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Fumaça de queimadas na Amazônia e no Pantanal causam problemas cardíacos e respiratórios
No início da semana, uma nuvem de fumaça foi percebida sobre cidade e chegou a encobrir o alto dos prédios e pontos turísticos, como a Ponte Phelippe Daou, sob o rio Negro. (Revista Cenarium/ Ricardo Oliveira)
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19 de setembro de 2020
Luís Henrique Oliveira – Da Revista Cenarium
MANAUS – Queimadas ambientais dizimam dezenas de hectares de terra no País todos os anos. Em 2019, a região mais afetada foi a Amazônica. Este ano, as queimadas estão mais concentradas no Pantanal. Acontece que, além dos animais que morrem queimados e da população das grandes cidades, indígenas também sofrem com problemas de saúde em decorrência das fumaças.
Uma pesquisa recente desenvolvida pela Universidade Estadual Paulista (Unesp) de Marília, em São Paulo, comprova que o primeiro órgão a ser prejudicado é o coração, ajudando a desencadear diversas doenças que vão além das respiratórias.
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De acordo com o pesquisador Vitor Valenti, da Unesp, a fuligem deixada no ar age por meio do nariz e prejudica além do pulmão outros órgãos do corpo humano. “Durante a queimada é produzido material particulado e esse material chega nos neurônios pelo nariz e desencadeia reflexos cardiovasculares. Num período mais prolongado, colabora para o surgimento de algumas doenças como a hipertensão, AVC e esclerose, seguindo a sequência, esse material entra nos pulmões e vai para a corrente sanguínea prejudicando a circulação”, disse o pesquisador.
Com asma desde a infância, o empresário Ricardo Coelho, de 25 anos, é uma pessoa que sofre, diariamente, com a fumaça proveniente das queimadas. “Quando eu acordo e vejo o céu com aquela cor, cinzento, eu já sei que vou ter um dia cansado. Os sintomas começam a refletir primeiro no cansaço, com certeza, por conta da dificuldade em respirar. Incomoda. Não chego a tossir, mas meus olhos lacrimejam quando está muito forte e o remédio para isso é tomar muita água e procurar não sair de casa”, afirmou.
Além da população das grandes cidades e dos animais que morrem queimados, os incêndios ilegais na Amazônia Legal têm impacto direto na saúde dos povos indígenas da região. Um estudo inédito do Instituto Socioambiental (ISA), divulgado em agosto passado, mostrou que há um aumento médio de 25% nas internações de indígenas com mais de 50 anos por problemas respiratórios em decorrências das queimadas.
Os pesquisadores do ISA identificaram que, entre 2010 e 2019, o pico de internações de indígenas por doenças como asma, pneumonia, influenza, bronquite aguda, bronquiolite aguda e outras infecções respiratórias agudas coincide com o período de queimadas da floresta. O motivo é a alta concentração de partículas em suspensão no ar, prejudiciais aos bronquíolos e alvéolos pulmonares, estruturas responsáveis pela respiração.
Toda a vegetação em volta da sua casa, à beira do rio Cuiabá, foi destruída pelo fogo há cerca de dez dias, com a exceção de uma pequena horta. Ela contou apenas com a ajuda de um dos filhos para salvar a construção de chão batido e telhado de palha.
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