Início » Diversidade » Justiça mantém condenação de mulher acusada de injúria racial; ‘sua macaca velha’
Justiça mantém condenação de mulher acusada de injúria racial; ‘sua macaca velha’
Manifestante levanta cartaz com os dizeres "racismo é um vírus", em protesto em São Paulo, em junho de 2020 (Felipe Beltrame/Getty Images)
Compartilhe:
27 de dezembro de 2022
Da Revista Cenarium*
SÃO PAULO – O Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP) manteve a condenação de uma mulher acusada por injúria racial no município de Araraquara, em São Paulo. A decisão foi da 5ª Câmara de Direito Criminal do TJ-SP.
O caso aconteceu em junho de 2020, quando a mulher encontrou com a vítima, com quem já havia se desentendido, em uma rua e disse: “o que você está fazendo aqui, sua macaca velha?”, segundo consta nos autos do processo. Com a situação, a vítima foi até a delegacia e voltou ao local acompanhada de um policial militar.
Ao ser questionada pelo policial, a acusada confirmou a ofensa e voltou a dizer os insultos mesmo na frente do agente. Conforme o depoimento do policial, ela disse: “chamei mesmo de macaca e vou chamar quantas vezes for necessário, sua macaca velha”. Com a decisão da Justiça, ela foi condenada em primeira instância por injúria racial com pena de um ano e dois meses de serviços à comunidade e prestação pecuniária.
PUBLICIDADE
Conforme o processo, a vítima, que trabalhava como auxiliar de limpeza escolar, relatou que é amiga da irmã da acusada e que elas se conhecem há mais de dez anos. Além disso, informou que elas já tinham trabalhado juntas e que se tratavam normalmente.
De acordo com o policial, a acusada teria se exaltado porque disse à vítima que ela não fosse à casa de sua mãe. Na data do ocorrido, a vítima estava no local e conversava com a irmã dela.
Em depoimento, a acusada negou que usou o termo “macaca velha” como uma ofensa racista e que teria usado a expressão para dizer que ela era “malandra”. Além disso, ela informou que não era racista por ser parda e filha de pai negro. Ela ainda disse que no dia dos fatos estava “bastante agitada e nervosa” e que faz uso de medicação controlada devido a problemas pessoais. No entanto, ela não apresentou nenhuma declaração médica que confirmasse essa informação.
Em votação unânime, a 5ª Câmara de Direito Criminal do Tribunal de Justiça de SP entendeu que as provas confirmam que a acusada não quis ofender a vítima apenas por causa de uma discussão, mas sim, com objetivo de “ofender e menosprezar a vítima em razão de sua cor e raça”, pelo fato de ela ter passado em frente à residência de sua mãe.
“Tanto que, na presença do policial militar, tornou a proferir insultos contra a vítima, inclusive, afirmando que repetiria a expressão ‘macaca’ quantas vezes mais desejasse fazê-lo. Logo, não há o que se cogitar em atipicidade da conduta”, argumentou o desembargador e relator do caso, Mauricio Henrique Guimarães Pereira Filho.
Na decisão, o magistrado também citou um trecho do parecer do Ministério Público de que a utilização da palavra “macaco” denota um insulto racial. O relator também destacou que, mesmo que o propósito da acusada tenha sido atacar a honra subjetiva da vítima, ela “empregou elementos discriminatórios baseados naquilo que, sociopoliticamente, constitui raça, para a violação, o ataque, a supressão de direitos fundamentais da ofendida”.
O voto foi acompanhado pelos desembargadores Pinheiro Franco e Tristão Ribeiro.
Os comentários são de responsabilidade exclusiva de seus autores e não representam a opinião deste site. Se achar algo que viole os termos de uso, denuncie. Leia as perguntas mais frequentes para saber o que é impróprio ou ilegal.
Este site usa cookies para que possamos oferecer a melhor experiência de usuário possível. As informações dos cookies são armazenadas em seu navegador e executam funções como reconhecê-lo quando você retorna ao nosso site e ajudar nossa equipe a entender quais seções do site você considera mais interessantes e úteis.
Cookies Estritamente Necessários
O cookie estritamente necessário deve estar ativado o tempo todo para que possamos salvar suas preferências de configuração de cookies.
Se você desativar este cookie, não poderemos salvar suas preferências. Isso significa que toda vez que você visitar este site, precisará habilitar ou desabilitar os cookies novamente.