Empresários e especialistas apontam os desafios para novas contratações após a pandemia

Pequenas, médias e grandes corporações estão se contorcendo para tomar decisões estratégicas inteligentes (reprodução/ internet)

Luciana Bezerra – Da Revista Cenarium

MANAUS – O mundo corporativo não é mais o mesmo. O surgimento da pandemia de Covid-19 trouxe uma crise mundial sem precedentes e causou reflexo não apenas na saúde, mas na vida de todos. Podemos dizer que, no período pós-pandemia, é pouco provável que as coisas voltem ao que eram antes, principalmente, no mundo corporativo, onde empresas em todo o planeta precisaram se adaptar ao trabalho home office, formato que ainda engatinhava até fevereiro deste ano.

Nos últimos quatro meses de pandemia, as formas de trabalhar, consumir, liderar, conviver em sociedade e planejar, foram modificadas. Quando falamos em negócios, vemos desafios enormes na forma de lidar com a demanda de clientes, desemprego, incerteza e processos internos.

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Uma pesquisa realizada pelo The Economist Intelligence Unit com executivos de RH em todo o mundo, mapeou quais eram os principais desafios das empresas, antes da Covid-19, com a acelerada expansão internacional das companhias.

Segundo o estudo, dentro do cenário de expansão das organizações para outros territórios, um dos principais desafios para o RH estava em ‘Recrutar pessoal/gerência com competências adequadas’, ponto listado por 46% dos participantes.

Um dos processos digitais impulsionados pelas restrições impostas pela pandemia foi o da telemedicina; o que antes se resumia a trocas eventuais de mensagens entre médico e paciente, por meio do WhatsApp, transformou-se em canal de atendimento e consulta com chegada do isolamento social.

Em entrevista ao programa Mundo Corporativo, da CBN, neste sábado, 22, Carlos Marinelli, presidente do Grupo Fleury, falou de como a empresa, o setor de saúde e seus profissionais tiveram de se adaptar desde que os primeiros casos de Covid-19 chegaram ao Brasil.

“Desde o primeiro momento, o foco sempre foi na segurança dos nossos colaboradores porque a gente sabia que, uma vez esses colaboradores estivessem seguros, nós iríamos trazer essa segurança também para os nossos clientes”.

O executivo destacou ainda que o que tem desafiado os gestores é o de entender o que vai acontecer com as empresas e os negócios após a pandemia. Apesar de apostar na ideia de que as pesquisas com uma ou mais vacinas estarão concluídas até o fim do ano, o que identifica como sendo libertador para o cidadão, Carlos Marinelli alerta que isso não significará que voltaremos a nos comportar como antes da pandemia. Nem devemos. O executivo acredita que diminuirá a necessidade de todos os profissionais estarem todos os dias dentro do escritório, o que restringirá a frequência de deslocamentos e colaborará com a redução da pegada de carbono, com impacto positivo na questão ambiental:

“Já estamos identificando pessoas que não voltarão para a sua principal forma de trabalho. Elas vão trabalhar de casa, elas vão trabalhar remotamente a maior parte do tempo e aquelas pessoas que vão trabalhar parte do tempo no escritório, vão trabalhar muito mais por missão. Essa história de jobs description — ou descrição de função — cada vez vai existir menos. Cada vez mais vamos contratar talentos e competências e entregar desafios”.

“As pessoas perceberam que não é a empresa que cuida delas, e sim que o cuidado é mútuo. Um bom líder pode fazer diferença, inclusive com equipes enxutas, porém, coesa e baseada no alto grau de maturidade que os funcionários estão adquirindo com a crise. O entendimento da equipe deve ser baseado na assertividade e sinceridade da chefia. Nós empresários, precisamos compreender os novos desafios que a pandemia trouxe para dentro do nosso ambiente profissional. Todos ainda estão aturdidos diante de tudo. Estou sempre atenta a isso. Meus funcionários recebem capacitação e quando algo não vai bem,  vou verificar e tentar melhorar. O chefe assertivo é aquele de franqueza firme, que fala diretamente, mas sem magoar ninguém”,  afirma Socorro Jorge, proprietária do restaurante Point do Pato, de comida regional mais badalado de Rio Branco, no Acre.

A empresária disse ainda que precisou ficar um mês de portas fechadas mantendo a folha de pagamento em dia até conseguir se adaptar e transformar o restaurante, em delivery, para não demitir ninguém.

Tendências do mundo pós-pandemia

Pequenas, médias e grandes corporações estão se contorcendo para tomar decisões estratégicas inteligentes. Diante de tantos desafios e de uma significativa mudança de mercado, entender a posição da sua empresa no novo contexto é primordial.

Analisando este momento e suas repercussões em nossas vidas pessoais e profissionais especialistas do setor identificaram seis principais tendências pós-pandemia que vão ditar o mundo corporativo daqui adiante. Entre os novos formatos estão: trabalho remoto, educação à distância, mentoria, apropriação digital, minimalismo, Lifelong learning [formação contínua].

Profissões emergentes pós ‘novo normal’

Um levantamento realizado pelo Linkedin Global, uma das maiores e mais famosas plataformas de emprego do mundo, demonstrou que as chamadas “soft skills” [competências em português] são maioria entre as dez habilidades mais valorizadas por empregadores.

A pesquisa divulgada pelo site, na segunda-feira passada, aponta a Comunicação como uma das mais citadas entre as habilidades. A lista ainda inclui capacidade de liderança, de aprendizado online e de resolução de problemas. O estudo analisou as exigências de cerca de 12 milhões de vagas disponíveis na plataforma em julho.

De acordo com o diretor-geral do Linkedin para a América Latina, Milton Beck, as “soft skills” também ganham importância por causa das mudanças tecnológicas: “São competências mais difíceis de serem reproduzidas por uma máquina.”

Em outro levantamento feito pela plataforma mostra que, no Brasil, nove das dez vagas mais anunciadas no Linkedin em julho são ligadas ao mundo digital, entre elas engenheiro de software e arquiteto de software.

Para Beck, o trabalho remoto fez com que a comunicação fosse mais valorizada pelos gestores. “As pessoas estão com os nervos à flor da pele. Ter canais de comunicação abertos ajuda a tirar preocupações”, afirma.

Veja as dez aptidões mais buscadas:

  • Comunicação
  • Gestão de negócios
  • Resolução de problemas
  • Ciência de dados
  • Gestão de tecnologias de armazenamento de dados
  • Suporte técnico
  • Liderança
  • Gerenciamento de projetos
  • Aprendizado online
  • Aprendizagem e desenvolvimento de funcionários
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