‘É desumano o que eu vi’, diz Lula ao constatar condições de Saúde do povo Yanomami em Roraima

Crianças e indígenas Yanomami foram resgatados com quadros de desnutrição severa e malária, segundo informações do Ministério da Saúde (MS) (Ricardo Stuckert/Reprodução)
Gabriel Abreu – Da Revista Cenarium

MANAUS – ‘É desumano o que eu vi aqui’, afirmou o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em coletiva neste sábado, 21, ao visitar as condições da Casa de Apoio do Índio (Casai), na capital Boa Vista, em Roraima. O presidente foi até Boa Vista, após fotografias revelarem as condições sanitárias de assistência aos povos indígenas Yanomami que sofrem com a invasão de garimpeiros ilegais na região.

Crianças e indígenas Yanomami foram resgatados com quadros de desnutrição severa e malária, segundo informações do Ministério da Saúde (MS). De acordo com a ministra Nísia Trindade, a situação é grave e, de acordo com dados, só em 2022 foram registrados 11.530 casos de Malária. A TI Yanomami é a maior área territorial indígena do Brasil, com mais de 9.419.108 hectares de floresta tropical entre os Estados do Amazonas e Roraima.

Se alguém me falasse da forma que o povo Yanomami era tratado, eu não acreditaria. Eu, por acaso, tive acesso a fotos essa semana. As fotos me abalaram, porque não pude entender como um País como o Brasil, com as condições que tem o Brasil, pôde deixar os nossos indígenas abandonados como eles estão aqui. Nós vamos tratar os nossos indígenas como seres humanos responsáveis por aquilo que somos”, afirmou Lula.  

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Sobre a retirada dos garimpeiros que atuam na região da terra indígena, o presidente não adiantou se haverá uma operação para a retirada dos invasores, mas garantiu que irá acabar com a atividade de exploração de minério dentro da maior terra indígena do Brasil.

Nós vamos levar muito a sério essa história de acabar com qualquer garimpo ilegal, e mesmo que seja uma terra que tenha autorização da agência, para fazer pesquisa, eles podem fazer pesquisa sem destruir a água, sem destruir a floresta e sem colocar em risco a vida das pessoas que depende da água para sobreviver. Então, é importante as pessoas saberem que esse País mudou de governo e o governo vai agir, agora, com seriedade no tratamento do povo que esse País tinha esquecido” afirmou Lula.

Crianças Yanomami sofrem com desnutrição (Júnior Hekurari/Arquivo Pessoal)

Diagnóstico

De acordo com a equipe do Ministério da Saúde, que estão em Roraima para fazer um diagnóstico da situação, cerca de 570 crianças Yanomami morreram, nos últimos quatro anos. Só em 2022, foram 100 mortes.

A ministra da Saúde, Nísia Trindade, e as equipes do MS estão fazendo o levantamento da situação para melhorar a condição da Casa de Saúde Indígena, e a equipe está considerando as condições sanitárias dos Yanomami uma emergência de saúde pública.

Crianças Yanomami com desnutrição severa são atendidas por equipes do Ministério da Saúde (Condisi-YY/Divulgação)

A partir de segunda-feira, mais médicos e enfermeiros vão chegar para realizar os atendimentos de emergência dos indígenas diagnosticados com malária e desnutrição severa. A saúde está determinada em resolver. Os profissionais vão até o local onde os povos indígenas moram nas suas comunidades”, destacou a ministra.

Uma equipe do Ministério da Saúde (MS) está na capital e visitou as comunidades indígenas na maior Terra Indígena do País. Duas equipes técnicas atuam na região. Uma está concentrada na capital Boa Vista, trabalhando com o Distrito Sanitário Especial Indígena (Dsei) Yanomami, a Casa de Saúde Indígena (Casai), Secretaria Estadual de Saúde de Roraima e Secretaria Municipal de Saúde de Boa Vista.

A outra, chamada equipe de campo, visitou os polos-base de Surucucu e Xitei. Por serem regiões de difícil acesso, a chegada ao local é por via aérea, executada com aeronaves da Força Aérea Brasileira devido à parceria.

Equipes do Ministério da Saúde realizaram atendimentos nas comunidades (Júnior Hekurari/Arquivo Pessoal)

O presidente está acompanhado dos ministros da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino, da Defesa, José Múcio, do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome, Wellington Dias, da Saúde, Nísia Trindade, dos Direitos Humanos e Cidadania, Silvio Almeida, da Secretaria-Geral, Márcio Macedo, dos Povos Indígenas, Sonia Guajajara, e do Gabinete de Segurança Institucional, general Gonçalves Dias.

Também integram a comitiva o comandante da Aeronáutica, brigadeiro Marcelo Kanitz Damasceno, a presidente da Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai), Joenia Wapichana, e o secretário nacional de Saúde Indígena, Ricardo Weibe Tapeba.

Emergência de Saúde

Na noite dessa sexta-feira, 20, o Ministério da Saúde declarou emergência de saúde pública para enfrentar a desassistência sanitária ao povo Yanomami. De acordo com a portaria, será estabelecido e mobilizado o Centro de Operações de Emergências em Saúde Pública (COE – Yanomami) como mecanismo nacional da gestão coordenada da resposta à emergência no âmbito nacional. A gestão do COE estará sob responsabilidade da Secretaria de Saúde Indígena (Sesai) em caráter de emergência.

O Comitê de Coordenação Nacional apresentará o plano de ações estruturantes com vistas ao enfrentamento à desassistência sanitária das populações em território Yanomami e aos problemas sociais e de saúde dele decorrente, no prazo de quarenta e cinco dias, contado da data de publicação deste
decreto. O Comitê de Coordenação Nacional terá duração de 90 dias, contado da data de publicação deste decreto”,
 diz trecho. (Veja abaixo o documento na íntegra).

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