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Estudo aponta ‘intermedicalidade’ na saúde do homem indígena no Pará
Estudo avaliou conhecimentos medicinais de indígenas no Pará (Arquivo Pessoal/Petrônio Potiguar)
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20 de fevereiro de 2023
Ívina Garcia – Da Revista Cenarium
MANAUS – O estudo, desenvolvido pelo professor e membro do Comitê de Ética em Pesquisa do Núcleo de Formação Indígena da Universidade do Estado do Pará (Uepa), Petrônio Potiguar, avaliou a influência da medicina ocidental nas concepções de saúde dos homens indígenas da aldeia Mapuera (Terra Indígena Nhamundá Mapuera), no noroeste do Pará.
Durante os três anos de pesquisa, Petrônio acompanhou as formas de tratamento de lesões e doenças realizadas na comunidade, o processo de preparo e aplicação dos medicamentos locais, o atendimento de um Agente Indígena de Saúde (AIS) e área interna do Posto Indígena de Saúde presente no território indígena.
O trabalho concluiu que a participação de campanhas missionárias e os conhecimentos da medicina ocidental são transformadoras das concepções indígenas sobre saúde, doença e cura dos homens da comunidade.
“A aldeia se encontra em um processo de articulação entre os saberes tradicionais e a influência religiosas e culturais vindas de fora desde as décadas de 1980 e 1990. Identifiquei a existência de uma ‘intermedicalidade’, que é a articulação no processo da cura das doenças com a fé”, disse Petrônio.
Segundo o pesquisador, a escolha do tema se deu devido à carência de estudos dessa temática na área da saúde. “Sou antropólogo, mas durante sete anos, dei aula para os moradores da aldeia, no Campus de Santarém, e durante esse período percebi que a saúde do homem indígena não era uma temática tão discutida“, explicou.
Os indígenas da aldeia Mapuera tiveram contatos com outros povos indígenas na região dos rios Trombeta e Nhamundá-Mapuera, além do contato com a medicina do Estado brasileiro e com evangelizadores da Igreja Protestante Batista. Essas conexões influenciaram nos cuidados terapêuticos dos homens indígenas.
“Eu morei na aldeia durante nove meses com os indígenas. Fiz diversas entrevistas com os homens, lideranças, os que trabalham com a área da saúde e também com as mulheres, muitas vezes responsáveis por repassar os conhecimentos medicinais aos demais“, conta o antropólogo.
A tese de doutorado baseou-se no método etnográficos e no enfoque teórico da Antropologia dialógica, em que palavras e gestos são utilizados para captar narrações, emoções e concepções de histórias de vida, com homens de diferentes faixas etárias.
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