‘Nevasca do século’: após 61 mortos, EUA reduzem temor de inundações por degelo

Uma escavadeira retira neve acumulada em Buffalo, Estado de Nova York - (Joed Viera/AFP)
Da Revista Cenarium*

MANAUS – O número de mortos da histórica supertempestade de inverno que atingiu grande parte dos Estados Unidos na época do Natal aumentou para 61, disseram autoridades nesta quinta-feira, 29. Ao mesmo tempo, o risco do degelo da neve acumulada causar inundações vem se reduzindo.

Duas novas mortes foram apontadas no condado de Erie, no Estado de Nova York, onde fica a cidade de Buffalo, epicentro da tempestade. Pelo menos 39 pessoas morreram na região e o número provavelmente continuará subindo, segundo a principal autoridade do condado, Mark Poloncarz, em entrevista coletiva.

Uma escavadeira (à esq.) reúne e empilha neve que se acumulou em uma rua de Buffalo, no estado de Nova York, depois de uma grande tempestade
Uma escavadeira retira neve acumulada em Buffalo, estado de Nova York – Joed Viera/AFP

Entre os mortos, 4 foram encontrados dentro de seus carros, 11 em casas e 17 ao ar livre, afirmou. Segundo o jornal The New York Times, entre as vítimas na região estavam profissionais médicos tentando chegar em casa para o Natal; um homem que seria pai em breve e saiu para comprar leite; e outro homem, encontrado soterrado por um banco de neve, que morreu em seu aniversário de 56 anos.

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Com temperaturas subindo, as autoridades temiam que um degelo rápido pudesse causar inundações.”Felizmente, parece que a inundação será mínima. Há chances de inundação, mas parece que não será grave”, explicou Poloncarz.

A energia elétrica, outro problema que assolou a região, também foi restaurada em todas as residências.

A área em que está Buffalo, embora acostumada a invernos rigorosos do norte, foi duramente atingida pela tempestade. Houve forte nevasca, vento gelado e queda brusca de temperatura.

O mau tempo causou estragos, a ponto de, em muitos casos, as próprias equipes de resgate ficarem presas na linha de frente.

O frio foi sentido em maior ou menor intensidade em grande parte do país incluindo o Texas, no sul, e a Flórida, no sudeste, estados pouco acostumados a tais condições climáticas.A tempestade também causou graves transtornos nos aeroportos, com milhares de voos cancelados.

Kathy Hochul, governadora do estado de Nova York, chamou a tempestade de “nevasca do século” e comparou a situação do estado a uma zona de guerra. Buffalo, cidade a 600 km de Nova York, foi uma das localidades mais atingidas.

Culpa pelas mortes

Moradores das cidades mais afetadas pela nevasca agora tentam achar os responsáveis pelos desastres dos últimos dias. Segundo o Washington Post, a população do estado de Nova York se questiona sobre a demora do governo local em proibir que as pessoas saíssem de casa em meio à tempestade –um porta-voz da cidade de Buffalo disse que mais da metade das mortes ocorreu do lado de fora das residências.

O condado de Erie, por exemplo, emitiu uma proibição de viagem pouco antes das 9h de sexta, dando aos motoristas apenas 41 minutos de alerta. Nessa hora, segundo o jornal, várias pessoas já estavam no trânsito em direção ao trabalho. Ao menos 28 pessoas morreram no condado.

Em outra frente, aponta a reportagem, autoridades locais teriam minimizado a força da nevasca e presumido que já estavam prontas para esse tipo de situação. Erro de cálculo, ainda mais para um estado com uma equipe de emergência 10% menor do que no mês passado –problema causado por baixos salários e esgotamento. Em áreas rurais, muitos socorristas atualmente são voluntários.

Além disso, a população de Buffalo reclama da falta de vagas em abrigos. Muitos residentes vivem em prédios precários, e a falta de energia os deixou sem comida, aquecimento e água corrente desde sexta.

De acordo com o Serviço Nacional de Meteorologia, as condições para as tempestades de inverno e para o ciclone-bomba que derrubaram as temperaturas da costa leste, em Nova York, à fronteira com o México, no Texas, a leste, foram criadas na região dos Grandes Lagos, próximo ao Canadá. Lá, o ar gelado do Ártico se encontra com massas quentes do leste. Neste ano, porém, o fenômeno ganhou intensidade acima da média —algo que, segundo analistas, se deve também à crise climática.

(*) Com informações da Folhapress

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