Ondas de calor ameaçam tornar regiões do mundo inabitáveis, alerta Organização da Nações Unidas

Recordes de temperatura foram registrados em países de diferentes regiões do mundo, neste ano (Robert Caplin/NYT)
Com informações do Infoglobo

GENEBRA – Regiões inteiras do mundo podem se tornar inabitáveis nas próximas décadas devido às ondas de calor cada vez mais frequentes e intensas, alertou a ONU e a Federação Internacional da Cruz Vermelha (FICV), em relatório publicado nesta segunda-feira, 10. O documento pede atenção ao fenômeno para que se evite um grande número de mortes.

Divulgado a menos de um mês da COP27, a cúpula da ONU sobre o clima, que será realizada em novembro no Egito, o relatório enfatiza que, em razão da atual evolução do aquecimento do planeta, “as ondas de calor podem atingir e ultrapassar os limites fisiológicos e sociais” dos humanos nas próximas décadas, especialmente, em regiões como o Sahel, entre o Saara e a savana, África, e o Sul e Sudeste da Ásia.

De acordo com o documento, existe um limite no nível de exposição a condições de calor e umidade extremos que as pessoas conseguem suportar. Caso seja ultrapassado, as sociedades humanas não serão capazes de se adaptar. Essas condições provocarão “sofrimento em grande escala e perda de vidas humanas, movimentos populacionais e agravamento das desigualdades”, alertaram as organizações.

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Entre todos os fenômenos climáticos que colocam em risco a sobrevivência humana nos territórios em que há estatísticas disponíveis, as ondas de calor são consideradas o perigo mais mortal, afirma o relatório.

Todos os anos, milhares de pessoas morrem pelas ondas de calor, um fenômeno que se tornará cada vez mais mortal à medida que as mudanças climáticas se acentuam, informam Martin Griffiths, chefe do Escritório das Nações Unidas para a Coordenação de Assuntos Humanitários (OCHA), e Jagan Chapagain, secretário-geral da FICV.

As ondas de calor causaram algumas das catástrofes mais mortais já registradas. O relatório relembra quando o fenômeno atingiu a Europa, em 2003, e deixou mais de 70 mil mortos. Em 2010, a catástrofe climática também abalou a Rússia, deixando mais de 55 mil mortos.

De acordo com o documento, os especialistas esperam que as taxas de mortalidade ligadas ao calor extremo sejam muito altas, “comparáveis, em magnitude, a todos os cânceres até o final do século”.

‘Assassino silencioso’

Este ano, regiões e países inteiros do Norte da África, Austrália, Europa, Sul da Ásia, Oriente Médio, China e Oeste dos Estados Unidos viram os termômetros marcarem temperaturas recordes.

O relatório afirma que o calor extremo é um “assassino silencioso”, cujos efeitos se amplificarão, criando imensos desafios para o desenvolvimento sustentável do planeta e novas necessidades humanitárias.

“O sistema humanitário não tem os recursos para resolver sozinho uma crise de tamanha magnitude. Já carecemos de fundos e recursos para responder a algumas das piores crises humanitárias deste ano”, destacou Griffiths durante a entrevista coletiva de apresentação do documento.

A organização destacou a necessidade de grandes investimentos, urgentes e sustentáveis, a longo prazo, para mitigar o impacto das mudanças climáticas e contribuir para a adaptação das populações dos países mais vulneráveis. Ambas insistiram na importância de reconhecer os limites da adaptação humana ao calor extremo.

Segundo um estudo citado no relatório, o número de pessoas pobres vivendo em calor extremo nas áreas urbanas aumentará em 700%, até 2050, especialmente, na África Ocidental e no Sudeste Asiático.

Algumas medidas, como o aumento dos sistemas de ar-condicionado, além de caras, consomem muita energia e não são viáveis a longo prazo porque elas próprias contribuem para as mudanças climáticas.

Se as emissões de gases de efeito estufa não forem reduzidas, “agressivamente”, o planeta enfrentará “níveis de calor extremo inimagináveis, hoje”, enfatizaram as organizações.

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