Pela primeira vez, Funai será presidida por uma mulher indígena; ‘Desafio aceito’

Joenia Wapichana e o presidente eleito Lula (Ricardo Stuckert/Reprodução)
Da Revista Cenarium*

BRASÍLIA – A deputada federal Joenia Wapichana (Rede-RR) será a próxima presidente da Funai (Fundação Nacional do Índio). Ela se reuniu com o presidente eleito Lula na tarde desta sexta-feira, 30, e aceitou o convite.

“Tem muitas prioridades porque a Funai foi bastante desmantelada, sucateada, houve muita falta de investimento, principalmente, relacionado a não demarcação e à invasão de terras indígenas, que aumentou muito, e à violência, que se acentuou”, disse Wapichana.

Até as eleições de 2022, ela era a única mulher indígena eleita no Congresso, e apenas a segunda representação indígena na história do Parlamento brasileiro. A primeira, foi há 40 anos, com a eleição do xavante Mário Juruna (1943-2002), eleito pelo Estado do Rio de Janeiro no PDT.

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Nesta sexta, Joenia estava acompanhada de diversas lideranças indígenas, entre elas, o Cacique Raoni, líder histórico dos povos indígenas brasileiros.

Raoni afirmou que pediu a Lula que sejam feitas indicações de indígenas para os órgãos indigenistas do governo federal. Como exemplo, ele citou a Secretaria de Saúde Indígena (Sesai), do Ministério da Saúde.

Em entrevista à Folha, Guajajara afirmou que o Ministério dos Povos Indígenas começará com cerca de 140 servidores e contará com três secretarias, uma de promoção territorial, uma de gestão e outra de articulação institucional.

Wapichana foi uma escolha de Lula. Ela também era cotada para assumir o Ministério dos Povos Indígenas, que acabou com Sonia Guajajara, também por decisão do presidente diplomado, como antecipou a Folha.

A estrutura, inclusive, causou ruído dentro do movimento indígena. Publicamente, lideranças criticaram a escolha e defenderam que Wapichana, que vai deixar a Câmara dos Deputados neste ano, fosse ministra e Guajajara, que foi eleita deputada federal, seguisse no Legislativo.

Guajajara afirmou que entendia como normal a reação.

Dias antes da escolha de Guajajara, Wapichana teve reuniões com integrantes do PT, inclusive, com a presidente Gleisi Hoffmann, e ainda acreditava ter chances de assumir a pasta.

Mas já nesta quinta-feira, 29, dia do anúncio oficial de Lula, as duas compareceram juntas ao evento.
O movimento indígena também vinha, internamente, articulando outros nomes para a chefia da Funai — e, agora, essas lideranças devem acabar assumindo cargos dentro do ministério ou na fundação.

Nesta semana, o presidente escolhido por Bolsonaro para a Funai, Marcelo Xavier, foi exonerado.
No cargo desde 2019, ele foi o pivô da saída do indigenista Bruno Pereira do órgão.

Bruno Pereira e o jornalista britânico Dom Phillips, que estava em uma viagem para escrever um livro, foram assassinados no Vale do Javari em junho deste ano. Bruno e os indígenas da região rastreavam crimes em andamento nas terras protegidas do vale e tinham sido ameaçados de morte.

(*) Com informações da Folhapress
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