Lojistas de Manaus aderem à campanha online do ‘Dia Livre de Impostos’, nesta quinta-feira

Retornando aos poucos, o comércio de Manaus terá na iniciativa do 'Dia Livre de Impostos', a oportunidade de criticar as altas cargas tributárias do país e ainda vender on line (Reprodução)

Mencius Melo – Da Revista Cenarium

Para vender mais barato e garantir lucro, em tempos de pandemia, lojistas de Manaus realizam nesta quinta-feira, 04, o Dia Livre de Impostos, para protestar contra os tributos abusivos praticados pelo Governo Federal. A proposta é da Câmara de Dirigentes Lojistas Jovens do Amazonas (CDL Jovem) e oferece transações 100% online, por meio do site dialivredeimpostos.com.br .

O coordenador da CDL Jovem Amazonas, o empresário Luiz Leal, conversou com a REVISTA CENARIUM e explicou os pontos que norteiam a iniciativa.

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“O Dia Livre de Impostos é uma data simbólica, mas está longe de ser algo momentâneo, pois nós levamos a discussão sobre a alta carga tributária às universidades, aos congressos, parlamentos e onde pudermos levantar essa bandeira”, afirmou.

Para o jovem líder empresarial é injusto que a população arque com tamanho peso, uma vez que os tributos recaem sobre os mais frágeis. “Quando você cria um imposto, o empresário tem duas alternativas: ou ele joga sobre os produtos e serviços, ou ele descarrega sobre a cadeia produtiva, na redução de postos de trabalho”, lamentou.

Luiz Leal da CDL acredita que o ‘Dia Livre de Impostos’ será um sucesso de vendas online, mas seu papel é maior ainda: deixar claro para a população, o quanto pesa a carga tributária no Brasil (Reprodução/Internet)

“Imposto tem que dar retorno…”

Crítico, Luiz Leal aponta outro motivo para o debate. “Quando o Estado leva grande parte do seu salário, é como se ele estivesse dizendo: ‘deixa que eu administro melhor o seu dinheiro’. Resta saber se alguém administra melhor que você, o seu próprio recurso afinal, imposto tem que dar retorno”, alfinetou.

Questionado sobre como o comércio irá se sair nessa possível pós-pandemia, ele diz: “Quem continuou investindo, mesmo na crise, irá sair dela bem melhor”, vaticinou.

Com boa expectativa, o dirigente acredita que o evento de amanhã será um sucesso. “O comércio online deu um salto nessa crise. Acredito que será um sucesso, porque aceleramos em três meses, o que ia demorar cinco anos para acontecer”, comemorou.

Razões para acreditar

O empresário Leonardo Junqueira, da rede ‘Tortas & Tortas’, é um dos que acreditam no formato digital. Em meio à crise pandêmica, a rede deu um salto em vendas via internet.

“Antes da pandemia não tínhamos essa estrutura de vendas e fomos obrigados a criar rapidamente. Com isso, hoje, nosso faturamento é 100% online”, avaliou.

Ainda segundo Leonardo, um ‘case’ de sucesso da rede foi a explosão de vendas de um produto e um único dia.

“Tivemos uma experiência super positiva que foi a venda em um único dia, de 2 mil monoporções”, disse.

Hoje, a empresa tem uma nova perspectiva. “Do nosso faturamento hoje, 60% é só com vendas online”, acrescentou.

Mesmo com a carga de impostos, a loja ‘Tortas & Tortas’ vendeu duas mil unidades em um único dia, das monoporções de chocolate. (Reprodução/Divulgação)

 Por mais dias livres de impostos

A arte-educadora e tributarista Djane Sena é uma entusiasta da iniciativa. Ela conta que tem uma demanda reprimida, em função da pandemia, e irá aproveitar o ‘Dia Livre de Impostos’ para fazer as compras das quais precisa, mas que não pôde realizar anteriormente em função do isolamento.

“Tenho materiais escolares, por exemplo, que não comprei porque veio a pandemia e fechou tudo”, lamentou.

A arte-educadora e tributarista Djane Sena é a favor da redução da carga tributária (Reprodução/Arquivo Pessoal)

Para a consumidora, a carga tributária no Brasil é altíssima e que por isso, toda iniciativa que chega para criar um debate sobre o tema é bem vinda.

“Temos uma carga que eu chamo de ‘sobrecarga tributária’. Paga-se muito e ganha-se muito pouco a nível de retorno do Estado e isso precisa ser discutido e mudado por todos nós brasileiros”, provocou.

Segundo a tributarista, o ideal é que a ação se repita por mais vezes. “Por mais dias livres de impostos, que deveriam acontecer ao menos quatro vezes ao ano, um a cada trimestre, para provocar a discussão”, sugeriu.

Panorama econômico

Para o economista e Deputado Estadual Serafim Corrêa (PSB), esse tipo de iniciativa tem impacto positivo, porque desnuda uma realidade brasileira. “Considero que é uma boa maneira de mostrar o quanto é injusta a tributação sobre o consumo, onde quem paga é o consumidor”, acentuou.

Para o economista, eventos como o Dia Livre de Impostos servem também para mostrar que a injustiça tributária no Brasil é desequilibrada e alarmante.

“Ao final, os mais pobres têm uma carga de tributos maior do que os mais ricos. Daí que eu sou a favor da redução dos tributos sobre consumo e aumento sobre a renda, aí incluídos os ganhos de capital”, disse.

Para o economista e Deputado Estadual Serafim Corrêa a população mais pobre continuará pagando fartas doses de impostos, sobre os produtos consumidos (Reprodução/Expresso AM)

Questionado sobre o panorama tributário e uma possível mudança, em face dos tempos duros que virão, Serafim foi cético. “Não creio que neste momento haja qualquer alteração”, previu.

Para finalizar, Serafim Corrêa contextualizou sobre a possibilidade de o Brasil ser um país melhor a nível de impostos ou se continuará mantendo a tradição de um Estado voraz. “Sem diminuir o tamanho do Estado brasileiro não há como diminuir a carga tributária”, encerrou.

Carga pesada

O Instituto Brasileiro de Planejamento e Tributação (IBPT), aponta que as empresas no Brasil gastam, em média, 2 mil horas por ano para vencer a burocracia tributária, sendo considerado o único País em que se gasta mais tempo calculando e pagando tributos do mundo.

Ainda de acordo com o IBPT, o brasileiro trabalha mais de cinco meses do ano para pagar impostos. Comparado com outros 30 países que também possuem uma carga tributária elevada, o Brasil está na 14ª posição no quesito arrecadação, mas está na última posição no retorno dos impostos arrecadados em prol do desenvolvimento social, educação, saúde e segurança.

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