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‘Não vejo como incentivo à homofobia’, diz vereador sobre ‘Dia do Orgulho Hétero’ em Cuiabá
O vereador Diego Guimarães. (Arte: Isabelle Chaves/ Cenarium)
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25 de dezembro de 2021
Iury Lima – Da Revista Cenarium
VILHENA (RO) – Foi durante a sabatina do programa “Roda de Entrevista”, da TV Mais, afiliada da TV Cultura em Mato Grosso, no último dia 22, que o vereador Diego Guimarães (Cidadania) fez contraditórias declarações para justificar seu posicionamento favorável à criação do “Dia do Orgulho Hétero”, em Cuiabá. “Não vejo como um ataque ou um fomento, ou um incentivo à homofobia. Não vejo dessa forma. Até porque, ali, na Câmara Municipal, existem muitas leis que são extremamente relevantes ao parlamento, e muitas leis que, aparentemente, talvez, não”, disse o parlamentar em resposta ao jornalista Pablo Rodrigo, um dos integrantes da bancada.
Pablo foi enfático, categórico e irônico ao indagar se o representante político já sofreu preconceito, se já foi ameaçado, apanhou ou foi vítima de violência em locais públicos, junto da esposa, por conta da orientação sexual. Em resposta, Guimarães reconheceu que nunca foi vítima de tais práticas violentas. “Eu nunca sofri nenhum tipo de preconceito por ser hétero, ou qualquer tipo de ameaça, ou qualquer tipo de violência por conta disso. Mas nem por isso eu deixaria de aprovar essa lei”, rebateu o vereador.
Em defesa da ‘família tradicional’
O Projeto de Lei que cria o “Dia do Orgulho Hétero” foi votado nesta semana, na última terça-feira, 21. Durante o primeiro turno, 15 dos 25 vereadores votaram a favor. No entanto, oito representantes não estavam presentes e quem presidiu a sessão não pôde votar. A única a se posicionar contra o projeto foi a vereadora Edna Sampaio (PT).
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“Na Câmara Municipal há as mais variadas linhas de pensamento e também ideológicas, ou então em defesa de posturas, seja para esquerda, seja da direita, seja a favor de uma minoria, seja a favor do entendimento do tenente-coronel Marcos Paccola (autor do Projeto de Lei) da necessidade da criação do Dia do Orgulho Hétero”, argumentou Diego Guimarães, em defesa do PL.
Já o autor do projeto, Marcos Paccola, deixou bem claro, por meio das redes sociais, o que entende como necessidade em criar a comemoração do “Orgulho Hétero”: a defesa da família tradicional brasileira, sustentando, como justificativa, o respeito à liberdade cultural, entre outras previsões da Constituição Federal. Disse ainda, em vídeo, e de maneira mentirosa, que o ativismo da população LGBTQIA+ “impõe o comportamento bissexual aos jovens”.
“Nós estamos assistindo a um movimento muito forte desse ativismo, que de maneira forçada, tenta trazer uma clara obrigatoriedade para que nossos jovens, para que nossas crianças tenham um incentivo ao comportamento bissexual (…) Então, nós acabamos assistindo a uma desestruturação que é, que nós sabemos, que faz parte aí, do ‘marxismo cultural’, que tenta destruir o modelo tradicional de família, o modelo conservador de família, aquele que está escrito na Bíblia”, afirmou.
“Eu não tenho nada contra, muito pelo contrário, tenho amigos, pessoas do meu convívio direto, de primeiro grau de relacionamento, que são homossexuais, mas não vejo motivo pelo qual nós sermos atacados ao ponto de estarmos ouvindo de crianças que elas não podem declarar seu orgulho de serem heterossexuais”, disse o político, de forma totalmente preconceituosa e confusa, ao confundir, por diversas vezes, “opção” com orientação sexual.
Nova apreciação
Após a primeira votação, a pauta voltaria ao Plenário da Casa no dia seguinte, em 22 de dezembro. No entanto, com pedido de vistas do vereador Adevair Cabral (PTB), o projeto só deve ganhar nova apreciação em 2022.
“Diante da repercussão que teve, diante do debate que teve, diante das cobranças que nós tivemos, eu não tenho nenhuma dificuldade de, caso tenha uma segunda votação, que eu vote contra. Não quero ofender, não foi minha intenção. Eu não vi todo esse problema”, disse ainda, o vereador Diego Guimarães ao jornalista Pablo Rodrigo.
‘Roda de Entrevista’
Além do jornalista do site Gazeta Digital, Pablo Rodrigo, estiveram na bancada de entrevistadores da edição mais recente do programa “Roda de Entrevista”, o jornalista do Portal RDNews, Jacques Gosch; a jornalista e assessora de imprensa, Ana Karla Costa e o analista político Roberto Bezerra. O programa vai ao ar toda quinta-feira, às 21h, com o comando do apresentador Cláudio Santos.
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