Fósseis brasileiros ajudam a entender como viviam os dinossauros

Ovos de dinossauros de Uberaba (Reprodução/Departamento de Ciências Biológicas)

Com informações da Agência Brasil

BRASIL – Um sítio paleontológico localizado na cidade mineira de Uberaba tem ganhado espaço na comunidade acadêmica ajudando estudiosos a ampliarem os conhecimentos sobre como viviam os dinossauros e sobre como eram os ambientes onde viviam estes que foram os maiores seres vivos terrestres de nosso planeta. As pesquisas feitas neste e em outros sítios do tipo têm frequentado páginas de importantes publicações científicas, colocando o Brasil no radar de países com produções acadêmicas relevantes sobre o tema.

Recentemente, a revista internacional Scientific Reports, do Grupo Nature, publicou um artigo sobre fósseis de ovos de dinossauros encontrados em Uberaba, entre os anos 90 e o início dos anos 2000, em uma área de mineração de calcário, na região de Ponte Alta. O estudo comprovou que este foi o primeiro sítio de identificação de dinossauros encontrado no Brasil.

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“Esses ovos fossilizados chegaram a nosso acervo em 2018, quando nosso técnico de escavação e preparação de fósseis, João Ismael, terminou de preparar o material e o colocou à nossa disposição”, explica o professor do Instituto de Ciências Exatas, Naturais e Educação da Universidade Federal do Triângulo Mineiro (UFTM) Thiago Marinho.

Titanossauros

Posteriormente, ao comparar o achado com fósseis descobertos em outras partes do mundo, em especial na Argentina, descobriu-se que se tratava de ovos de titanossauros – dinossauros herbívoros, quadrúpedes, com pescoço e calda longos e cabeça pequena. “São aqueles pescoçudos que vemos no filme parque dos Dinossauros”, resume o professor e coautor do estudo.

Os ovos de titanossauros citados na revista (cerca de 20, incluindo um conjunto de 10 ovos que estavam em um ninho) ajudaram a ampliar os conhecimentos sobre a vida desses animais que viveram há cerca de 70 milhões de anos na região. “São os maiores animais que já caminharam na terra. Seu tamanho podia variar de 10 a 26 metros de comprimento”, descreve Marinho.

“Nossa publicação confirmou que os titanossauros eram animais que viviam em grupos e que usavam a mesma área para fazer ninhos e botar ovos. Vimos que essas áreas eram reaproveitadas em momentos sequentes. O grupo voltava periodicamente ao local e lá fazia novos ninhos onde colocavam mais ovos. Isso indica que os dinossauros de Uberaba viviam, se reproduziam e nasciam por ali”, detalhou.

Elemento de vida

O pesquisador acrescenta que os estudos mostraram que o ovo era tido como “elemento da vida” para esses dinossauros. “Em vez de estudarmos esse material como uma coisa isolada do animal, estudamos o ovo como um elemento da vida do dinossauro. Ou seja, seu primeiro estágio de desenvolvimento. Por meio da metodologia utilizada, agregamos informações para entender mais sobre os hábitos de vida desses animais e sobre a evolução do grupo”, disse.

Os ovos têm cerca de 12cm de diâmetro. Um dos conjuntos de ovos, que corresponde a 10 ovos, foram preservados dentro dos sedimentos de um ninho. “A fêmea titanossauro escavou um buraco no chão, colocou os ovos e depois os cobriu com areia”.

Paleontologia brasileira

Marinho ressalta que a descoberta, considerada a maior do tipo já ocorrida no Brasil, reforçou o papel relevante que a paleontologia brasileira vem ganhando na comunidade acadêmica. “Os estudos sobre os ovos encontrados nessa região trazem cada vez mais elementos relevantes para compreensão da diversidade biológica do passado e também dos ambientes”, disse.

“Nossas pesquisas têm causado um impacto internacional grande. Temos um grupo de pesquisa consolidado e, com essas descobertas, temos fortalecido ainda mais nossos laços, principalmente, com colegas argentinos, com quem já temos diversos trabalhos publicados em conjunto”, disse.

O primeiro fóssil descoberto em Uberada foi de um ovo de dinossauro, na década de 40 – o primeiro descoberto na América do Sul. O estudo foi publicado na década de 50. O paleontólogo Agustín Martinelli destaca que toda a região do Triângulo Mineiro é chave para estudar as faunas do final da Era Mesozoica e, particularmente, o município de Uberaba continua trazendo à luz descobertas com impacto mundial

Como os fósseis de Uberaba estão muito bem preservados e estão em grande quantidade, muitos pesquisadores estrangeiros têm visitado o acervo para comparar dados. Marinho diz que não só pesquisadores, mas o público em geral tem se interessado cada vez mais pelo material. O pesquisador lembra que a paleontologia é uma “ferramenta única para fomentar ciência, educação e turismo e beneficiar a população toda”. “Estes achados continuarão e seguirão mantendo a região como ícone na paleontologia brasileira”, acrescentou.

O País contém outros sítios paleontológicos, além do de Uberaba. Um de destaque é o localizado no Rio Grande do Sul, que é considerado “o berço de todos os dinossauros do mundo, onde se encontram os dinossauros mais antigos do planeta”, segundo Marinho. Há também sítios como a da Chapada do Araripe, no Nordeste, onde são encontrados fósseis de dinossauros e muito bem preservados.

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