‘Kiriku – a lenda do menino guerreiro’: espetáculo da cultura afro-brasileira estreia neste sábado, 8

A peça teatral será exibida no Facebook e Youtube (Divulgação/Internet)

Bruno Pacheco – Da Revista Cenarium

MANAUS – O espetáculo “Kiriku – a lenda do menino guerreiro” estreia neste sábado, 8, a partir das 20h, em Santa Maria, no Estado do Rio Grande do Sul. Por conta da pandemia, a peça teatral não contará com a presença do público e será exibida virtualmente no Facebook e YouTube. A encenação é inspirada na lenda do recém-nascido guerreiro que salvou a aldeia de uma feiticeira, mas ganha um novo significado com as mitologias presentes na cultura afro-brasileira e gaúcha.

A história de Kiriku é conhecida mundialmente, ganhando a produção de um filme em 1998. A lenda do menino africano inspirou espetáculos teatrais traduzidos para mais de 50 países. Nessa sexta-feira, 7, o diretor e produtor da peça, Marcos Caye, contou à REVISTA CENARIUM que “Kiriku – a lenda do menino guerreiro”, montada em 2015, foi umas das primeiras peças voltadas para o público infantojuvenil com protagonismo de atores negros no Estado do Rio Grande do Sul. Em 2020, a peça foi contemplada pela Lei Aldir Blanc do governo do Estado.

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Espetáculo irá estrear neste sábado, 8, e será transmitido virtualmente (Divulgação/Redes Sociais)

Caye explica que o filme “Kiriku e a Feiticeira” serviu como ponto de partida para a escrita do roteiro da peça, mas a história foi adaptada ao contexto brasileiro, contando com referências estéticas afro-brasileiras, como contos, músicas, ritmos e danças. A principal e grande mudança no roteiro, destaca o diretor, ocorre no final da encenação. No filme, Kiriku se torna o homem e se casa com a feiticeira Karaba – após ele quebrar a maldição dela, o que para Marcos Caye transmite uma visão eurocêntrica e se resume aos contos de fadas da Disney. Na peça, o enredo é modificado.

Kiriku e a Feiticeira Karabá (Reprodução)

“Por se tratar de uma lenda africana, a visão não é eurocêntrica, mas uma outra perspectiva de mundo. Cruzando com as nossas vivências na cultura brasileira, dentro de culturas afro-religiosas, vimos que isso não cabia em nosso espetáculo, pois não se resumia a isto: em salvar a feiticeira para casar. Isso é um pensamento eurocêntrico vindo dos contos de fadas e essa foi a grande mudança do espetáculo para o filme”, salientou Caye.

Marcos Caye é o diretor e produtor da peça (Arquivo Pessoal/Reprodução)

O filme

No filme, o menino guerreiro Kiriku nasce em uma pequena aldeia africana, que é ameaçada pela temível feiticeira Karabá, que comanda a região muito antes do nascimento dele. A criança superdotada, ainda bebê, consegue andar, correr e falar. Ela decide, então, combater a bruxa ao lado do tio, que vai até a feiticeira pedir o fim das maldades. O tio, no entanto, não permite a presença do sobrinho, que se esconde no chapéu dele.

“Kiriku fala desde a barriga da mãe, pede para nascer e quando ele nasce, quer resolver o grande problema da aldeia, que é a feiticeira, só que ele não aceita as respostas vagas que as pessoas adultas dão para ele. Ele então busca na raiz o porquê da feiticeira ser má e como ele consegue resolver o problema da aldeia”, descreve o diretor Marcos.

Kiriku se casa com Karabá e vivem felizes para sempre no filme (Reprodução)

Ao longo da animação, dirigida por Michel Ocelot (1998), o pequeno vai em busca de medidas que ajudem a salvar a aldeia da feiticeira, até que ele descobre o real motivo da maldade de Karabá e consegue decretar o fim da maldição que assola a pacata comunidade, quebrando os feitiços feitos pela bruxa contra a aldeia. Ao final, Kiriku se casa com Karabá.

A peça

O projeto inicial da peça “Kiriku – a lenda do menino guerreiro” surgiu com a proposta de ser exibido em seis apresentações em seis comunidades quilombolas do Rio Grande do Sul. Contudo, a divulgação foi readequada ao contexto da pandemia do novo coronavírus e será lançada virtualmente, ficando disponível por tempo determinado nas plataformas digitais.

Divulgação da peça foi readequada ao contexto da pandemia do novo coronavírus e ela será lançada virtualmente (Divulgação)

“A pandemia se agravou, entramos em bandeira preta [nível de risco mais grave do Distanciamento Controlado contra Covid-19]. Todas as atividades ficaram bem restritas e tivemos que readaptar o projeto para o modo online e a peça é muito representativa, porque no início, quando a gente quis montar ela, a nossa ideia era colaborar a Lei 10.639, que institui o estudo da cultura e história africana e afro-brasileira dentro das escolas e instituições públicas. E o projeto nasce com esse intuito de elaborar um produto artístico para ser levado para o público infantil”, enfatizou.

Caye frisa que o espetáculo busca, ainda, a representatividade das crianças negras com o protagonismo de artistas negros no elenco da peça. “Nosso protagonista é a criança negra, justamente, se vê no espetáculo, se vê como protagonista, tanto que mais de 50% do elenco é negro”, finalizou.

Para acompanhar a estreia online do espetáculo, acesse no Youtube.

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