‘Grito dos Excluídos’ tem baixa participação de público LGBTQIA+ em Manaus

Comunidade LGBTQIA+ luta por direitos negados pelo Governo Bolsonaro (Michele Pires/ Arquivo)

Suzy Figueiredo – Da Cenarium

MANAUS (AM) – Aglomeração e o risco de contaminação devido ao período de pandemia foram as principais razões que motivaram as principais lideranças LGBTQIA+ a não comparecerem ao 27º Grito dos Excluídos e Excluídas, realizado na última terça-feira, 7, Independência do Brasil. A data foi oportuna para que a comunidade LGBTQIA+ pudesse expressar insatisfação contra o Governo Bolsonaro que mantém uma política indiferente à diversidade de gênero.

“A baixa participação dos movimentos sociais junto ao Grito dos Excluídos foi uma forma dos movimentos demonstrarem insatisfação no mesmo dia em que apoiadores do presidente estavam nas ruas. Talvez as entidades do movimento LGBTQIA+ não estivessem em blocos, mas com certeza haviam muitos LGBTQIA+ no grito, pois a luta é transversal”, disse o coordenador Estadual da Aliança Nacional LGBTQIA+ no Amazonas, Gabriel Mota.

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Apesar do número reduzido, alguns LGBTQIA+ não deixaram de marcar presença expondo suas ideologias e reivindicando suas bandeiras de luta, mas quem não pôde comparecer em massa justificou e falou da importância da manifestação e da representatividade. Além disto, diferentemente das manifestações pró-Bolsonaro, todos que estiveram presentes no Grito dos Excluídos compareceram de máscara e seguiram protocolos contra Covid-19.

“As principais lideranças LGBTQIA+ não estiveram presentes no Grito dos Excluídos, inclusive, foi um assunto que orientei em reunião com a minha equipe. O Grito dos Excluídos é um evento muito importante e valoroso onde a gente trabalha e expõe nossas liberdades de expressão, mas diante do cenário que vivemos, sabendo que a pandemia ainda não passou, achei muito arriscado”, alertou a presidente da Associação da Parada do Orgulho LGBT MANAUS, Bruna Lá Close, 47, que disse ter tomado a primeira e a segunda dose da vacina, mas não quis se arriscar, nem sua equipe.

Diálogo LGBTQIA+

A presidente da Associação de Travestis, Transexuais e Transgêneros do Amazonas (Assotram), Michelle Pires, informou que membros da Assotram estiveram presentes na manifestação pedindo justiça e a defesa da democracia, mas com o intuito também de chamar atenção da população para as desigualdades e exclusões sociais que persistem no Brasil.

“Percebi que na manifestação havia um número significativo de pessoas LGBTQI+, mas que não eram membros de coletivos e organizações da sociedade civil LGBTQI+, porém continuam fortalecidos os diálogos com essas comunidades dentro de partidos políticos”, avaliou Pires, considerando a relevância das reuniões internas partidárias entre os membros LGBTQI+.

Novas manifestações

Neste domingo, 12, a população contrária às imposições do Governo Bolsonaro prometem ir às ruas de forma organizada para manifestar a favor das minorias. E a representatividade Assotram declarou participação efetiva para apresentar suas reivindicações.

“Estamos sabendo da manifestação do dia 12 e vamos participar, sobretudo, pensando enquanto organização da sociedade civil que existe há quatro anos como a Assotram. A gente mantém diálogo também com outras organizações sociais tanto LGBTQIA+ como de outros segmentos, e outras frentes de luta”, citou Michelle.

O objetivo da Assotram, segundo Michelle Pires, é lutar pelos direitos humanos, pelos direitos sociais de populações, e comunidades em situações de minoria que estão sendo afetadas pelo atual governo, definido pela ativista, como uma política genocida, desigual e que preza pela exclusão social.

“Nosso objetivo maior enquanto sociedade organizada é tirar o atual presidente que negligencia as mazelas sociais e não busca medidas para sanar esses problemas. Na verdade, ele acaba proferindo discursos que contribuem cada vez mais para o afunilamento do preconceito, da discriminação e da morte no Brasil”, finalizou Michelle Pires.

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