Pavimentação da BR-319 pode implicar na devastação de 170 mil km quadrados de floresta

Estudo indica que pavimentação pode trazer consequências graves a floresta (Reprodução/Internet)

Náferson Cruz – Da Revista Cenarium

MANAUS – Um estudo publicado pelo Centro de Sensoriamento  Remoto (CSR) e Laboratório de Gestão de Serviços Ambientais (Lagesa) da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), sobre o alcance do desmatamento previsto para 2050 decorrente da pavimentação da BR-319, que liga Manaus a Porto Velho, prevê a impactante devastação de 170 mil quilômetros quadrados de floresta no entorno da rodovia.

Além disso, 40 unidades de conservação, 6 milhões de hectares de terras públicas e 50 terras indígenas estariam ameaçadas pelo empreendimento que abrirá as veias dessa maciça porção de floresta a grileiros.

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De acordo com os especialistas da CSR, Britaldo Soares Filho e Juliana Leroy Davis, as emissões acumuladas de CO2 também mais que quadruplicariam, alcançando 8 bilhões de toneladas, o equivalente à emissão de 22 anos de desmatamento na Amazônia com base na taxa de 2019.

Foram considerados dois cenários para a região até 2050. O primeiro não inclui a pavimentação da estrada e assim mantém a média dos últimos cinco anos do desmatamento no Amazonas (1.150 km anuais). O segundo, conforme Raoni Rajão, da Lagesa, inclui a pavimentação da rodovia e decorrentes fluxos migratórios, expansão agrícola e ocupação de terras. Logo, as taxas de desmatamento nessas condições são altas, atingindo 9,4 mil km² por ano em 2050.

Para avaliar as consequências ambientais e econômicas desse desmatamento foram calculadas as emissões de gases efeito estufa (CO2), bem como a perda de serviços ambientais, especificamente a regulação de chuvas pela floresta Amazônica, .

Isolamento

A BR-319 foi pavimentada nos anos 70 para reduzir o isolamento de Manaus no Estado do Amazonas. No entanto, foi abandonada em 1988 por se tornar intransitável. Desde então, discute-se a sua repavimentação, a qual foi recentemente anunciada como prioridade do governo Bolsonaro a fim de “promover a trafegabilidade durante todo o ano e garantir o funcionamento de serviços essenciais”.

Se sua pavimentação beneficia comunidades locais, por outro lado, traz grandes consequências negativas ao meio ambiente e à economia brasileira. Para estimar o impacto dessa pavimentação, foi feita uma análise utilizando-se o modelo ‘SimAmazonia’. Esse modelo integra variáveis do meio físico, infraestrutura, dinâmica demográfica, ordenamento territorial e governança ambiental para simular o desmatamento.

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