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Maués: a história da ‘Terra do Guaraná’ em fragmentos fotográficos
A exposição desnuda em fotografias a história de uma das cidades mais charmosas e bonitas do interior do Amazonas (Cris Ferreira/Divulgação)
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22 de março de 2023
Mencius Melo – Da Revista Cenarium
MANAUS – Acontece até o dia 18 de abril, na Casa Faraco, em Maués (distante 267 quilômetros de Manaus) a exposição fotográfica “Maués Fragmentos”, da fotógrafa amazonense Cris Ferreira. A amostra é resultado do Programa Cultura Criativa, via Lei Aldir Blanc e Prêmio Encontro das Artes do Governo do Estado do Amazonas e Fundo Nacional de Cultura. A exposição é composta por 37 fotografias, que foram feitas na técnica do cianótipo, um recurso inventado nos primórdios da fotografia.
A REVISTA CENARIUM entrevistou a artista para saber um pouco mais sobre a iniciativa. De acordo com Cris Ferreira, cujas raízes familiares, por parte de mãe, estão fincadas em Maués, contar a história em fotografia é sempre gratificante. “A ideia do projeto é registrar aspectos históricos de Maués, trazendo para a população a consciência do seu passado. Mostrar que a história está viva no dia a dia e que precisa ser preservada. Tudo isso, por meio de uma expressividade artística, tendo como veículo o cianótipo”, adiantou.
Cris explicou a técnica. “Utilizei o cianótipo, que é um processo fotográfico histórico, descoberto nos primórdios da invenção da fotografia, por John Herschel. Consiste em uma impressão de um negativo, por contato, utilizando químicos à base de ferro, sensibilizada pela luz ultravioleta que resulta em uma imagem azul e branca. Hoje em dia, parte do processo é digital, visto que o negativo fotográfico de grande formato não existe mais. Mas a impressão em papéis comuns, emulsionados manualmente ainda guardam a magia e a materialidade do passado”, destacou.
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Fotografia como herança
Cris conta a história de sua relação com a fotografia. “Considero que sou fotógrafa amadora há 35 anos, quando aprendi a usar uma câmera manual que herdei do meu pai. Desde aí, me encantei e mergulhei nesse mundo das imagens. Profissionalmente, trabalho há 15 anos com fotos infantis, de família e eventos. Recentemente, tenho me dedicado a trabalhos mais voltados para a expressividade”, explicou. Entre as influências, ela destaca um ícone. “Admiro muito o trabalho de Sebastião Salgado, é de uma beleza incrível, sensibilidade e perfeição. Vi, recentemente, no Museu do Amanhã, o trabalho dele sobre a Amazônia e fiquei encantada”, comentou.
A fotógrafa aproveita para avaliar o contexto de realizar um trabalho na região mais comentada do Brasil que é a Amazônia. “Falando sobre esse trabalho recente, posso dizer que existem muitas dificuldades devido às grandes distâncias que precisamos percorrer, em deslocamento, para obter imagens, mas ao mesmo tempo, se torna muito gratificante e prazeroso, pois vivenciamos o contato com a natureza, o acolhimento e a receptividade da população local”. Questionada sobre outros projetos, Cris adiantou: “Tenho vários trabalhos em andamento, inclusive, um novo projeto com cianótipos. Virão novidades em breve”, finalizou.
Biografia
Cris Ferreira é formada em artes plásticas pela Universidade Estácio de Sá. É pós-graduada em História da Arte, pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-RJ). É natural de Manaus, capital do Amazonas, e tem 52 anos. Entre as experiências na fotografia, Cris Ferreira participou da Exposição Coletiva de Aquarela e Fotografia, no Rio de Janeiro, fez ilustração de livro infantil e trabalhos como fotógrafa profissional no mercado amazonense.
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