Com informações do O Globo
SÃO PAULO – A crise hídrica que afeta o País e encarece a conta de luz já se reflete também no abastecimento de água pelo Brasil. Cidades de ao menos cinco Estados adotaram o racionamento de água desde o início de maio para conter os efeitos da estiagem.
Em São Paulo, pelo menos sete cidades do interior, onde vivem cerca de 1,2 milhão de pessoas, aderiram à medida. Há registros de racionamento de água também no Paraná, Rio Grande do Sul, Pernambuco e Rio Grande do Norte.
Os horários de corte e retorno da água variam em cada município. No centro de Itu, por exemplo, os moradores têm a água suspensa em dias alternados. Esquema similar é adotado em Bauru. Em Salto, o rodízio ocorre a cada 12 horas. Há rodízio também em São José do Rio Preto, Chavantes, Santa Cruz das Palmeiras e Rio das Pedras.
Racionamento e multas
Além do racionamento, cidades paulistas têm adotado iniciativas como a aplicação de multas para quem for flagrado lavando a calçada ou o carro. Em São José do Rio Preto, a autuação pode chegar a R$ 2,6 mil em caso de reincidência, mas a fiscalização prioriza medidas que eduquem a população sobre a importância do consumo moderado.
O volume de chuvas na cidade entre janeiro e julho deste ano é cerca de metade dos 805 mm observados no mesmo período de 2020. O racionamento na cidade afeta cerca de 100 mil pessoas, que têm a água cortada entre 13h e 20h.
A medida foi adotada desde 12 de maio nos bairros abastecidos pelo rio que dá nome à cidade e, nos últimos dois meses, garantiu a economia de 15% de água, segundo a prefeitura.
Em nota, a gestão informou que, desde o início da adoção do racionamento, “houve uma colaboração muito grande da população, que compreendeu o momento que a cidade está passando, evitando desperdiçar água”.
No Paraná, os moradores de Curitiba e região metropolitana enfrentam corte de água de 36 horas a cada 60 horas abastecidos. A medida afeta cerca de 3,6 milhões de moradores.
Também no Sul do País, moradores de Bagé (RS) enfrentam racionamento entre 23h e 5h devido à falta de água nas barragens que abastecem a cidade.
Menor volume de chuvas
Em março, o Comitê do Monitoramento do Setor Elétrico informou que, nos sete meses anteriores, o País registrou o menor volume de chuva captado pelas hidrelétricas dos últimos 91 anos. Em Pernambuco, 14 municípios da região metropolitana de Recife adotaram o racionamento e, no Rio Grande do Norte, 68 cidades fizeram o mesmo.
Em maio, o Monitor da Seca, ferramenta da Agência Nacional de Águas que monitora a situação pelo País, indicava a persistência de chuvas abaixo da média e o avanço da seca em São Paulo, principalmente no noroeste do Estado.
No mesmo mês, o Sistema Nacional de Meteorologia emitiu alerta inédito de emergência hídrica para os Estados de São Paulo, Minas Gerais, Mato Grosso do Sul, Goiás e Paraná.
Para Wagner Ribeiro, professor de Geografia da USP, apesar da falta de chuvas, a gestão dos recursos hídricos no País ainda é a principal responsável pelas crises de desabastecimento cada vez mais intensas e frequentes:
“Poderíamos fazer mais e melhor. Não temos uma distribuição justa do acesso à água. Há, por exemplo, contratos de demanda que garantem preço menor para grandes usuários, desde que mantenham o consumo elevado. É uma política que estimula o alto consumo, mesmo no contexto de escassez. Enquanto isso, falta água para alguns e ela é item essencial na pandemia: as pessoas precisam lavar as mãos, garantir sua higiene. Em que pese a falta de chuva, nosso grande problema ainda é a gestão”, afirmou.
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