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EDITORIAL – A culpa de cada um, por Márcia Guimarães
O assunto foi tema de capa e especial jornalístico da nova edição da REVISTA CENARIUM do mês de fevereiro de 2023. (Mateus Moura/ CENARIUM)
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25 de fevereiro de 2023
Corpos esqueléticos de crianças e idosos Yanomami fotografados no início deste ano chocaram a todos que têm um mínimo de sensibilidade. Mas, não se pode dizer que é novidade a tragédia da fome e doenças que fragilizou esses indígenas. Donos de terras ricas em ouro e madeiras nobres, há décadas “o povo que segura o céu”, como diz seu xamã Davi Kopenawa, sofre sucessivos ataques que lhes desejam o extermínio. Há anos, as lideranças gritam socorro e denunciam: “há um plano de genocídio em curso”. Mas, se ninguém os ouve, qual é a culpa de cada um de nós para que chegássemos em 2023 nesse estado de penúria? É sobre as respostas a esta pergunta que se debruça a matéria de capa da REVISTA CENARIUM deste mês.
Ao longo da reportagem especial “Falhamos”, esta edição traz relatos da calamidade vivida na Terra Indígena e os últimos acontecimentos da crise humanitária dos Yanomami, além de entrevistas com pensadores indígenas, como Ailton Krenak, e pesquisadores como Carlos Nobre, referência internacional em estudos sobre a Amazônia. O objetivo é refletir sobre onde estão as falhas do Estado Brasileiro e de toda a sociedade civil. Apresenta-se também o retrato histórico da filosofia governamental de eliminação dos povos originários.
A reportagem ressalta ainda as diversas formas de extermínio de um povo, que, além da morte do corpo físico, passam pelo assassinato de sua dignidade, de sua humanidade. Dos Yanomami lhes foi tirado o meio de vida, a fonte de alimento, a chance de defesa contra doenças. E, como se tudo já não fosse suficientemente doloroso, para tentar sobreviver, ainda precisam deixar o único lar que conhecem, apavorados, sem saber ao certo aonde estão indo, pois somente assim podem ter atendimento médico. Alguns acabam jogados às sarjetas da cidade, sem ter como voltar ao seu território.
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O flagelo Yanomami é um ‘tapa na cara’ de todos nós que, sabendo do que se passava, nada ou pouco fizemos. É também a janela de responsabilização de todas as esferas de poder que tinham e têm a obrigação de proteger. Resta saber, se como diz Krenak, “a reação súbita do aparelho do Estado brasileiro”, não será “só um efeito reflexo, igual quando você bate no joelho de alguém e ele quica”.
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