Inflação registra maior alta em 28 anos em março e chega a 11,30% em 12 meses

Com o resultado, o IPCA acumula alta de 11,30% em 12 meses (Reprodução)
Com informações do Infoglobo

RIO – A inflação acelerou em março e subiu 1,62%, segundo dados divulgados pelo IBGE nesta sexta-feira, 8. É a maior alta para um mês de março desde 1994 (42,75%), antes da implantação do plano Real. Com o resultado, o IPCA acumula alta de 11,30% em 12 meses.

O resultado veio acima do esperado pelo mercado. Analistas econômicos esperavam alta de 1,28% no mês de março, segundo mediana da Reuters.

Pesou sobre o indicador no mês de março o reajuste nos preços da gasolina, diesel e gás de cozinha, concedido pela Petrobras nas refinarias e repassado pelas distribuidoras.

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Reajuste dos combustíveis puxa alta

Oito dos nove grupos pesquisados registraram alta em março. Os principais impactos vieram do grupo Transportes, com avanço de 3,02%, e de alimentação e bebidas, com alta 2,42%. Juntos, estes dois grupos contribuíram com cerca de 72% do índice do mês.

Em Transportes, a alta foi puxada, principalmente, pelo aumento nos preços dos combustíveis, com destaque para a gasolina, que subiu 6,95%.

“Tivemos um reajuste de 18,77% no preço médio da gasolina vendida pela Petrobras para as distribuidoras, no dia 11 de março. Houve também altas nos preços do gás veicular (5,29%), do etanol (3,02%) e do óleo diesel (13,65%). Além dos combustíveis, outros componentes ajudam a explicar a alta nesse grupo, como o transporte por aplicativo (7,98%) e o conserto de automóvel (1,47%). Nos transportes públicos, tivemos também reajustes nas passagens dos ônibus urbanos em Curitiba, São Luís, Recife e Belém”, detalha o gerente do IPCA, Pedro Kislanov.

Cenoura acumula alta de 166,7% em 12 meses

No grupo dos alimentos e bebidas, a alta decorre, principalmente, dos preços dos alimentos para consumo no domicílio. Os preços do tomate subiram 27,22%, em março. Já os preços da cenoura avançaram 31,47% e já acumula alta de 166,17% em 12 meses.

Também subiram os preços do leite longa vida (9,34%), do óleo de soja (8,99%), das frutas (6,39%) e do pão francês (2,97%).

“Foi uma alta disseminada nos preços. Vários alimentos sofreram uma pressão inflacionária. Isso aconteceu por questões específicas de cada alimento, principalmente fatores climáticos, mas também está relacionado ao custo do frete. O aumento nos preços dos combustíveis acaba refletindo em outros produtos da economia, entre eles, os alimentos”, analisa Pedro Kislanov.

O grupo Habitação avançou 1,15% em razão do aumento de 6,57% do gás de botijão, cujos preços subiram devido ao reajuste concedido pela Petrobras em março. A alta de 1,08% da energia elétrica também contribuiu para o resultado do grupo, principalmente por causa dos reajustes nas tarifas.

No mês passado, os clientes residenciais da Light no Rio tiveram aumento de 15,53% na tarifa, enquanto para os da Enel, que atende Niterói, Região dos Lagos e Norte Fluminense, o reajuste foi de 17,39%.

Também houve aceleração nos preços dos grupos Vestuário (1,82%) e Saúde e Cuidados pessoais (0,88%). O único com queda foi Comunicação, com -0,05%. Educação subiu 0,15% e Despesas pessoais subiram 0,59%.

Inflação acumulada

Economistas esperam que  inflação acumulada em 12 meses atinja um pico no mês de abril, até que comece a arrefecer de forma lenta e saia do patamar dos dois dígitos em agosto.

O anúncio feito pelo governo de antecipação do fim da bandeira de Escassez Hídrica nas contas de luz para o próximo dia 16 trará um alívio antes do esperado para o consumidor, mas não altera a trajetória de preços pressionados ao longo deste ano. Analistas estimam que a inflação fique entre 6,5% e 7% este ano.

Caso seja confirmado, 2022 seria o segundo ano consecutivo em que o Banco Central não consegue cumprir a meta de inflação. Em 2021, a inflação de 10,06% ficou bem acima da meta de 3,75% ao ano.

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