Em Roraima, PF segue para Terra Yanomami após indígena de 12 anos ser violentada e morta por garimpeiros

Em Roraima, PF segue para Terra Yanomami após indígena de 12 anos ser violentada e morta por garimpeiros (Condisi-YY/Divulgação)
Bruno Pacheco – Da Revista Cenarium

MANAUS – A Polícia Federal de Roraima (PF-RR) seguiu nesta quarta-feira, 27, para a Terra Indígena Yanomami, na região de Waikás e Palimiú, para investigar a morte de uma adolescente de 12 anos, violentada sexualmente por garimpeiros, e o desaparecimento de uma criança de 4 anos, que caiu do barco no Rio Uraricoera enquanto a mãe tentava salvá-la dos invasores. O caso foi denunciado na segunda-feira, 25, pelo presidente do Conselho Distrital de Saúde Indígena Yanomami e Ye’kuana (Condisi-YY), Júnior Hekurari Yanomami.

Veja também: Adolescente indígena é morta após ser violentada por garimpeiros em Palimiú (RR), denuncia Yanomami

A delegação que viaja à região do município de Amajari, a aldeia Aracaçá, onde a menina morava, é composta ainda pela Fundação Nacional do Índio (Funai), o Ministério Público Federal (MPF) e pelo presidente do Conselho Distrital de Saúde Indígena Yanomami e Ye’kwana (Condisi-YY), Júnior Hekurari Yanomami, que pretende levar o corpo da menina para a capital Boa Vista para que seja feita autópsia no Instituto Médico Legal (IML).

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Invasão à comunidade indígena

A morte da menina indígena aconteceu quando um grupo de homens do garimpo invadiu a comunidade e levou a adolescente e outras duas mulheres. A tentativa de sequestro resultou no sumiço da criança de 4 anos, filha de uma das adultas que, desapareceu na água, segundo Júnior Yanomami.

A suspeita é que a criança e a mãe estariam tentando se defender dos garimpeiros, quando a filha da mulher se desequilibrou do bote em que estavam navegando. Os indígenas, revoltados e transtornados com a situação, foram orientados a não reagirem, pois os garimpeiros podem estar fortemente armados.

Esta não foi a primeira vez que casos de violação sexual e invasão acontecem contra indígenas do povo Yanomami, segundo um relatório lançado pela Hutukara Associação Yanomami. O levantamento feito pela entidade revelou que ao menos três crianças entre 10 anos e 13 anos foram mortas, em 2020, após serem abusadas por garimpeiros, na região central do território conhecida como polo-base Kayanaú.

As mortes vieram à tona somente agora, após entrevistas com indígenas nas aldeias mais afastadas e afetadas pelo garimpo. Em um dos relatos, os indígenas revelam que garimpeiros ofereciam drogas e bebidas a indígenas, e quando todos já estavam bêbados, um homem estuprou uma criança.

Além disso, em maio do ano passado, indígenas da Comunidade Palimiú, da Terra Yanomami, vivenciaram cerca de dez dias de ataques constantes de garimpeiros. Os invasores chegavam a atirar na população e jogar bombas de gás lacrimogênio. Os conflitos armados entre garimpeiros e indígenas se acirraram após operações da Polícia Federal para coibir a atuação do garimpo ilegal.

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