Para celebrar 70 anos, artista amazonense lança exposição com memórias da infância e juventude

A exposição do artista plástico Otoni Mesquita é uma revisita aos primórdios de sua produção criativa da infância e aos primeiros passos na juventude. (Reprodução/Ascom/Ufam)
Mencius Melo – Da Revista Cenarium

MANAUS – O artista plástico e historiador amazonense Otoni Mesquita lançou na última quinta-feira, 9, no Centro de Artes da Universidade Federal do Amazonas (Caua/Ufam), localizado na Rua Monsenhor Coutinho, 724, Centro, a exposição “Retrospectiva Otoni Mesquita: Primeiro Caderno da Infância e Algumas Páginas da Juventude”. A exposição, que representa uma volta ao passado e aos primeiros passos do artista, vai até o final de março de 2023 e está aberta a visitação de segunda à sexta-feira, das 8h até 12h, e das 13h às 16h.

Em entrevista à CENARIUM, Otoni Mesquita comentou que na infância ganhou o primeiro caderno, dado por um vizinho, no qual fez os primeiros desenhos.

“Quando eu era criança, eu era compulsivo em desenhar, aí tinha um vizinho que se chama Pedro Vieira e gostava dos meus desenhos e me deu esse primeiro caderno. Eu tinha uns quatro anos e passei a fazer registros de objetos domésticos, animais, personagens de contos infantis como ‘Alice no País das Maravilhas’, o coelho, as pastorinhas, a Cinderela, personagens do festival folclórico… era tudo misturado”, recordou.

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O artista disse ainda que não tinha compreensão do que era ser artista e o que era a arte, mas sentia necessidade de desenhar. Ele vai completar 70 anos e esta é a primeira exposição retrospectiva em comemoração à nova idade.

“Me davam um papel e eu simplesmente desenhava. Esse caderno, minha mãe guardou e me devolveu quando eu voltei do curso de Belas Artes. Eu tinha 30 anos de idade quando ela me devolveu e é o elemento mais antigo da minha produção artística. Essas são as referências à primeira exposição retrospectiva dos meus 70 anos”, comentou.  

Professor, historiador, artista, “eterno estudante” e crítico, Otoni Mesquita é conhecido pelo trabalho artístico (Reprodução/Michael Dantas-SEC)

Imaginação

Quanto às inspirações infantis, Otoni comentou que não sabe dizer o que imaginava, exatamente, mas que lembra de trabalhar com personagens femininas e bíblicos. “Lembro do baile da Cinderela, a Alice também, tinha o cão da Pastorinha, Joanita Banana. Então, não tinha muita noção, mas recordo também das rainhas que me encantavam muito. Trabalhei muita a imagem feminina e personagens da história sagrada como Moisés”, relembrou o artista.

À reportagem, Mesquita relembrou de quando queimou todo o seu material. “Quando eu tinha uns treze, quatorze anos, eu queimei tudo! Eram uns cadernos, anotações e até músicas e textos que eu escrevia. Não sei se minha mãe salvou alguma coisa no momento ou se ela já tinha guardado antes. Lembro que tinham até coisas de moda. Talvez eu fosse estilista”, lembrou com humor.

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Inquieto, Otoni Mesquita tem uma larga produção com inúmeras exposições que marcam as fases criativas do artista amazonense (Reprodução/Manart)

A exposição mostra um pequeno pedaço da vida do artista de 1970 até o início dos anos 1980. Ele mencionou ainda sobre a arte produzida em uma fase mais madura, quando estava no Rio de Janeiro, onde teve experiências na pinacoteca e no curso de Jornalismo.

“A partir do segundo semestre de 1980 eu entro no período de formação e aí vem muita coisa, como as gravuras, e tem as exposições que eu vinha a Manaus e expunha. A partir de 1984, minha produção entra em período mais experimental e vai até o final dos anos 1990. Eu quero também expor essa produção, só não sei se tenho pique para isso”, adiantou, com bom humor.

Biografia

Otoni Moreira de Mesquita nasceu no município de Autazes, no Amazonas. É artista plástico, professor aposentando da Universidade Federal do Amazonas (Ufam), jornalista, escritor e historiador. Reside em Manaus desde o ano de 1955.

O artista começou a desenhar ainda criança e realizou sua primeira exposição em 1975. Foi graduado pela Escola de Belas Artes da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), em 1983. Otonia Mesquita é um dos mais produtivos artistas plásticos do Amazonas e considerado uma referência para a nova geração de artistas do Estado.

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