No Egito, Culture COP destaca arte como indispensável para agenda climática

As deputadas federais Célia Xakriabá (à esq) e Sonia Guajajara, ambas do PSOL, participam do Culture COP, no Egito (Divulgação)
Da Revista Cenarium (*)

MANAUS — Durante a COP27 (conferência da ONU sobre mudanças climáticas), a rede global Climate Heritage Network lançou um manifesto que destaca o poder da cultura como aceleradora das ações climáticas.

O documento foi apresentado durante a Culture COP, um encontro de artistas, produtores culturais, povos indígenas e comunidades locais que ocorreu em paralelo à programação da conferência.

Além de mesas de debates, houve um set do DJ indígena Eric Terena e falas das deputadas federais Sônia Guajajara (PSOL-SP) e Célia Xakriabá (PSOL-SP).

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Grupo musical se apresenta no evento Culture Cop, no Egito
Grupo musical Aragid Nubian Dance se apresenta no evento Culture COP, no Egito – Culture COP/Divulgação

O evento foi codirigido pela advogada e ativista britânica Farhana Yamin, uma das principais articuladoras do Acordo de Paris.

Na abertura do evento, Yamin afirmou ser preciso ocorrer uma mudança de paradigma, exigindo que as dimensões culturais da ação climática sejam priorizadas na ciência, na política e no planejamento.

Para a advogada, um dos momentos mais marcantes da programação foi o encontro de beduínos com lideranças indígenas da Amazônia no deserto do Sinai. O evento contou com comida local, música, troca de presentes e contação de histórias ao redor de uma fogueira.

Alice Aedy, cofundadora e CEO da Earthrise, estúdio dedicado a comunicar a crise climática de forma criativa, afirmou ser necessário redefinirmos quem são considerados hoje produtores culturais.

“Na última COP, por exemplo, os eventos mais importantes e mais inspiradores dos quais participei foram com as vozes que estão na linha de frente, que são desproporcionalmente afetadas pela crise climática, que falam sobre as experiências vividas e sua relação com a terra.”

Aedy acredita que a política é influenciada pela cultura, e afirma que a Culture COP não foi construída para ser anti-COP. Na verdade, suas agendas devem ser integradas.

“Eu admiro muito o trabalho que acontece aqui na COP27, é incrivelmente importante, mas não podemos ter um local como o que estamos agora desprovido de cultura, quase sem oxigênio, fisicamente e metaforicamente”, diz.

“Estamos discutindo uma política global que vai produzir mudanças profundas no mundo, e a cultura também precisa de um lugar nessas discussões.”

Alison Tickell, fundadora e CEO da Julie’s Bicycle, que participou da concepção da Culture COP, lembra do relatório lançado por sua empresa na COP26, em Glasgow.

“Nesse trabalho, descobrimos que apenas um Ministério da Cultura incluiu a meta do Acordo de Paris em sua política cultural, que é o da Argentina”, afirma Tickell.

Ela reconhece que começam a haver mudanças, e usa como exemplo o trabalho do Arts Council, que usa o relatório ambiental como um requisito para todas as organizações que financia.

“Você pode imaginar como as conferências seriam diferentes se a cultura tivesse a oportunidade de fazer parte da programação?”, questiona Tickell.

O projeto Planeta em Transe é apoiado pela Open Society Foundations.

(*) Com informações da Folhapress

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