Município do Amazonas lidera ranking de desmatamento no país

Desmatamento em Lábrea, município do sul do Amazonas (Victor Moriyama/Amazônia em Chamas)
Ívina Garcia – Da Revista Cenarium

MANAUS – O município de Lábrea, no sul do Amazonas, distante 852 quilômetros de Manaus, lidera o ranking nacional de desmatamento dos municípios, ultrapassando Altamira no Pará, campeão de desmatamento desde a primeira edição do Relatório Anual de Desmatamento (RAD). Os dados foram divulgados nessa segunda-feira, 12, pelo MapBiomas.

Segundo o mapeamento, a área desmatada no município chegou a 62.419 hectares em 2022, um aumento de 24% em relação ao ano anterior, quando foram registrados 50.245 hectares desmatados. O valor é quase mil hectares a mais que o segundo colocado, Altamira, que apresentou queda de 9% no apanhado, indo de 67.856 em 2021 para 61.446 em 2022.

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Desmatamento em Lábrea, município do sul do Amazonas (Victor Moriyama/Amazônia em Chamas)

Ao todo, mais da metade (62%) dos 5.570 municípios brasileiros tiveram pelo menos um evento de desmatamento registrado em 2022. Dessa metade (3.471 municípios), 50 deles foram responsáveis por 52% da área total desmatada no Brasil, sendo 17 deles localizados no Pará e oito no Amazonas, Estados campeões de desmatamento.

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Dentre os 50 municípios que mais desmataram em 2022, além de Altamira, apenas sete apresentaram queda no índice: Novo Progresso (PA), reduziu 37%; Rurópolis (PA), reduziu 28%; Aripuanã (MT), reduziu 24%; Trairão (PA), reduziu 17%; Nova Bandeirantes (MT), reduziu 16%; São Félix do Xingu (PA) reduziu 11% e Humaitá (AM) reduziu 10%.

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Área desmatada na rodovia Transamazônica, perto da cidade de Lábrea (Lalo de Almeida/Folhapress)

Entre os biomas mais afetados estão a Amazônia com 3.267 hectares desmatados por dia em 2022 e o Cerrado, com 1.807 hectares por dia. Segundo o mapeamento, o principal vetor que leva ao desmatamento no País é agropecuária, responsável por 95,7% do total de 2.057.250 ha de supressão de vegetação nativa.

O país apresentou aumento de 22,3% em 2022, em relação a 2021, sendo 76.193 alertas de desmatamento e 2.057.251 hectares desmatados no ano passado. Ao todo, desde que o relatório foi criado em 2019, foram reportados mais de 303 mil eventos de desmatamento, totalizando 6,6 milhões de hectares perdidos.

Imagem de sobrevoo na Floresta Nacional de Carajás, no Estado do Pará (Reprodução/TV Brasil)

Ações de Preservação

O mapeamento aponta ainda que a atuação no controle ambiental do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) e do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) até maio de 2023 atingiram apenas 2,4% dos alertas de desmatamento e 10,2% da área desmatada entre 2019 e 2022.

Entre as atuações levantadas pelo mapeamento estão autuações contra empresas e embargos realizados pelos órgãos de controle federais e estaduais. O percentual de alertas com autorizações e ações sobe para 9,7% e, em termos de área, chega a 35,5%. Entre os estados que apresentação maior atuação do pode público apenas um fica no bioma amazônico.

Os órgaos ambientais apresentaram ações no Espírito Santo (73,7% dos alertas no estado), Rio Grande do Sul (55,6%), São Paulo (40,3%) e Mato Grosso (37,3%). Já, por outro lado, os estados que menos tiveram ações foram Pernambuco (0,8%), Maranhão (1,6%) e Ceará (1,9%).

Veja o estudo completo:

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