Em encontro virtual, lideranças ribeirinhas da Amazônia debatem soluções para enfrentar Covid-19

Economia, renda, inflação e soluções imediatas foram alguns dos assuntos tratados no debate virtual entre comunitários que vivem nos rincões da Amazônia (Reprodução/Divulgação - FAS)

Da Revista Cenarium *

MANAUS – O avanço da pandemia do novo coronavírus impactou as sociedades mundo afora. Do comportamento à economia, tudo foi afetado. Mas, e os ribeirinhos que vivem distante das áreas urbanas, como eles foram impactados?

Buscar ouvi-los e pensar em soluções para frear esses problemas nas localidades foram os objetivos do XXIV Encontro de Lideranças, realizado na última semana, pela primeira vez via plataforma de videoconferência, com a participação de aproximadamente 30 lideranças de comunidades ribeirinhas de 27 municípios do Amazonas. 

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Todos os anos o ‘Encontro de Lideranças’, evento promovido pela Fundação Amazonas Sustentável (FAS) e seus parceiros, reúne lideranças ribeirinhas de comunidades situadas em Unidades de Conservação (UCs) do Amazonas.

O objetivo é discutir desafios e propostas que atendam às necessidades enfrentadas nessas comunidades, melhorem a qualidade de vida e diminuam o desmatamento.

Apesar das distâncias amazônicas, comunitários usaram a tecnologia como solução para se comunicar em tempos de pandemia (Reprodução/Divulgação – FAS)

Debate comunitário

Este ano, além das pautas habituais, os problemas enfrentados com o novo coronavírus foram debatidos pelas lideranças de comunidades da Reserva de Desenvolvimento Sustentável (RDS) Puranga Conquista, RDS Mamirauá, RDS Amanã, Reserva Extrativista (Resex) do Rio Gregório, RDS Rio Negro, Floresta de Maués, Resex Catuá Ipixuna, RDS do Rio Madeira, RDS Piagaçu Purus, RDS de Uacari e RDS Canumã. 

Além dos problemas causados pela Covid-19 na saúde física e mental, eles debateram a paralisação de atividades econômicas, a desinformação,  o encarecimento dos preços dos alimentos e a falta de Equipamentos de Proteção Individual (EPIs) para redução do contágio.

Segundo a liderança da Resex Catuá Ipixuna (a 424 km de Manaus), Andreane Sena, a falta de EPIs e a desinformação promovida pelas fakes news causaram o avanço da doença na comunidade onde vive.

“Os Agentes Comunitários de Saúde (ACS) enfrentam dificuldades para visitar as famílias. A falta de EPIs também é outra dificuldade, pois algumas comunidades não receberam nem máscaras. Para piorar, muitas famílias se recusam a receber os ACS por medo”, relatou. 

Outro assunto discutido foi o valor dos alimentos que aumentaram com a pandemia. “As pessoas estão usando a pandemia para se dar bem. Tudo está mais caro. Hoje, o preço do litro de óleo de soja está R$ 7. Nunca pagamos esse valor. Cabe as pessoas se conscientizarem”, reclamou a liderança da RDS Mamirauá, Raimundo Rodrigues.

Populações tradicionais

Com o avanço da Covid-19 em Manaus, a FAS em parceria com universidades, instituições públicas, empresas e organizações da sociedade civil, criou a Aliança dos Povos Indígenas e Populações Tradicionais e Organizações Parceiras do Amazonas para o Enfrentamento do Coronavírus com o objetivo de disseminar informações, arrecadar recursos e equipamentos de saúde, além de apoiar a distribuição de produtos de assistência básica. 

O superintendente geral da FAS, Virgilio Viana, apresentou os eixos de atuação da Aliança e a programação das ações em todas as comunidades das 16 UCs (UCs), onde a Fundação está presente.

“A atuação da Aliança nas comunidades contempla desde a redução do contágio até o pós calamidade. Pensamos em tudo para que as populações ribeirinhas não se sintam abandonadas”, descreveu.

“Tivemos que nos reinventar e replanejar todos os projetos. Criamos um novo programa, ‘Covid’, para atender da melhor forma todos os comunitários neste momento tão desafiador”, explicou Viana.

Dos centros urbanos como Manaus, à comunidades distantes como Catuá Ipixuna, a 424 km, o uso da internet viabilizou o debate na busca por soluções (Reprodução/Divulgação-FAS)

Momento histórico

Para o gerente do Programa Floresta em Pé (PFP), Edvaldo Corrêa, organizar um evento dessa proporção foi desafiador, exigiu muito planejamento e empenho da equipe envolvida, mas permitiu o surgimento de novas possibilidades.

“O desafio foi grande. Conseguir conectar via internet várias lideranças comunitárias das 16 Unidades de Conservação da Amazônia, distribuída nos 27 municípios do Estado do Amazonas, para nós foi histórico”, comemorou.

“Foram meses de planejamento, fizemos vários testes para identificar qual a melhor tecnologia a ser utilizada e, por fim, vimos que conseguimos”, resumiu Edvaldo.

O evento foi realizado com apoio do Fundo Amazônia/BNDES, Bradesco e Governo do Amazonas, por meio da Secretaria de Estado de Meio Ambiente (Sema). 

Floresta em Pé

O Programa Floresta em Pé (PFP) implementa a política pública Bolsa Floresta em 16 UCs, em cooperação técnica da Sema, com o objetivo de recompensar populações tradicionais, ribeirinhas e indígenas, que vivem dentro das áreas de floresta pelos serviços prestados em favor da conservação ambiental.

(*) Com Informações da assessoria

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