Líderes da indústria no Amazonas veem impacto positivo em nova política do setor

Trabalhadores de fábrica do Polo Industrial de Manaus (PIM) (Divulgação/Honda)
Valéria Costa – Da Revista Cenarium

BRASÍLIA (DF) – Lançada no início desta semana na capital federal, a Nova Indústria Brasil (NIB) é a aposta do Governo Lula para retomar a industrialização do País e o protagonismo do setor a nível nacional, num projeto ousado, com metas até 2033 e investimentos da ordem de R$ 300 bilhões. A política é bem vista por entidades e lideranças estaduais do Amazonas.

O Estado concentra parcela considerável da indústria nacional num parque fabril com mais de 400 empresas no âmbito da Zona Franca de Manaus (ZFM). Para o titular da Superintendência da Zona Franca de Manaus (Suframa), Bosco Saraiva, a iniciativa é “absolutamente necessária” para o Brasil, principalmente, para o Polo Industrial de Manaus (PIM) e para a economia da região.

“É preciso que o Estado brasileiro ofereça meios para que a indústria nacional tenha elevada sua participação na economia do País, sobretudo, após o período da pandemia, em que houve a necessidade de uma grande reordenação da cadeia de suprimentos, elevação dos custos de produção e perda de capacidade de consumo das famílias. A Nova Indústria Brasil abre uma excelente perspectiva para a indústria brasileira, particularmente, para o Polo Industrial de Manaus”, ressaltou o dirigente.

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O superintendente da Suframa, Bosco Saraiva (Reprodução/Câmara dos Deputados)

Saraiva destaca, ainda, que dentro da nova política industrial as empresas baseadas na ZFM vão ter a oportunidade de alavancar novos investimentos por meio de recursos com custos de financiamentos mais atraentes, sobretudo, se consideradas as taxas de juros praticadas para essa finalidade que, segundo ele, ainda estão em nível elevado.

O superintendente ressalta, também, que dentro das metas estabelecidas na nova política industrial, elas se encontram aos objetivos da produção fabril, na Amazônia, que podem promover transformações importantes no perfil da indústria amazonense, como o estímulo à transformação digital, à bioeconomia e à transição e segurança energética. “Nessa perspectiva, nossa avaliação é de que a política industrial terá um impacto positivo considerável para a competitividade da indústria local”, acrescentou.

Crescimento econômico

Em artigo divulgado à imprensa, o diretor-superintendente e presidente emérito da Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (Abit), Fernando Valente Pimentel, afirmou que a proposta do governo com a nova política industrial é decisiva para a retomada do crescimento do País.

“Que [a nova política] ascenda ao patamar da economia de renda alta, promova inclusão social em larga escala e proporcione mais bem-estar à população. Afinal, a indústria tem o maior fator de multiplicação dentre todos os segmentos, com índice de 2,15 pontos. Ou seja, cada real investido na atividade gera R$ 2,15 na economia. Por tudo isso, as entidades de classe do setor têm defendido sua modernização e fortalecimento como prioridade nacional”, destaca o executivo.

O presidente da Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (Abit), Fernando Valente Pimentel (Arquivo/Abit)
Liderança ativa

O Centro da Indústria do Estado do Amazonas (Cieam) vê a proposta da nova política industrial como uma ferramenta que pode trazer uma série de benefícios à indústria local e ao que se produz no Polo Industrial de Manaus (PIM).

A entidade participou, ativamente, na construção desse texto com representantes em quatro grupos de trabalho dentro do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC) em 2023.

À ocasião, segundo nota do Cieam enviada à REVISTA CENARIUM, a entidade teve voz ao apresentar e defender as características e peculiaridades da região amazônica, na logística e necessidade de infraestrutura, até tecnologias de interesse para a soberania nacional, investimentos em tecnologia e inovação e matrizes energéticas sustentáveis. “Isso demonstra que a Zona Franca de Manaus tem lideranças ativas e capazes”, diz trecho da nota.

Vista aérea da Zona Franca de Manaus (Reprodução/Yeko Photo Studio)

Os coordenadores do Cieam que participaram dos grupos de trabalho no MDIC, Augusto César Rocha, Mariana Barrella, Ronaldo Gerdes e o presidente do Conselho Superior, Luiz Augusto Rocha, representaram a entidade na missão industrial do Conselho Nacional de Desenvolvimento Industrial (CNDI/MDIC), realizada em Brasília, no compartilhamento de ideias que contribuíram para a formulação de uma nova política industrial inserida no Novo Brasil Mais Produtivo.A entidade também terá uma presença significativa nos futuros Encontros Internacionais do CNDI.

Realista e viável

Vice-presidente da Federação das Indústrias do Estado do Amazonas (Fieam), Nelson Azevedo destaca o empenho do governo federal e, em particular, do vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin, em inserir o PIM entre os atores principais de suas diretrizes administrativas.

“Por isso, expressamos um posicionamento positivo em relação à Nova Indústria Brasil. Destacamos que a iniciativa é realista e viável, estruturada para enfrentar desafios atuais e revitalizar a indústria nacional”, enfatizou o empresário.

Azevedo acrescenta, ainda, que quem “leva em conta o reconhecimento da Zona Franca de Manaus como um ator destacado da política industrial brasileira, desde a primeira hora, merece nossa confiança e apoio à Nova Indústria Brasil como um passo importante para o desenvolvimento industrial do País, sem comprometer a estabilidade fiscal”.

O vice-presidente da Federação das Indústrias do Estado do Amazonas (Fieam), Nelson Azevedo (Reprodução/Fieam)

Membro do Conselho Superior do Cieam, Azevedo elencou à CENARIUM pontos importantes desta proposta de neoindustrialização apresentada pelo governo federal:

Revitalização da Indústria: A política visa reanimar o setor industrial brasileiro, incentivando investimentos em tecnologia e inovação. A Confederação Nacional da Indústria (CNI), por sua vez, também vê essa abordagem como um caminho para melhorar a competitividade do Brasil no cenário global;

Abordagem Holística: As questões abordadas não se limitam a um segmento específico, mas englobam a indústria e a economia como um todo. Isso inclui aumento da produtividade, digitalização, descarbonização dos processos produtivos, ampliação das exportações e qualificação profissional;

Contexto Internacional: A iniciativa é comparada com políticas industriais de grandes economias como os EUA, União Europeia, Reino Unido e Japão. Estas nações destinaram trilhões para o desenvolvimento industrial, com foco em industrialização verde;

Financiamentos e Impacto Fiscal: O plano prevê financiamentos de R$ 300 bilhões (cerca de US$ 60 bilhões) até 2026, com impacto fiscal adicional zero. Isso indica uma gestão financeira que não aumenta os gastos públicos além do orçamento previsto;

Incentivo à Manufatura e Agregação de Valor: Há uma ênfase na necessidade de desenvolver manufaturas e agregar valor às commodities agrícolas e minerais do Brasil, promovendo empregos com impacto socioeconômico significativo;

Política Industrial Moderna: A Nova Indústria Brasil é vista como necessária, adequada e viável, e que se opor a ela seria contrário ao desenvolvimento do País e da ZFM;

Linhas de Crédito e Custo de Financiamento: Destaca-se a importância do Plano Mais Produção, oferecendo linhas de crédito acessíveis num contexto onde o Brasil tem um dos custos de financiamento mais altos do mundo;

Foco em Inovação e Tecnologia: Assim como o Brasil se tornou uma potência agroindustrial investindo em inovação e tecnologia, a nova política industrial segue na mesma direção, mas com foco na indústria.

Leia mais: Seca no Amazonas impactou indústria e implicou R$ 1,4 bilhão de custos extras às empresas
Editado por Adrisa De Góes
Revisado por Adriana Gonzaga
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