Aumenta demanda por atendimento psicológico; Pandemia é o principal fator, aponta estudo

A abordagem on-line aconteceu em todas as 27 Unidades da Federação (UF) abordando dados da saúde física, emocional e financeira da população brasileira (Reprodução)
Priscilla Peixoto – Da Revista Cenarium

MANAUS – Uma pesquisa realizada pela empresa de comunicação corporativa FSB, encomendada pela companhia de saúde SulAmérica, aponta que 6 em cada 10 brasileiros que fazem terapia começaram tratamento durante a pandemia. O estudo foi realizado em setembro de 2021, com uma amostra de 2.010 entrevistas por abordagem online em todas as 27 Unidades da Federação (UF) abordando dados da saúde física, emocional e financeira da população brasileira.

“A pesquisa mostra que a saúde emocional da população brasileira está ‘na UTI’ e deve se tornar uma preocupação cada vez maior: 60% dos entrevistados que se consultam, hoje, com psicólogos começaram a fazer terapia depois do início da pandemia“, destaca o estudo com foco na saúde integral.

Na análise do psicólogo Adan Silva, o aumento na demanda por ajuda psicológica no período pós-pandemia se deve ao tempo de afastamento e isolamento durante o pico da doença e por conta de uma readaptação em um cenário de “novos modos” de convívio social.

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Esse aumento tem a ver também com esse marco temporal que foi o período de afastamento e isolamento. As pessoas estão aprendendo, novamente, a conviver, o que realmente está mal-acabado, e nesse retorno foi preciso aprender a lidar com a situação do dia a dia e social, e quem já não tinha uma saúde pública de qualidade e com equidade se viu, infelizmente, com a saúde piorada, até porque o próprio sistema se viu abalado por conta da pandemia”, explica o profissional.

População negra e acesso ao tratamento

Estudos do Ministério da Saúde revelam os índices de suicídio entre adolescentes e jovens negros no Brasil que é 45% maior do que entre brancos. Nos últimos anos, os números aumentaram para 12% entre a população negra e estabilizou entre brancos.

O psicólogo atenta para a saúde mental da população negra dentro desse contexto. Segundo Adan, embora a busca por atendimento psicológico tenha aumentado, negros têm mais dificuldade de acesso ao tratamento.

Para Adan, além do fator econômico e social, o histórico de discriminação, preconceito e invisibilidade da população também se insere no campo da saúde que, “dificilmente” dá conta das especificidades dessa população.

Não podemos esquecer que as políticas públicas no campo da saúde quase não dão conta das necessidades dessa população, que também não é somente uma massa, são homens negros, mulheres negras, comunidade LGBTQIAP+ negra e, dificilmente, as políticas públicas levam isso em consideração“, destaca.

Índices de suicídio entre adolescentes e jovens negros, no Brasil, é 45% maior do que entre brancos (Blue_Cutler/iStock/Reprodução)

Outros Dados

Em abril deste ano, a Associação Brasileira de Psiquiatria já informava um aumento na procura por consultas na área psicológica. Dentre os 59% dos associados houve um aumento de até 25% nos atendimentos. Casos de depressão e ansiedade são os mais diagnosticados, seguidos de outras somatizações e até mesmo casos de “Burnout” (esgotamento) e o uso abusivo de álcool e droga.

“A pandemia acabou sendo um marco não só por conta do isolamento que foi feito, mas também na vulnerabilidade de quem já mantinha as condições necessárias de ter uma vida e renda dignas, e isso se reflete também na questão do acesso. Lembro também que sem investimento não temos como melhorar o SUS, ainda que seja, de longe, a melhor das opções para a população brasileira que busca por outros canais de acolhimento e atendimento”, explica.

Em âmbitos regionais, segundo o Ministério da Saúde, até abril deste ano, Manaus era a quarta capital da Região Norte com maior número de adultos que relataram ter diagnóstico de depressão. A capital amazonense apresentava 10,2% de frequência na população acima de 18 anos, até então. A região só perdeu para Palmas, Porto Velho e Boa Vista.

De acordo com dados da Secretaria Municipal de Saúde (Semsa), até maio de 2021, a cidade registrou o dobro de atendimento psicológico em relação ao mesmo período de 2020, passando dos 43 mil. O levantamento mostra que em 2020 foram 20.269 atendimentos e 43.723 atendimentos em UBS’s no ano passado. Aos que desejam atendimento, as unidades funcionam de segunda a sexta-feira, das 8h às 18h, e a relação completa das unidades básicas de saúde estão disponíveis na página da Semsa.

Clique aqui para ler a pesquisa.

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