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Estudantes da Universidade de Harvard fazem imersão em comunidade ribeirinha na Amazônia
Visita dos estudantes de Harvard à comunidade ribeirinha (Artur Barbosa/Semsa)
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12 de janeiro de 2024
Da Revista Cenarium Amazônia*
MANAUS (AM) – Amazônia. Os desafios e os avanços da Prefeitura de Manaus na rede de promoção da saúde e as ações de prevenção e combate à malária em comunidades fluviais foram apresentados na terça-feira, 9, para 30 estudantes de pós-graduação da Universidade de Harvard que visitaram a Unidade de Saúde da Família (USF) Nossa Senhora de Fátima, localizada na região do Tarumã-Mirim, a 6,5 quilômetros da área urbana da capital.
A visita teve o objetivo de entender o trabalho do Sistema Único de Saúde (SUS) em uma unidade básica ribeirinha, considerando as demandas da população e as particularidades da região.
A iniciativa integra a programação do Curso Colaborativo de Campo em Saúde Pública Harvard-Brasil 2024, articulada entre a Secretaria Municipal de Saúde (Semsa), Secretaria de Estado de Saúde (SES-AM), Fundação de Vigilância em Saúde Dra. Rosemary Costa Pinto (FVS-RCP) e Universidade do Estado do Amazonas (UEA) com a Escola de Saúde Pública Harvard TH Chan (HSPH).
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O subsecretário municipal de Gestão da Saúde, Djalma Coelho, destacou que a visita foi fundamental para que os estudantes vissem na prática como é o funcionamento do SUS, um sistema de saúde que permite que todos sejam atendidos, sem distinção de classe social.
“O SUS é uma conquista social importantíssima. O Brasil é um País que se destaca com um sistema de cuidados à saúde em todos os níveis de atenção. Muitas vezes, esquecemos do quanto precisamos valorizá-lo. Isso ganha reforço quando profissionais de saúde de outros países nos visitam e demostram admiração pelas ações desenvolvidas em comunidades fluviais, que têm características muito específicas e demandam atenção redobrada”, acentuou Djalma.
Rotina
Os 30 estudantes de pós-graduação (médicos, nutricionistas, odontólogos, dentre outros) – 15 brasileiros e 15 estrangeiros -, fazem parte da 16ª turma do curso, conheceram as ações realizadas pelas duas equipes de Estratégia em Saúde da Família da USF Nossa Senhora de Fátima, gerenciada pela Semsa, que também é referência para os moradores das comunidades Abelha, Ebenezer, Livramento e Acurali localizadas naquela região.
O diretor do Distrito de Saúde Rural (Disa Rural), Rubens Santos Souza, conduziu a visitação, que também contou com a participação das equipes da FVS-RCP. Ele explicou os desafios que as equipes de Estratégia em Saúde da Família enfrentam para realizar ações de prevenção e promoção à saúde aos usuários do SUS.
“A visita foi muito importante para que mostrássemos o quanto a natureza impacta a rotina numa região peculiar como a nossa. Em 2023, tivemos uma estiagem severa e, agora, estamos no período de muitas chuvas, mas mesmo com esses fenômenos não deixamos de ofertar nossos serviços da atenção primária”, acentuou.
Prevenção
O Laboratório de Endemias Nossa Senhora de Fátima, que também funciona na comunidade, foi outro ponto de visita. A gerente de Vigilância Ambiental e Controle de Agravos e Vetores, da Semsa, Alinne Antolini, explicou sobre as ações desenvolvidas pelo programa de malária da secretaria, que envolve uma série de ações coordenadas e integradas entre as áreas de vigilância e assistência que contam com apoio dos agentes de endemia que realizam a busca ativa de casos, buscam pacientes sintomáticos, realizam o exame e levam o material para o diagnóstico laboratorial.
“Quando o resultado é positivo, o microscopista já separa a medicação, que é levada pelo agente de endemias à residência, quando necessário. Nas comunidades em que há laboratório, o paciente já sai com essa medicação e todas as orientações para o tratamento adequado durante o período”.
Alinne acrescentou que ações de controle vetorial também são realizadas. Um trabalho que compreende ações de entomologia, no qual é feita avaliação, monitoramento e tratamento de possíveis criadouros para o mosquito vetor da malária.
“Temos também ações de controle vetorial com inseticida, que a gente chama de controle vetorial químico, em localidades que registram aumento do número de casos positivos e ações de implantação e monitoramento de mosquiteiros impregnados. Todas essas ações são coordenadas e integradas, todas acontecem de forma paralela”, reforçou Alinne.
Desafio
A chefe do Departamento de Saúde Global e População na Escola de Saúde Pública de Harvard, Marcia Castro, que coordena a capacitação, assinalou que a ideia do curso nasceu da compreensão de que a saúde não está restrita à sala de aula, mas relacionada a vivências práticas que permitem a identificação de desafios, oportunidades e busca de soluções em realidades diferenciadas e dinâmicas.
“Esse curso já aconteceu em Fortaleza, Rio de Janeiro, Curitiba, São Paulo, Salvador e, pela primeira vez, está sendo feito no Amazonas, que era um sonho antigo que eu tinha, uma vez que trabalho na região desde 1999. É um curso transformador para a carreira e para a vida, não só para os que vêm de Harvard, mas também para os brasileiros que, muitas vezes, não tem ideia de quanto o SUS é desafiador. Tenho certeza de que todos sairão com sua formação aprimorada”.
A nutricionista americana Lexi Faina destacou que o aspecto mais interessante na visitação foi a gratuidade do SUS, uma realidade bem diferente da vivenciada pelos norte-americanos. “As abordagens junto aos ribeirinhos me deixaram muito impressionada porque vi que as pessoas conseguem ter acesso à saúde. É bem diferente do sistema americano, em que tudo é pago. Outro ponto foi o trabalho dos agentes de saúde e das unidades fluviais que fornecem atendimento e medicamentos. As pessoas, muitas vezes, nem precisam sair de suas casas para receber medicamentos”, pontuou.
A programação do curso colaborativo de campo, que iniciou no dia 3 de janeiro, prossegue até o dia 19. Na quarta-feira, 10, teve visita à Comunidade Parque das Tribos, na Zona Oeste de Manaus, onde o grupo conheceu outras ações de promoção à saúde oferecidas pela rede municipal. As formas de prevenção e fluxo de atendimento aos casos de tuberculose, Infecções Sexualmente Transmissíveis (ISTs) e HIV/Aids, dengue, zika e chikungunya, dentre outros agravos, também estão incluídos no roteiro de estudos.
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