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Em agenda no Pará, Lula destaca lado responsável do agro, mas diz que a ‘boiada não vai passar mais’
Ex-presidente anuncia programa para aumentar produção de agricultores familiares e volta a criticar Bolsonaro (Reprodução/Folhapress)
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02 de setembro de 2022
Com informações da Folhapress
BELÉM – O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou nesta sexta-feira (2), em encontro com representantes de povos da região amazônica, que “a boiada não vai passar mais”, em referência a termo usado pelo ex-ministro do Meio Ambiente Ricardo Salles para se referir à flexibilização de normas ambientais.
Durante evento em Belém, o petista disse que é preciso evitar aqueles que agem “com discurso de que é preciso desmatar”, mas voltou a ponderar que há grandes produtores com “responsabilidade”, em aceno a setores do agronegócio.
Mirando parte da população da região Norte, Lula ainda anunciou um programa, que chamou de “Mais Alimento”, para aumentar a capacidade produtiva de agricultores familiares.
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Com a presença também de representantes de religiões de matriz africana na cerimônia na capital paraense, o ex-presidente voltou a dizer que o estado é laico e afirmou que “todo mundo tem direito a crer no seu Deus e professar sua fé”, em defesa da liberdade religiosa.
O discurso de Lula ocorre no dia seguinte à divulgação de pesquisa Datafolha, que mostra redução na diferença entre ele e Jair Bolsonaro (PL), seu principal adversário na corrida pela Presidência da República.
Segundo o levantamento, Bolsonaro se manteve estável, com 32% das intenções de voto, mesmo índice registrado na sondagem passada, enquanto Lula marcou 45%, com uma oscilação de dois pontos para baixo, dentro da margem de erro em relação ao último levantamento.
Ciro Gomes (PDT) oscilou de 7% para 9%, e Simone Tebet (MDB) cresceu de 2% para 5%.
A pesquisa também atesta que Bolsonaro mantém vantagem entre evangélicos, com 48% das intenções de votos contra 32% de Lula. Já o petista tem 51% entre católicos e o atual mandatário, 28%.
O ex-presidente participou nesta sexta de encontro com indígenas, quilombolas, mães e pais de santo, ribeirinhos, extrativistas e outros representantes da região amazônica no Parque dos Igarapés, na capital paraense.
Lula recebeu de indígenas um cocar e o título de guardião da Amazônia e ouviu demandas dos representantes das diversas alas da população que estavam no local.
Embora já tenha dito que não usará religião para fazer política, Lula aproveitou o evento com a presença de mães de santo para fazer um aceno a todas as religiões.
“Quero que saibam que todas as religiões desse país serão profundamente respeitadas. Todo mundo tem o direito de crer no seu Deus e todo mundo tem o direito de professar a sua fé. Haverá respeito a todas as religiões, as religiões de matriz africada, aos evangélicos, aos católicos, judaicos, aos islâmicos, todo mundo será respeitado porque é isso que está na Constituição Brasileira.”
Numa tentativa de mitigar rejeições entre evangélicos, o ex-presidente ainda afirmou que criou a Lei da Liberdade Religiosa e a Marcha para Jesus, afirmações que têm sido propagadas por sua campanha para rebater notícias de que Lula fechará igrejas caso eleito.
“Foi no meu governo que criamos o maior grau de liberdade para cada um professar a religião que deseja.”
Lula aproveitou a viagem ao Norte também para discursar a produtores locais e também tentar corrigir uma derrapada durante entrevista ao Jornal Nacional, no qual afirmou que parte do agronegócio é “fascista”, mas manteve a crítica ao desmatamento da região.
“Quero dizer que a boiada não vai passar mais”, afirmou. “Até porque os grandes produtores que têm responsabilidade porque vendem seus produtos no mercado estrangeiro não querem correr o risco de serem prejudicados porque estão praticando violência contra a nossa Amazônia”, afirmou.
“Precisamos evitar que aqueles que agem com irresponsabilidade, que fazem discurso de que é preciso desmatar, fazer queimada, essa gente não são pessoas responsáveis que trabalham dignamente para produzir, para vender e para ganhar a vida no nosso país”, continuou.
Durante a agenda em Belém, Lula ainda afirmou que criará o Ministério da Pesca, da Mulher e dos Povos Originários e que escolherá um indígena ou quilombola para chefiar este último ministério.
O ex-presidente também criticou Bolsonaro e repetiu que o presidente enviou a LDO (Lei de Diretrizes Orçamentária) ao Congresso Nacional sem prever a manutenção do Auxílio Brasil em R$ 600 e sem aumento real do salário mínimo.
Também durante o evento desta sexta, a antropóloga Beatriz de Almeida Matos, viúva do indigenista Bruno Pereira, assassinado no Vale do Javari em 5 de junho, reivindicou justiça para o crime e entregou a Lula uma carta com demandas para indígenas isolados na Amazônia.
“A maior homenagem ao Bruno, para nós da família e para todos que o amavam e admiravam, seria primeiramente assegurar que seja feita a justiça no caso dele e do Dom [Phillips, também assassinado na floresta]. Que todos os envolvidos, inclusive possíveis mandantes, que até o momento não foram identificados, sejam responsabilizados e que as redes criminosas responsáveis pelas mortes dele e do Dom sejam desmontadas”, disse Beatriz a Lula.
A antropóloga ponderou que o crime permeia quase todos os territórios da Amazônia e precisa ser desmontado.
Beatriz afirmou que o maior legado do marido e a melhor forma de homenageá-lo é garantindo os direitos dos indígenas isolados e apresentou uma série de demandas do OPI (Observário dos Direitos Humanos dos Povos Indígenas Isolados e de Recente Contato), criado por Bruno.
Entre os pedidos estão o uso do conhecimento científico e técnico na política para essa população, o fortalecimento da Funai, a demarcação de terra dos isolados e a prevenção de genocídios na área.
Lula cumpriu nesta semana viagens pela região Norte. No início da semana, o ex-presidente foi a Manaus e na quarta (1º), chegou a Belém. Na capital paraense, participou de encontro com artistas e produtores culturais e também promoveu um comício.
Nesta sexta, o candidato segue para agenda em São Luís (MA).
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