No Dia Mundial da Diversidade Cultural, representantes do setor no AM celebram conquistas

O presidente do Concultura, Tenório Telles (à esquerda) e a ativista cultural Michelle Andrews (à direita) (Montagem: Mateus Moura/Revista Cenarium)
Ívina Garcia – Da Revista Cenarium

MANAUS – Comemorado neste domingo, 21, o Dia Mundial da Diversidade Cultural para o Diálogo e o Desenvolvimento marca um período de lutas a favor da promoção social e da diversidade cultural. No Brasil, a cultura e a diversidade sofreram duros golpes após a extinção do Ministério da Cultura, durante o governo de Jair Bolsonaro (PL), em 2019. Agora, com o retorno da pasta sob comando da ministra Margareth Menezes, representantes e ativistas do setor celebram as conquistas até o momento.

Instituída pela Assembleia da Organização das Nações Unidas (ONU), em 2002, a data visa reafirmar a importância do respeito e da preservação da diversidade cultural que, em um País como o Brasil, é ainda mais plural e fundamental para o respeito das particularidades de cada região e microrregião.

Diversidade Cultural (Reprodução/Internet)

A reportagem conversou com representantes do setor cultural do Amazonas que ressaltaram a importância da data e fizeram reflexões sobre a diversidade do Estado. Para o escritor e atual presidente do Conselho Municipal de Cultura (Concultura), Tenório Telles, a cidade de Manaus vive um momento produtivo de estruturação cultural, com objetivo de promover a geração de renda a partir da economia criativa.

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“A premissa dessa nova realidade está no fato de que só por meio do fomento, planejamento e implementação de políticas, seja de governo ou oriundas da iniciativa privada, avançaremos na ampliação de oportunidades de trabalho e renda nesse segmento importante que se consolida como um novo motor da economia: a indústria criativa”, afirma o escritor.

Para ele, a arte permite uma nova construção sociocultural que se funda na diversidade, na conexão de falas, fazeres e sensibilidades culturais. “E esse novo fazer cultural colabora para o desenvolvimento e novos diálogos”, pontua.

Tenório Telles é presidente do Conselho Municipal de Cultura (Reprodução)

Essa data é essencial para garantir que nossa memória seja preservada de maneira sustentável e mostrar o quanto a diversidade é fundamental para uma sociedade mais harmoniosa, equilibrando conhecimentos e impulsionando a economia criativa“, afirma a produtora cultural e indicada para coordenar o Escritório Regional do Ministério da Cultura no Amazonas, Michelle Andrews.

Leia mais: Amazonas vai ter escritório estadual do Ministério da Cultura, afirma secretária da pasta

Para ela, a realidade cultural do Amazonas ainda é precária, mas tem chances de se desenvolver. “Tomando o exemplo do Amazonas, não temos escolas dedicadas ao ensino de línguas indígenas, museus ou espaços de intercâmbio cultural dedicados à diversidade. Ainda temos um longo caminho a percorrer para, realmente, respeitar o Dia Mundial da Diversidade Cultural“, lamenta.

O estado pode colaborar adotando políticas públicas voltadas para o turismo e a cultura. É necessário dialogar com o setor de turismo para criar programas que impulsionem essas potencialidades, além de trabalhar em cooperação com as prefeituras para identificar as necessidades de avanço e gerar renda“, avalia a produtora cultural.

Plano Municipal de Cultura

No último dia 15 de maio, a Câmara Municipal de Manaus (CMM) aprovou o primeiro Plano Municipal de Cultura (PMC). A partir desse documento, será possível traçar, para os próximos dez anos, estratégias que abrangem diversas frentes de desenvolvimento cultural, sem desperdiçar recursos destinados ao setor. Segundo Tenório Telles, o PMC de Manaus é um dos mais avançados do País no que tange a inclusão.

“Nosso Plano de Cultura aponta caminhos para o patrimônio cultural, para o turismo, a gastronomia e a valorização de nossa ancestralidade, com o reconhecimento de nossas populações indígenas, ao mesmo tempo em que destaca, igualmente, a importância das populações de origem africana, os ribeirinhos, bem como outros povos que fazem parte de nossa constituição social e histórica”, pontua.

Leia mais: Câmara Municipal de Manaus aprova primeiro Plano Municipal de Cultura

Segundo ele, a consequência dessas iniciativas e do PMC é o desenvolvimento socioeconômico que estimula investimentos em diversos setores sociais. “A condição para avançarmos em todos os níveis é que tenhamos políticas que garantam esse processo de construção de uma nova perspectiva histórica e cultural. Só assim conseguiremos assegurar as condições para termos uma sociedade em que o reconhecimento da diversidade deixe de ser um sonho para ser uma realidade”, diz.

“Compreender isso será vital para vivermos num mundo em que seremos reconhecidos não pelas nossas circunstâncias, mas pelo que somos e pelo que temos de melhor para contribuir com a construção de um futuro com mais tolerância”, conclui.

Parlamentares, membros do Concultura e artistas militantes da causa durante sessão na Câmara Municipal para debater o PMC (Oliveira Júnior/Manauscult)

Para Michelle, essa aprovação é essencial para o fomento da diversidade. “Espero muito que o poder público municipal faça diferente, entendendo que o Plano Municipal de Cultura é um ponto de partida e que precisa ser constantemente revisado e atualizado, conforme a realidade dos trabalhadores da cultura. É importante haver uma ampla participação e escuta para a elaboração e revisão desse plano“, diz, acrescentando, ainda, quais alternativas devem ser trabalhadas e como.

Buscar alternativas de programas para o turismo cultural, turismo comunitário e turismo ecológico sustentável é essencial. No entanto, para isso acontecer, é preciso ter vontade política e determinação para acelerar essas iniciativas. Sem isso, continuaremos enfrentando dificuldades e burocracias que limitam o desenvolvimento das políticas culturais e turísticas“, avalia.

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