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Para fortalecer cultura indígena, jovem Sateré-Mawé faz ‘tatuagens’ com grafismos no AM
Pintura corporal de Amadeu Sateré, em Manaus. (Ricardo Oliveira/Revista Cenarium)
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10 de junho de 2021
Marcela Leiros – Da Revista Cenarium
MANAUS – No Parque das Tribos, o primeiro bairro indígena de Manaus, o jovem Amadeu Sateré, de 16 anos, tem as mãos sujas de tinta de jenipapo e cria, sentado no chão, mais uma das suas pinturas corporais. O adolescente, da etnia Sateré-Mawé, já se acostumou a ter as mãos manchadas pela tinta que dura 20 dias quando fixada na pele. O interesse pelo grafismo surgiu há 7 anos, quando do início da ocupação do bairro, e desde então se tornou para o jovem mais uma oportunidade de manifestar e fortalecer as diversas culturas dos povos indígenas.
O grafismo é uma forma de expressão que pode ser manifestada de várias formas, como nas cestarias e nas cerâmicas. O jovem Amadeu expressa essa arte fazendo “tatuagens temporárias”, com o produto feito de jenipapo, na pele de quem desejar ficar marcado. À CENARIUM, o estudante contou mais sobre a importância do grafismo na representação cultural das etnias e o que significa, para os povos indígenas, ter a pele pintada.
“Eu conheci o grafismo em 2014, aí me especializei e tive a vontade de querer aprender mais sobre o grafismo. Então, por meio do grafismo, eu aprendi mais sobre outras culturas indígenas, não só a minha. O grafismo é uma identificação. A pessoa sem o grafismo se sente muito insegura. Com o grafismo é como se tivesse uma força, como se fosse um escudo para críticas e opiniões contra os indígenas, então usamos mais para fortalecimento”, contou Amadeu.
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Sagrado
De acordo com Amadeu, cada etnia pode ser representada por uma pintura corporal com características específicas, o que torna possível a identificação e também a diferenciação entre os povos. As pinturas corporais representam ainda a sacralidade e a proteção espiritual diante das adversidades. Em momentos de conflitos, os indígenas se pintam com a tinta e os grafismos para se sentirem fortalecidos, como conta a também moradora do Parque das Tribos, Luciana Munduruku.
“Para minha etnia, para o meu ovo, a pintura é sagrada, é nossa proteção espiritual. A gente tem outra pinturas, quando a gente vai para guerra, pintura quando a gente vai para festa, pintura quando tem uma apresentação”, contou ela.
“Nossa intenção é expor nossa etnia, nossa cultura, por meio do grafismo. Isso para mim é um privilégio de poder mostrar o grafismo, de mostrar mais sobre a minha cultura e sobre as outras culturas. Por isso, sempre tem que ter alguma crítica, a gente tem que ser resistente”, pontuou ainda Amadeu Sateré.
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