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Indígenas do Vale do Javari integram grupo que discute criação do Ministério dos Povos Originários
Beto Marubo e Eliésio Marubo são do Vale do Javari, no Amazonas. (Arte: Mateus Moura)
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02 de dezembro de 2022
Marcela Leiros – Da Revista Cenarium
MANAUS – Dois indígenas do Vale do Javari foram nomeados, nesta sexta-feira, 2, para o Grupo Técnico de Povos Originários da equipe de transição do governo eleito de Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Eliésio Marubo e Beto Marubo, da União dos Povos Indígenas do Vale do Javari (Univaja), agora fazem parte do grupo que vai apoiar a coordenação para a criação do Ministério dos Povos Originários. Além deles, Leonardo Lenin, da Organização dos Povos Indígenas Isolados (OPI) também está no GT.
Em publicação no Instagram, Eliésio Marubo, que é procurador jurídico da Univaja, agradeceu Lula pela nomeação e lembrou do assassinato do indigenista da Fundação Nacional do Índio (Funai), Bruno Pereira, e do jornalista britânico Dom Phillips. Os dois foram mortos no Vale do Javari em junho deste ano, por pescadores que atuavam ilegalmente na região onde está localizada a Terra Indígena Vale do Javari.
“A @Imprensa_Nacional traz minha nomeação, Beto Marubo e Leonardo Lenin @OPI_Isolados ao GT dos Povos Originários. Obrigado, @LulaOficial. Nossa participação reflete bem o que aconteceu com o brutal assassinato de Bruno Pereira, da @UnivajaOficial e Dom“, disse Eliésio.
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Na semana passada, o gabinete de transição de Governo Lula, liderado pelo vice-presidente eleito Geraldo Alckmin (PSB), convidou lideranças indígenas para montar um núcleo temático específico para tratar dos povos isolados.
Na quinta-feira, 1º, antes da publicação da portaria que traz o nome dos novos integrantes do GT, Beto Marubo pediu que o novo governo passe a atuar de forma efetiva na proteção do Vale do Javari ou, do contrário, o território será perdido para quadrilhas organizadas que atuam na região.
Dom Phillips e Bruno Pereira foram assassinados em 5 de junho deste ano, enquanto se locomoviam de barco para a cidade de Atalaia do Norte, no Amazonas. O assassinato brutal atraiu os olhares para a região da floresta amazônica que concentra o maior número de povos isolados do mundo.
Com a ajuda dos povos indígenas do Vale do Javari, as autoridades encontraram o barco usado por eles e o local dos corpos na mata. As investigações não revelaram ainda um mandante, mas chegaram a três pescadores ilegais que participaram dos assassinatos. Segundo as investigações, eles estavam descontentes com o monitoramento de crimes ambientais conduzidos pelo indigenista.
Ao denunciar os pescadores à Justiça, o Ministério Público Federal (MPF) afirmou que o duplo homicídio teve motivo fútil, pois foi cometido por causa de uma foto tirada por Dom Phillips do barco onde estavam os suspeitos.
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