Fidget Toy: brinquedo pode aliviar estresse e ansiedade infantil?

O brinquedo da moda promete estímulos benéficos para garotada (Reprodução/Shutterstock)

Priscilla Peixoto – Da Cenarium

MANAUS (AM) – O chamado Fidget Toy, brinquedo que se propõe a aliviar o estresse e ansiedade infantil, virou febre no mundo todo. Se você convive com alguma criança ou trabalha em ambientes que atendem o público infantil, não é difícil já ter ouvido falar ou ver um pequenino com esse objeto na mão. A CENARIUM conversou com uma especialista em psicologia infantil para entender o efeito do brinquedo em destaque no mercado.

Na leitura da psicóloga infantil Célia Braga, o produto infantil, também conhecido como pop it, de fato causa efeitos calmantes e anti stress, porém, há a necessidade de levar em consideração os seguintes contrapontos. “Podem sim auxiliar no combate à ansiedade, mas é importante que haja um controle e não se torne mais uma preocupação e não se limite de repente a um vício, pois é um brinquedo com valor alto e consequentemente por esse motivo talvez cause transtornos para os pais que não tem acesso”, pontua a psicóloga.

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A peça de silicone colorida e de diversos formatos, que imita o plástico bolha, custa em torno de R$ 35, podendo chegar até valores mais altos como R$ 50, dependendo do local de onde é vendida. O brinquedo é a aposta do mercado atualmente e já virou até mesmo capinha de celular, chaveiro, pulseiras e peças variadas que estão rompendo a barreira da idade e conquistando até jovens e adultos.

Além da popularização por conta da exposição massiva nas mídias sociais, Célia Braga explica que um dos fatores que ocasionaram a fama do brinquedo é o fato de ser um objeto manual e sensorial, além das cores empregadas no brinquedo, que chamam a atenção de quem usa. “A interação manual com os objetos lúdicos e sensoriais traz uma sensação de calmaria, tranquilidade e sentimento satisfatório para o indivíduo.”, dispara Célia.

É possível encontrar várias opções no mercado (Reprodução/Shutterstock)

“Compra pra mim?”

A pequena Bianca Alcântara, de 8 anos, entrou na brincadeira de vez com seu pop it azul, cor escolhida pela própria menina, que, segundo o avô Luíz Gonzaga, fez do objeto o novo passatempo. Ele conta que a neta aparentemente não demonstra claros sinais de ansiedade, mas reconhece uma certa “calmaria” no comportamento dela.

“Não percebemos sinais que denotam ansiedade ou depressão nela. Mas é notável que ela fica mais tempo brincando com este brinquedo do que com os outros. Não sei dizer se ele contribui positivamente como dizem, mas pelo menos ajudou com que ela fique até menos tempo jogando no celular, uma das nossas grandes preocupações, pois sabemos que não faz bem para a criança”, conta o avô.

Alerta e dicas

Apesar de servir como ferramenta que possibilita o alívio da ansiedade e o estímulo da concentração, a psicóloga reforça o alerta para que o Buble não cause um efeito rebote. Ela pontua que cabe aos pais ou responsáveis saber ponderar e realizar o acompanhamento do uso de qualquer objeto pelos filhos. Isso porque, de acordo com Célia, a falta de limites e superestimação do dispositivo infantil podem acabar disfarçando/mascarando um possível sintoma de ansiedade.

“É legal o intuito ao qual o brinquedo se propõe, mas lembremos que ele é apenas uma ferramenta alternativa e jamais vai substituir os cuidados de um profissional ou terapia quando necessária. Cada caso é um caso e os níveis de ansiedades são diferentes, óbvio que em casos mais intensos não dá para confiar os cuidados a uma brinquedo, você incluí-lo no tratamento como dispositivo de auxílio”, ressalta.

Para as mamães, papais e responsáveis de crianças que já tenham passado por algum quadro de ansiedade ou aqueles que queiram evitar, Célia Braga dá algumas dicas que contribuem para a manutenção do bem-estar dos pequenos, como: Controlar a respiração, estimular a prática do exercício físico, ensinar a importância da organização desde cedo, cuidar do sono e da alimentação dos pequeninos e liberar de forma saudável o uso de brinquedos sensoriais, lúdicos e educativos, como pop its, slimes, massinhas de modelar, legos.

O brinquedo é classificado como sensorial (Reprodução/ Getty Images)

Ansiedade infantil

A Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP) divulgou, em junho deste ano, que durante a pandemia uma a cada quatro crianças e adolescentes apresentaram ansiedade e depressão em nível clínico. O estudo incluiu o total de 7 mil crianças e adolescentes de todas as regiões do Brasil no período que compreendeu junho de 2020 até junho de 2021.

“Sem dúvida nenhuma não somente as crianças, mas a grande maioria da população está mais ansiosa, mais depressivas. O isolamento ou distanciamento social, a mudança brusca de rotina, a perda de conhecidos e familiares e várias outras questões que se tornaram gatilhos desencadeadores ou potenciadores” explica a profissional de saúde.

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