Diretor de cadeia recebia propina de presos em troca de trabalhos externos, diz polícia

Presos Cadeia Pública de Primavera do Leste (Foto: TJMT)
Davi Vittorazzi — Da Revista Cenarium

CUIABÁ (MT) — O diretor da Cadeia Pública de Primavera do Leste (239 quilômetros de Cuiabá), Valdeir Zeliz dos Santos, foi alvo da Operação La Catedral, cumprida pela Polícia Civil nesta terça-feira, 7. Ele é investigado por receber propina de presos para ceder trabalhos externos aos detentos.

Ao todo, a operação 132 ordens judiciais, entre prisões preventivas, buscas e apreensões, bloqueios de contas bancárias, além de sequestro de bens móveis e imóveis dos investigados. O diretor foi alvo de busca e apreensão, bloqueio de bens e afastamento do cargo. A reportagem tenta contato com a defesa do diretor.

Conforme a investigação, da Delegacia Especializada de Roubos e Furtos de Primavera do Leste, os alvos cometeram crimes como corrupção passiva, corrupção ativa, lavagem de capitais e facilitação de saída de pessoa presa para atividades ilegais.

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Os mandados foram cumpridos em Mato Grosso nas cidades de Primavera do Leste, Paranatinga e Dom Aquino. Além de Uberlândia (MG), Rio Verde (GO) e Santana do Araguaia (PA).

Presos e diretor de unidade prisional foram alvos de operação (Foto: PJC-MT)

Segundo a Polícia Civil, em quase um ano de investigação, foi verificado a existência de uma associação criminosa que se formou para comprar facilidades e movimentar dinheiro provindos de crimes e promover a lavagem dos valores por meio de empresas de construções e, ainda, ofertar vantagens ilícitas a servidores públicos.

Para legalizar os valores recebidos, os investigados empregaram intermediários e entidades empresariais para movimentar os recursos. Além disso, adquiriram veículos e imóveis para conferir uma fachada de legalidade ao dinheiro.

Por nota, a Secretaria de Estado de Segurança Pública (Sesp-MT) informou que colabora com a investigação que um procedimento administrativo foi instaurado, podendo o servidor ser exonerado. Também relatou que um novo diretora para unidade será nomeado.

Chefe de esquema movimentava dinheiro na prisão

Ainda conforme a investigação, o chefe do esquema é Janderson dos Santos Lopes, de 30 anos, um preso condenado a 39 anos de regime fechado. Mesmo na cadeia, ele continuava a chefiar a organização criminosa. A reportagem também tenta contato com a defesa de Janderson.

Janderson foi alvo de duas operações anteriores da Polícia Civil, a “Três Estados” e a “Red Money”, que investigaram os crimes de tráfico de drogas e lavagem de dinheiro. Ele e sua esposa tiveram os bens confiscados e arrestados durante as operações.

Em pouco mais de um ano de sua transferência para a cadeia de Primavera do Leste, Janderson adquiriu um considerável patrimônio, incluindo a abertura de empresas; compra de uma frota de caminhões com reboques e semirreboques; imóveis em Cuiabá, Primavera do Leste e Poxoréu; e veículos de luxo para ele e para sua esposa, que também foi presa.

Entre os pagamentos de propinas para o diretor da cadeia pública foi apurado que Janderson Lopes teria transferido R$ 20 mil, por intermédio de outras pessoas, para conseguir trabalho externo. Além dele, outros presos também teriam feito pagamentos para o trabalho extramuros.

A polícia também analisou dados do relatório de inteligência do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (COAF), que demonstraram transações realizadas entre os próprios investigados, corroborando, assim, os vínculos típicos de associação criminosa.

Leia mais: Polícia descobre ‘fábrica’ clandestina de cachaça no maior presídio de MT
Editada por Aldizangela Brito
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