Louvor e churrasco: manifestação em frente ao CMA desrespeita decisão judicial

Manifestação em frete ao CMA neste feriado da Proclamação da República (Ricardo Oliveira/Revista Cenarium)
Alita Falcão e Ívina Garcia – Da Revista Cenarium

MANAUS — Mesmo com a decisão da Justiça Federal para que providências imediatas fossem tomadas para cessar as diversas irregularidades no ato antidemocrático que acontece desde o dia 2 de novembro em frente ao Comando Militar da Amazônia (CMA), na zona Oeste de Manaus, neste feriado da Proclamação da República, 15, o que se viu foi um verdadeiro ‘festival’ de desrespeito à ação judicial.

Churrasqueiras obstruindo as calçadas, carros estacionados em fila dupla, lixo acumulado em via pública e até ‘paredão’ de som que tocava louvores e hinos nacionalistas. A reportagem da REVISTA CENARIUM esteve no local e flagrou as ilegalidades e foi hostilizada pelos manifestantes que tentavam impedir o registro da imprensa.

Churrasqueiras “tomavam conta” das calçadas em frente ao CMA (Jander Souza/Revista Cenarium)

Em uma das ocasiões, a reportagem tentou registrar a presença de um rapaz vestido de presidiário com uma máscara do atual presidente Lula que estava sendo conduzido para fora do manifesto por apoiadores. Desde o início, nos grupos bolsonaristas a regra é não envolver políticos nos atos, para diminuir a chance de parecer pedido de golpe, considerado crime, segundo a Constituição.

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Em outro momento, o fotógrafo da REVISTA CENARIUM foi abordado por dois homens, que estavam filmando com celulares a abordagem, eles pediam para que não fossem feitos registros. No local, os homens estavam acompanhados de outras mulheres e algumas crianças, sendo uma delas ainda de colo, visivelmente recém-nascida. A equipe não registrou a presença do Conselho Tutelar.

Por volta das 14h30, a movimentação já era intensa e apenas dois policiais militares acompanhavam o manifesto, a pelo menos dez metros dos portões do CMA. Perguntados pela reportagem sobre reforço, os policiais informaram que no momento só havia quatro oficiais em exercício.

Horas mais tarde, policiais de motocicletas, dois agentes do Departamento Estadual de Trânsito do Amazonas (Detran) e policiais militares do Batalhão de Policiamento de Trânsito (BPTran) chegaram ao local. A manifestação dos grupos de extrema-direita é motivada pela derrota do atual presidente Jair Bolsonaro (PL). Eles não aceitam o resultado das urnas, que elegeu Luiz Inácio Lula da Silva (PT), com 50,90% dos votos válidos (60.345.99).

Leia mais: Ministério Público Federal instaura procedimento para investigar atos antidemocráticos no Amazonas

Decisão Judicial

Neste feriado, a juíza federal do Amazonas Jaiza Maria Pinto Fraxe deferiu liminar acatando parcialmente pedido do Ministério Público Federal (MPF) e impôs regras aos manifestantes, entre elas, a de não fazer apologia a crimes, não praticar poluição sonora, não gerar transtornos no trânsito, não usar pessoas em desenvolvimento (crianças e adolescentes) como membros da manifestação e não praticar crimes de furto de energia elétrica.

A juíza afirmou, ainda, que realizará inspeção in loco para verificar se as medidas determinadas foram cumpridas pela União, governo do Estado e Prefeitura de Manaus. A multa diária, para cada um, é de R$ 10 mil. “Fica expressamente consignado que realizarei inspeções judiciais em estado de plantão“, afirma.

Veja a decisão na íntegra:

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