Em operação contra extração de madeira ilegal dentro de T.I no Maranhão, PF cumpre 22 mandados de busca e apreensão

Ívina Garcia – Da Revista Cenarium*

MANAUS – A operação “Pterodon”, da Polícia Federal (PF), cumpriu 22 mandados de busca e apreensão e sete mandados de suspensão da atividade econômica nesta quarta-feira, 3, no município de Barra do Corda, dentro da Terra Indígena Cana Brava, no Maranhão.

Com 110 agentes federais, a PF busca combater a cadeia criminosa de serrarias, movelarias e depósitos de madeira clandestinos nas proximidades e dentro da T.I Cana Brava. As Terras Indígenas no Brasil são alvos constantes de ataques não só por madeireiros, mas também por outras cadeias de exploração de recusos naturais.

O avanço do desmatamento e a presença de madeireiras ilegais dentro ou próximas de Terras Indígenas têm sido uma realidade em todos os Estados da Amazônia Legal (Amazonas, Acre, Amapá, Pará, Rondônia, Roraima, Maranhão, Mato Grosso e Tocantins). No ano passado, os Estados do Pará, Amazonas, Mato Grosso, Bahia e Maranhão foram, juntos, responsáveis por 57% do desmatamento detectados no Brasil, de acordo com o MapBiomas.

Durante as investigações da PF, foram identificados diversos estabelecimentos madeireiros que atuam na clandestinidade, sem emissão de Documentos de Origem Florestal (DOFs), bem como seus possíveis proprietários. As apurações ainda apontaram que a ação desses estabelecimentos já acontecia há anos, causando impactos e danos graves ao meio ambiente e ao equilíbrio ecológico.

Em 2021, o Maranhão esteve entre os quatro Estados do Brasil com maior índice de desmatamento, atingido 10,09% de área desflorestada, um total de 167.047 hectares. De acordo com a PF, foram detectados 177 alertas de desmatamento na T.I. Cana Brava, no período de um ano, por meio de imagens do Satélite Planet (Programa BRASIL M.A.I.S).

A T.I Cana Brava fica localizada a 40 quilômetros de distância de onde os madeireiros estavam agindo, o que segundo a PF demonstra viabilidade econômica para atuarem na ilegalidade, e apontam ação dentro de área protegida.

Os investigados poderão responder por crimes como receptação qualificada, depósito de produto de origem vegetal sem licença válida, funcionamento de estabelecimentos potencialmente poluidores sem autorização, dentre outros, com penas que podem chegar a 9 anos de reclusão.

A operação foi denominada “Pterodon” por ser um gênero botânico considerado uma das espécies mais valiosas da Terra Indígena Cana Brava.