carla relatou à CENARIUM.

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Eu corrigi o equívoco, pedi que retirassem isso da matéria. Foi a informação que me chegou e levei aos policiais da PF. Procurei a Polícia Federal que afirmou que não havia artefato. Dessa forma, eticamente, pedi que corrigissem o que foi veiculado“, contou.

A reportagem entrou em contato com o Diretório Central dos Estudantes da Ufam (DCE), responsável por organizar a manifestação, para esclarecer sobre as agressões, mas não recebeu resposta até o momento. Segundo Ana Carla, um boletim de ocorrência foi registrado.

Relembre o caso

O estudante do Programa de Pós-graduação em Educação, da Universidade Federal do Amazonas (PPGE-Ufam), e membro do Conselho Universitário (Consuni), Christopher Souza da Rocha, foi detido e algemado por agentes federais durante um protesto no campus da Ufam.

Ele e um grupo de estudantes protestavam contra a participação do cientista político André Lajst, no “1° Simpósio Ajuricaba de Liberdade na Amazônia”, que acontecia dentro da Ufam. O estudante diz que Lajst é defensor do regime Apartheid e faz limpeza étnica em Israel. Cristopher é graduado em História e presidente da União da Juventude Socialista (UJS).

A confusão iniciou ao lado de fora do auditório onde ocorria o evento. Christopher e outros alunos foram acusados de bater em vidros, subtrair uma bandeira do evento e jogar ovos na direção do palestrante. A Polícia Federal estava no campus, a pedido da reitoria da Ufam.

Christopher foi liberado na noite de quinta-feira, 10, após prestar depoimento na sede da Polícia Federal. Em vídeo publicado ao reitor da Ufam, Sylvio Pulga, o estudante pontua que a manifestação era pacífica. “Estou aqui com o reitor da universidade e representantes de movimentos estudantis que vieram se solidarizar, mas também viemos buscar resolver isso, porque não estávamos fazendo nada de errado. Estávamos todos amparados perante a lei. Isso foi muito errado, a Polícia Federal prender alguém dentro do campi universitário. A gente segue na luta para que a democracia seja respeitada dentro da universidade”, disse o acadêmico.

Sindicato

O Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Estado do Amazonas informou à reportagem que recebeu a denúncia sobre as agressões contra a jornalista e deve se manifestar após reunião da diretoria marcada para esta sexta-feira, 11.

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