No AM, ‘polarização ideológica’ e logística da Amazônia nas eleições são desafios, diz procurador de Justiça Eleitoral

O procurador de Justiça e coordenador do Centro de Apoio Operacional às Promotorias Eleitorais (CAO-PE), no Amazonas, Mauro Veras (Ricardo Oliveira/CENARIUM)
Marcela Leiros – Da Revista Cenarium

MANAUS – O procurador de Justiça e coordenador do Centro de Apoio Operacional às Promotorias Eleitorais (CAO-PE), no Amazonas, Mauro Veras, afirmou nesta terça-feira, 27, à REVISTA CENARIUM, que as eleições deste ano apresentaram uma “polarização ideológica” como nunca vista antes. A cinco dias do primeiro turno, o responsável por coordenar o pleito pelo Ministério Público do Amazonas (MP-AM) também falou dos desafios de garantir a lisura das eleições em um Estado da Região Amazônica.

O Centro de Apoio Operacional às Promotorias Eleitorais integra o MP-AM como um órgão auxiliar, neste caso, especializado em questões eleitorais. O primeiro turno das eleições acontece no domingo, 2, e o segundo turno está programado para 30 de outubro.

Para Veras, que coordena pela segunda vez o processo no Estado, o aspecto ideológico “inaugura” um novo marco no processo democrático do Brasil. “Esse problema da polarização sempre ocorreu, é claro que agora está mais aflorada em função do aspecto ideológico. Nunca se viu a polarização se cristalizar em termos de ideologia, o que a gente via antes era polarização em termos partidários”, disse.

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Mauro Veras chama de “polarização ideológica” o cenário político atual (Ricardo Oliveira/CENARIUM)

Ainda segundo o coordenador, a questão ideológica reflete na intensidade com que os eleitores buscam valorizar seu candidato, o que resulta, em alguns casos, em violência. Mas, segundo Veras, o objetivo é sempre garantir que o eleitor tenha plena liberdade de escolha.

“A gente tá na expectativa de que apesar da polarização que a gente tem visto, vai dar certo. Que o eleitor vai entender a importância, primeiro, dele comparecer, segundo, que ele vai estar seguro no depósito do seu voto, que nada vai acontecer, e que ele vai ter plena liberdade de escolha”, destacou.

Atuação no interior

De acordo com Mauro Veras, o Ministério Público recebeu, até o momento, em torno de 127 denúncias: 100 da capital e 27 do interior do Amazonas. A maioria trata de compra de votos e propaganda irregular e chegou ao órgão por meio da ouvidoria. O coordenador ainda enfatizou como será a atuação na capital e nos outros 61 municípios do Estado para coibir crimes eleitorais e até tirar dúvidas dos eleitores e mesários.

O procurador de Justiça e coordenador do Centro de Apoio Operacional às Promotorias Eleitorais (CAO-PE), no Amazonas, Mauro Veras (Ricardo Oliveira/CENARIUM)

“Inclusive, a gente estava conversando aqui pelo WhatsApp com os promotores. Eles estão já se preparando para, no dia, estarem fiscalizando as respectivas zonas, tanto na capital quanto no interior, com a necessidade de estar do lado do eleitor, ali na zona, para, eventualmente, tirar dúvida do eleitor ou do próprio mesário”, explicou.

Desafios da Amazônia

Veras enfatizou, ainda, que o maior desafio do órgão é a logística para levar os promotores a todos os municípios do Estado, assim como atender a todas as zonas eleitorais. Outro obstáculo, neste ano, será a diferença no horário de início e término das votações no Amazonas. O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) uniformizou o horário de votação no País, que na maior parte das cidades do Estado será das 7h às 16h. Nos municípios com fuso horário do Acre, as seções eleitorais serão abertas às 6h e encerradas às 15h.

“É outra dificuldade, porque o promotor está na sede, ele procura visitar as que estão mais próximas, não dá para visitar todas. Tem algumas que estão em comunidades indígenas, então, é difícil chegar lá e voltar no mesmo dia”, explicou.

“É uma situação que tem que ser bastante esclarecida, ainda mais para o interiorano, que tem que se deslocar da sua comunidade para votar, e às vezes leva tempo, então, ele pode estar achando que vai continuar podendo votar até as 17h, quando tem só até as 15h para votar. É outro desafio dessa eleição”, concluiu.

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