Manaus vai fixar Centro Internacional de Polícia da Amazônia, diz Lula

Adrisa De Góes – Da Revista Cenarium

MANAUS (AM) – O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) disse que o governo federal vai implantar, em Manaus, o Centro de Cooperação Policial Internacional da Amazônia, a fim de reprimir a criminalidade na região amazônica. O anúncio foi feito na tarde deste sábado, 8, durante o encerramento da Reunião Técnico-Científica da Amazônia, na Universidade Nacional da Colômbia, em Letícia, cidade que faz divisa com Tabatinga (a 1.107 quilômetros da capital amazonense), no extremo oeste do Amazonas.

O mandatário do País afirmou ainda que, se para a criminalidade as fronteiras não são um obstáculo, a política de combate aos crimes ambientais e povos amazônicos vai partir do sistema de Justiça brasileiro. Lula disse que é preciso intensificar ações de prevenção, bem como de investigação e enfrentamento aos infratores. “Com esse enfoque, em breve estabeleceremos o Centro de Cooperação Policial Internacional da Amazônia, na cidade de Manaus”, detalhou Lula em discurso transmitido nas redes sociais.

“Todos sofremos com a presença de criminosos envolvidos na extração de madeira, no garimpo e na caça e pesca ilegais na criminalidade de terras públicas. Na ausência do Estado, o narcotráfico se espalha e se torna vetor de crimes ambientais. Os povos indígenas, como os Yanomami, são vítimas da exploração ilegal de suas terras. Nossos jovens no campo, na floresta e nas cidades são presas fáceis para facções criminosas que crescem nas prisões de florestas”, disse.

Em repressão à criminalidade na Amazônia, Lula ressaltou que o Poder Público tem o papel de proteger a propriedade intelectual e extirpar a biopirataria na região, a fim de resguardar o patrimônio genético e dos conhecimentos tradicionais. Para o presidente, também é necessária a criação de um sistema de controle de tráfego aéreo integrado, essencial para desarticular a rota utilizada pelo crime organizado.

Proteção de meninas e mulheres amazônicas

Durante o discurso, o mandatário do Brasil destacou que o governo federal vai atuar com foco na proteção de meninas e mulheres da região amazônica, a fim de resguardá-las da exploração nas mais diversas formas das quais são vítimas.

“A violência de gênero e a exploração sexual não podem ser toleradas e as lideranças femininas têm que ser escutadas. Quem protege a Amazônia merece ser protegido. Se a floresta está de pé, hoje, é, em grande medida, graças aos povos indígenas, às comunidades tradicionais e aos defensores e defensoras da causa ambiental. Nomes como Chico Mendes, irmã Dorothy Stang, Bruno Pereira e Dom Phillips são emblemáticos nesse histórico de violência que aflige a Amazônia brasileira”, declarou Lula.

Reunião técnico-científica

O presidente Lula viajou à Colômbia a convite do presidente Gustavo Petro para partipar do encerramento da Reunião Técnico-Científica da Amazônia. No encontro, aconteceram as negociações entre os países da Organização do Tratado de Cooperação Amazônica (OTCA) composta por Bolívia, Brasil, Colômbia, Equador, Guiana, Peru, Suriname e Venezuela.

As nações debateram a declaração conjunta a ser adotada para a Cúpula da Amazônia, que acontece em Belém, no Pará, nos dias 8 e 9 de agosto. O documento pevê ações para o desenvolvimento sustentável da Amazônia, como a proteção do bioma, inclusão social, fomento de ciência, tecnologia e inovação, estímulo à bioeconomia e valorização dos povos indígenas e seus conhecimentos tradicionais.

Lula e Petro também trataram de temas da agenda bilateral dos países. Entre os assuntos abordados esteve o comércio, investimentos e cooperação em defesa e segurança.

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