Organizações ambientais entram com processo no Tribunal Penal Internacional por crimes contra a humanidade na Amazônia

A ação foi movida em conjunto pelas organizações ambientais, Climate Counsel (Australia), Greenpeace Brasil e o Observatório do Clima (Reprodução/Reuters)
Da Revista Cenarium

SÃO PAULO – Nos últimos 10 anos, houve mais de 12 mil conflitos por terra ou água na Amazônia, de acordo com uma comunicação apresentada ao Ministério Público no Tribunal Penal Internacional (TPI). A ação movida em conjunto pelas organizações ambientais, Climate Counsel (Australia), Greenpeace Brasil e o Observatório do Clima, fornece evidências de que uma rede organizada de políticos, servidores públicos, policiais, empresários, entre outros criminosos, realizaram ataques generalizados e sistemáticos na região amazônica contra usuários de terras rurais e os povos indígenas. Os abusos são equivalentes a crimes contra a humanidade.

De acordo com Richard J Rogers, diretor-executivo do Climate Counsel: “Os crimes cometidos na Amazônia, contra comunidades vulneráveis, ​​são massivos, difundidos, sistemáticos e bem orquestrados por uma rede de pessoas influentes e poderosas. Sua política de expropriação, exploração e destruição promove a violência em uma escala que equivale a crimes contra a humanidade”.

Os crimes, que incluem assassinato, perseguição e atos desumanos, foram executados em prol de uma política organizacional para facilitar a desapropriação de terras, a exploração de recursos naturais e a destruição do meio ambiente, independentemente da lei. As evidências mostram que entre o período de 2011 a 2021, os conflitos no campo resultaram em 430 assassinatos, 554 tentativas de assassinato, 2.290 ameaças de morte, 87 casos de tortura e mais de 100 mil expulsões ou despejos. Entre as vítimas estão os povos indígenas, membros de comunidades tradicionais, entre outros grupos vulneráveis ​​que tiveram as suas terras exploradas para fins lucrativos, por meio de um ataque generalizado contra suas vidas e meios de subsistência.

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O advogado do Greenpeace Brasil e do Observatório do Clima, Paulo Busse, acrescenta: “Os ataques à Floresta Amazônica e suas comunidades tradicionais atingiram níveis extremos sob o governo Bolsonaro. Se a Amazônia é para ajudar a salvar o mundo do aquecimento global letal, os crimes em massa contra aqueles que protegem a floresta tropical devem cessar.”

O secretário executivo do Observatório do Clima, Márcio Astrini, diz: “A Amazônia representa mais da metade do território brasileiro. Hoje essa área está nas mãos do crime organizado. Desmantelar essas quadrilhas, que foram incentivadas e empoderadas durante o governo Bolsonaro, e punir esses criminosos é uma tarefa urgente à nossa frente.”

A ação também é acompanhada pela plataforma online Brazil Crimes, desenvolvida pela INTERPRT, que hospeda depoimentos de sobreviventes, provas fotográficas, reconstruções em 3D de cenas de crimes, visualizações de dados, análise de imagens de satélite e dados de desmatamento.
A comunicação também tem o apoio da Comissão Pastoral da Terra, Instituto Zé Cláudio e Maria, Global Witness e Greenpeace Internacional.

*Com informações da assessoria

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