Número de vítimas de seita do ‘fim do mundo’ no Quênia ultrapassa 400

Agentes de segurança do Quênia em vala comum em Shakahola, perto da cidade costeira de Malindi, onde autoridades encontraram corpos de seguidores de seita do 'fim do mundo' - (Yasuyoshi Chiba - 25.abr.23/AFP)
Da Revista Cenarium*

MANAUS – O balanço do massacre de Shakahola —como vem sendo chamado o caso de uma seita evangélica no Quênia que levava seus fiéis a jejuarem para “encontrar Jesus”— subiu para 403 mortos nessa segunda-feira, 17, após a descoberta de mais 12 corpos enterrados na região.

As autoridades esperam que essa cifra aumente ainda mais, já que as buscas por valas comuns em uma ampla área do litoral queniano continuam quase três meses depois da descoberta dos primeiros corpos.

A polícia afirma que os mortos eram de seguidores da Igreja Internacional das Boas Novas, liderada pelo autodenominado pastor Paul Mackenzie. Ex-taxista, ele está preso desde 14 de abril e é acusado de terrorismo. Além dele, outras 16 pessoas são suspeitas de atuar como vigias para que nenhum fiel interrompesse o jejum ou escapasse da floresta de Shakahola, localizada perto da cidade de Malindi.

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Segundo as investigações, Mackenzie instruía seguidores a deixarem de comer para entrar no céu em 15 de abril —data em que, segundo ele, o mundo acabaria. O caso ganhou notoriedade no final daquele mês, quando autoridades encontraram dezenas de corpos, a maioria de crianças, enterrados em Shakahola.

Dias depois, autópsias revelaram a ausência de órgãos nos corpos das vítimas. O texto menciona tráfico de partes humanas num esquema “bem coordenado, com participação de vários atores”.

No início deste ano, o autointitulado pastor já havia sido preso sob suspeita de ter assassinado duas crianças por fome e sufocamento. Posteriormente, porém, foi liberado e, segundo seus seguidores, voltou para a floresta e antecipou a data que previu para o fim do mundo de agosto para abril.

As autópsias realizadas até agora revelaram que a maioria dos óbitos foi causada por desnutrição. Alguns dos mortos foram, no entanto, estrangulados, agredidos ou asfixiados —incluindo menores de idade. O ministro do Interior anunciou que a floresta de Shakahola será declarada um memorial.

No mês passado, a Justiça do país abriu processos contra 65 fiéis que se recusaram a comer depois de serem retirados da floresta por tentativa de suicídio —no país, tentar tirar a própria vida é crime punível com até dois anos de prisão, multa ou ambas as punições.

A iniciativa foi criticada por ONGs como a Comissão Nacional de Direitos Humanos do Quênia, que a caracterizou como “inadequada” e argumentou que ela “traumatizará os sobreviventes em um momento em que precisam desesperadamente de compreensão”.

(*) Com informações da Folhapress

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