História de ocupação da Amazônia mostra que humanos e floresta podem conviver

Moradora do rio Tapajós, próximo a Monte Alegre, a senhora traz para casa um robusto cacho do fruto da bacaba, uma palmeira, para o preparo do vinho. (Maurício de Paiva/National Geographic)
Com informações do National Geographic

Monte Alegre, Pará. Agosto de 1849. O naturalista inglês Alfred Russel Wallace, coautor da teoria da evolução, ao lado de Charles Darwin, navega pelo Baixo Amazonas, a leste de Santarém, e visita um lugar intrigante à margem esquerda do grande rio.

Um cenário diferente, com campos de cerrado, várzeas e serras recortadas por cavernas e peculiares formações rochosas destacava-se em meio à planície de densa floresta tropical observada pela expedição até então.

Em terra, o viajante estrangeiro é alertado por moradores locais de que algo ainda mais surpreendente poderia ser observado no alto das montanhas. Depois de subir os 220 metros de altitude da serra do Ererê e chegar à Pedra do Pilão, Wallace se depara com um painel pintado com grandes círculos concêntricos e diversas figuras bastante complicadas, medindo 4 pés de altura, segundo suas palavras.

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As misteriosas inscrições rupestres, que os nativos presumiam representar o Sol e a Lua, foram descritas por Wallace em seu livro Viagens pelos Rios Amazonas e Negro quatro anos depois, em 1853.

No século seguinte, em 1995, depois de ler o antigo relato do naturalista inglês, a arqueóloga norte-americana Anna Roosevelt faz uma escavação na caverna Pedra Pintada, na serra do Paituna, e obteve a primeira datação homologada por radiocarbono na região.

O resultado espantou a comunidade cientifica internacional – as inscrições tinham sido feitas há 11,2 mil anos e colocava Monte Alegre e a caverna da Pedra Pintada no mapa das ocupações humanas mais antigas das Américas.

O trabalho de Roosevelt, no entanto, não se preocupou em definir a linha cronológica ao longo do tempo, ignorando variações temáticas e estilísticas das pinturas rupestres, o que gerou a falsa ideia de que todas tivessem a mesma idade e autoria.

A partir de 2012, entra em cena um grupo de arqueólogos brasileiros que ajudaria a mudar o modo de pensar o processo de ocupação humana na Amazônia e a variabilidade comportamental dos primeiros povoadores do continente até a chegada dos colonizadores.

Coordenados por Edithe Pereira, pesquisadora do Museu Emílio Goeldi, no Pará, a equipe se debruçou na investigação minuciosa e contextualização dos vestígios rupestres para tentar enxergar evidências que mostrassem o processo de construção cultural e o possível diálogo e interconexão entre diferentes sociedades.

O grupo de cientistas passou a comparar os desenhos das rochas da caverna Pedra Pintada com cerâmicas atribuídas a povos ceramistas que viveram na região por volta de 1.000 a.C. Ao longo do processo, ficou evidente que os motivos, principalmente os antropomorfos, eram muito semelhantes.

Leia matéria completa no National Geographic

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