Fiscais do Ibama e PRF sofrem ataque a tiros em operação contra garimpo ilegal

Ibama queima estrutura do garimpo. (Divulgação)
Bianca Diniz – Da Revista Cenarium

BOA VISTA (RR) – Na última semana, fiscais do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) e da Polícia Rodoviária Federal (PRF-RR) foram alvos de tiros durante uma operação contra o garimpo ilegal na Terra Indígena (TI) Yanomami, em Alto Alegre, Norte de Roraima, distante a 114 km da capital Boa Vista.

O helicóptero da equipe foi atingido pelos suspeitos, no entanto, ninguém se feriu. O Ibama afirmou que os ataques não devem impedir a continuidade das fiscalizações e do combate às atividades ilegais na região da TI Yanomami. Juntamente com a PRF, reforçou a segurança dos fiscais para garantir que possam continuar a desempenhar suas funções com segurança.

Ibama e PRF sofrem o terceiro ataque a tiros no período de dois meses (Reprodução/Ibama)

A Polícia Federal (PF) realizou uma perícia no helicóptero na última quinta-feira, 30, em Boa Vista. Uma investigação foi iniciada para identificar os responsáveis pelo ataque e aplicar as medidas legais cabíveis.

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Ação

Durante a operação nas proximidades do Rio Couto Magalhães, diversas instalações utilizadas pelos criminosos foram destruídas, e o garimpo ilegal foi desativado. De acordo com as equipes, foram destruídos oito motores, dois geradores de energia e 29 instalações, entre acampamentos e estruturas de suporte logístico.

Este é o terceiro ataque a tiros sofrido pelos fiscais na região da TI Yanomami. No último dia 14, garimpeiros e agentes de fiscalização trocaram tiros na região de Waikás, no Rio Uraricoera, mas ninguém ficou ferido, e dois criminosos foram detidos.

Outros ataques

O primeiro ataque a tiros aconteceu na base de fiscalização da Comunidade Palimiú, no Rio Uraricoera, no dia 23 de fevereiro. Garimpeiros armados furaram o bloqueio e atiraram contra agentes do Ibama. Os fiscais revidaram, e um dos invasores foi baleado.

O segundo aconteceu no dia 14 de março durante intervenção na região de Waikás, no Rio Uraricoera. Houve troca de tiros, mas ninguém ficou ferido. Dois garimpeiros foram detidos no local.

Operação Libertação

Desde o início de fevereiro, uma força-tarefa da PF foi destinada a combater as atividades ilegais na região da TI Yanomami, com o apoio das equipes do Ibama, Fundação dos Povos Indígenas (Funai), Ministério da Defesa e Força Nacional.

Agentes da PF destroem posto de garimpo ilegal próximo à comunidade de indígenas. (Divulgação/Funai)

A Operação Libertação tem como objetivo pôr fim à logística da atividade ilegal, mediante à desativação da infraestrutura utilizada para a prática criminosa, e a obtenção de provas materiais para a investigação do delito.

TI Yanomami

A Terra Indígena (TI) Yanomami, que abrange uma área de 9,6 milhões de hectares, é o maior território ocupado por povos indígenas no Brasil, e é protegida por rigorosas leis ambientais. Segundo dados do último Censo do IBGE, 26.854 Yanomami residem na região, sendo que 16.560 deles vivem em Roraima e os outros 10.294 em aldeias situadas no Amazonas.

O conflito entre indígenas e garimpeiros ilegais acontece há muitos anos em Roraima. (Victor Moriyama/ISA)

A invasão de garimpeiros ilegais gerou a maior crise humanitária vivida pelo povo Yanomami, expondo os indígenas a substâncias altamente tóxicas, como o mercúrio, utilizadas no processo de extração de ouro. A situação tem afetado gravemente a saúde dos Yanomami e tem contribuído para a deterioração do meio ambiente e da biodiversidade da região.

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