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Em Manaus, invasão ilegal de área verde ameaça Sauim-de-coleira
Plano de Ação Nacional para a Conservação do Sauim-de-Coleira tem como objetivo geral promover a conservação do sauim-de-coleira e de seu habitat (Ricardo Oliveira/ Revista Cenarium)
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22 de outubro de 2020
Luciana Bezerra — Da Revista Cenarium
MANAUS — Um grupo de Sauim-de-coleira, espécie de macacos em extinção e que é possível ser encontrado apenas na capital amazonense, aparentava aflição e desespero na manhã desta quinta-feira, 22, durante uma ação de retirada de invasores de uma área verde, localizada na comunidade Alfredo Nascimento, bairro Aleixo, Zona Centro-Sul de Manaus.
A Polícia Militar tentou conter um grupo de moradores que invadiu o terreno no último domingo, 17. No local, havia uma retroescavadeira retirando lixo e destruindo construções irregulares montadas pelos invasores. Segundo moradores, um homem, que seria o proprietário do terreno pretende construir um muro de concreto para dividir a área e impedir futuras invasões.
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A reportagem da REVISTA CENARIUM flagrou o desespero dos macacos por conta do barulho do maquinário e dos gritos de manifestantes que se aglomeraram para impedir a destruição da área verde. “Isso é um absurdo. Esse homem [dono do terreno] não pode chegar assim, falar que é dono do terreno sem mostrar a documentação do local. Ele estava destruindo toda uma área preservada por nós”, disse o líder dos manifestantes, o autônomo Adriano da Silva Rabelo, de 33 anos.
De acordo com uma cabo da Polícia Militar, que não quis se identificar, os moradores destruíram a vegetação local, que é considerada uma Área de Preservação Ambiental (APA) por abrigar centenas de animais silvestres. Os PMs foram chamados para evitar conflitos entre moradores e o condutor da retroescavadeira.
“Esse empresário quer ganhar as terras que nem são dele. Ele é dono de uma empresa que fica próxima ao local, então ele disse: ‘Dinheiro compra tudo e todos’. Quando foi ontem [quarta-feira, 21], alguns policiais ainda foram flagrados recebendo propina para retirar os moradores do local”, denunciou um morador que não quis ter o nome divulgado.
Já o líder dos manifestantes afirmou que o motivo da manifestação é pela reivindicação de um pedaço de terra para morar. “Invadimos o local e a polícia veio retirar a gente daqui. Como o local é preservado se tem até redes de esgotos? Também não tem nenhuma árvore de tanta importância como Castanheiras, Pau-Rosa e Andiroba. Aqui só tem mato e nós precisamos de um pedaço de terra. Nosso grupo não derrubou nenhuma árvore, quem tá derrubando tudo é quem se diz dono do terreno”, disse Rabelo.
Moradores contra invasões
A comunidade Alfredo Nascimento tem mais de 300 famílias. Segundo moradores que residem no local há 15 anos essa já é a quarta tentativa de invasão da área.
“O grupo de invasores é oriundo do bairro do Coroado. Eles ocuparam o local recentemente, devastando o terreno e matando animais silvestres que habitam o local. Eles já estavam usando o local como ponto de drogas. Outro dia, uma menina quase foi estuprada no local, só não foi porque um dos moradores daqui conseguiu impedir o estuprador, que fugiu”, disse uma mulher que não quis se identificar.
Invasão
De acordo com dados da Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Sustentabilidade (Semmas), este ano o órgão já registrou cerca de 13 novos focos de invasões em áreas verdes da cidade. Isso sem contar com invasões registradas em terrenos privados.
O diretor de Fiscalização da Semmas, Eneas Gonçalves, destacou que esse trabalho preventivo de impedir a proliferação de ocupações irregulares, no início, é de fundamental importância para a preservação das áreas verdes. “O local passa a ser monitorado, inclusive com o apoio dos moradores, o que dificulta a intenção dos invasores de adentrar a área”, explicou Gonçalves. Segundo ele, não havia ninguém no local, onde a secretaria deverá instalar mais placas de área verde para inibir novas ocupações.
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