Maranhão: prefeito de cidade ‘engolida’ por crateras diz que poder público foi negligente

As voçorocas avançam sobre área residencial de Buriticupu, no Maranhão. (Mauricio Marinho/ Reuters)
Marcela Leiros – Da Revista Cenarium*

MANAUS – O prefeito do município Buriticupu, distante 310 quilômetros de São Luís, capital do Maranhão, João Carlos Teixeira (Patriota), afirmou a uma emissora local, na segunda-feira, 10, que as erosões que “engolem” pouco a pouco a cidade foram causadas pelo Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) e que houve negligência do poder público na contenção das voçorocas.

Buriticupu entrou em calamidade pública por causa das voçorocas, fenômenos geológicos em que se formam fendas no solo, de formas mais ou menos regulares, com a possibilidade de se tornarem gigantes. Segundo as autoridades maranhenses, algumas fendas chegam a medir 600 metros de extensão e 70 de profundidade.

Vista aérea mostra um buraco criado por deslizamentos de terra nos últimos anos. (Mauricio Marinho/ Reuters)

No município, há 26 erosões de grande porte. Vinte e sete famílias precisaram ser deslocadas das áreas de riscos e a prefeitura busca recursos para construir 250 moradias populares.

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O prefeito João Carlos Teixeira salientou que quatro erosões de grande porte foram provocadas por obras do Dnit nas margens da BR-222, que liga Fortaleza, no Ceará, a Marabá, no Pará, passando pelo Piauí e Maranhão. Teixeira acrescentou, na entrevista, que gestores antes dele não tomaram providências. “Muitos já passaram, muitos prometeram, mas, infelizmente, não fizeram nada. Isso provocou que essas erosões se avançassem tanto”, disse.

Realocados

As crateras avançaram nas últimas semanas devido às fortes chuvas que atingem o Maranhão, desde o início de março. Segundo o prefeito, as 27 famílias foram realocadas para aluguéis sociais, e a Prefeitura de Buriticupu vai inserir mais 220 famílias. Posteriormente, há a intenção da construção de um conjunto habitacional para alocar os moradores.

Ainda de acordo com João Carlos, a prefeitura vai precisar construir 18 km de sistema de drenagem, um investimento de R$ 54 milhões. A construção do residencial para abrigar quem morava em áreas de risco também terá um custo elevado.

A gente tem trabalhado em sinalização, em tirar essas famílias de área de risco, obras de pequeno porte de drenagem, porque Buriticupu é uma cidade que tem 28 mil habitantes, mas não tem um metro de drenagem profunda, o que faz que as águas se canalizem para esses pontos de deságue e provoquem esses pontos de erosão. Hoje, a gente trabalha em um projeto técnico de drenagem pluviais para tirar as águas desse ponto e poder conter essas erosões“, afirmou.

As crateras avançaram nas últimas semanas devido às fortes chuvas que atingem o Maranhão. (Marinho Drones/ Instagram)

Emergência no Maranhão

O Estado do Maranhão decretou situação de emergência em 64 municípios. Em todo o Estado, nove rios, além de riachos e açudes, transbordaram, deixando comunidades inteiras isoladas. Cerca de 35.900 famílias foram afetadas pela elevação das águas e ao menos 7,7 mil pessoas estão desabrigadas ou desalojadas. Desde março, seis mortes foram registradas por causa das fortes chuvas.

No domingo, o presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), sobrevoou áreas alagadas nas regiões de Babacau e Trizidela e Pedreiras, no Estado. Nas redes sociais, ele publicou um vídeo em que aparece dentro de um helicóptero.

Sobrevoando as áreas atingidas pelas fortes chuvas na região do Maranhão. Visitarei também a cidade de Bacabal e conversarei com prefeitos e autoridades locais para atuarmos contra essa crise”, disse em sua conta, no Twitter.

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O presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), sobrevoou áreas alagadas no Maranhão, no domingo, 9. (Reprodução/ Twitter)

A reportagem procurou o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes, mas até a publicação desta matéria não obteve retorno.

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